“Em 2018, vamos resgatar o Brasil para os brasileiros”, diz Haddad à Record News

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O candidato à vice-presidência pela coligação “O povo feliz de novo”, Fernando Haddad, participou ontem (04/09) de uma entrevista com Heródoto Barbeiro e com o colunista Domingos Fraga, na Record News. O político afirmou mais uma vez que vai defender o direito do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ser candidato até o último recurso, no Brasil e no exterior. “Temos uma liminar da ONU dando direito a Lula de concorrer às eleições. Temos que esgotar todos os recursos internamente para que a ONU chegue a julgar o mérito oportunamente. Não podemos abrir mão desses recursos, em nome da história do Brasil”.

Haddad reafirmou a importância de defender o projeto do PT para o próximo governo, uma vez que, atualmente, o país sofre com a volta da fome, do desemprego e com o desmonte de políticas sociais pelo governo Temer. ”Nós temos que defender nosso projeto, defender a liderança do Lula para sair dessa situação. E a compreensão do povo é crescente. Veja o que aconteceu com Lula de abril para cá. Ele aumentou 15% na intenção de votos, sem abrir a boca. Só com a militância, que leva ao conhecimento da sociedade o que está acontecendo no Brasil. O que é o governo Temer, os direitos que estão sendo sonegados e o projeto que nós representamos”.

O ex-ministro lembrou que o projeto de desenvolvimento do país foi interrompido, quando a oposição não aceitou os resultados das eleições de 2014 e passou a sabotar o país, derrubando a presidenta eleita Dilma Rousseff. “Nós temos uma vocação democrática. Não devemos aceitar algo diferente da liberdade de você escolher quem será o próximo presidente. Com toda a sabotagem, a nossa vida piorou. Mais insegurança, mais gente na rua, mais gente com fome, mais desempregados. Por 13 anos, governamos um país que estava dando certo. Nós precisamos resgatar esse projeto tão bem encarnado pelo presidente Lula e que representou tantos avanços sociais no Brasil. Vamos resgatar o Brasil para o brasileiro, devolver nosso país ao nosso povo”.

Haddad comentou o bom desempenho que obteve no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), nos seis anos que assumiu o Ministério da Educação. “Eu criei o Ideb e estabeleci uma meta para cada dois anos até 2022. Durante minha gestão, cumpri todas as metas em todas as etapas do ensino médio e fundamental”, afirmou. Uma situação bem diferente da atual, quando nenhum dos estados brasileiros atingiu a meta de 2017 para o ensino médio, como mostrou o estudo divulgado nessa segunda-feira (03/09). O ministro da Educação de Lula lembrou os feitos de sua gestão, quando inaugurou 126 campi universitários e 214 escolas técnicas no Brasil. “Criamos o piso nacional do magistério. Criamos o maior programa de concessão de bolsas para o ensino superior, que é o Prouni. No nosso governo, colocamos 400 mil crianças com deficiência dentro da escola”, listou Haddad alguns dos programas de grande sucesso dos governos Lula.

Durante a entrevista para a Record News, Haddad falou dos planos do PT para sair da crise. Para ele, uma das primeira providências será uma reforma bancária, uma intervenção regulatória para que se aumentem os impostos de bancos que praticarem juros altos. “Com isso, vamos forçar os bancos a diminuírem as taxas de juros. Porque não adianta limpar o nome no SPC para, daqui a um mês, o nome estar lá de novo. Porque o banqueiro não vai colocar a mão na consciência, mas no bolso para pagar imposto, se não diminuir os juros”.

Sobre a reforma tributária, Haddad afirmou que o PT colocou em seu plano de governo um dispositivo novo no debate sobre o tema: a União vai garantir a transição. “Estamos tão convictos do nosso projeto que vamos garantir em lei que nenhum estado ou município vai perder receita real na transição. É o IVA combinado com taxação de distribuição de dividendos e isenção de IR de quem ganha até cinco salários mínimos”, explicou.

No campo, o político disse que o plano do PT é criar o ITR (Imposto Territorial Rural) progressivo. “Se a pessoa tem a terra improdutiva, o imposto sobre essa terra vai crescer, ao longo do tempo, até atingir uma determinada produtividade. Isso vai obrigá-lo a produzir alimentos. Outra coisa: se alguém desmatar uma área de preservação, enquanto não reflorestar, vai pagar ITR progressivo. Quando reflorestar, volta o imposto original. Com isso, vamos garantir alimento e o fim do desmatamento. Outra coisa: o ITR vai ser utilizado para desapropriação de terra improdutiva para a reforma agrária”.

O ex-ministro falou sobre os planos de governo do PT em relação à regulação da mídia. “Uma mesma família não pode mandar na TV e na rádio de maior audiência e no jornal de maior circulação, simultaneamente. Por quê? Porque fere um princípio democrático. Não é assim na Alemanha, na França, em Portugal, na Inglaterra e nos Estados Unidos. É preciso haver pluralidade de vozes na mídia”, disse. Haddad também apontou o plano Banda Larga para Todos, nos moldes do Luz para Todos, democratizando o acesso à internet.

Na segurança pública, o PT pretende federalizar a investigação de alguns crimes, sobretudo, os que são ligados a organizações criminosas. Segundo Haddad, será criado um departamento da Polícia Federal com um contingente novo para combater as organizações criminosas. Dessa forma, os estados poderão concentrar forças para investigar crimes como homicídio, feminicídio, roubo, estupro e para proteger os cidadãos.

“O crime que transbordou as fronteiras do estado passa a ser de competência da União. O PCC, por exemplo. O governo de São Paulo não deu conta do PCC. O PCC cresceu e ficou mais forte do que o governo do estado. Então, não adianta pedir para os governos dos estados do Nordeste ou do Centro-Oeste a combater uma organização que é nacional. Vamos puxar para nossa responsabilidade”, disse.