Em Nova Erechim (SC), Lula reforça seu compromisso com a agricultura familiar

Compartilhar:

A caravana Lula Pelo Sul visitou na manhã deste domingo (25) uma propriedade de agricultura familiar solidária na cidade catarinense de Nova Erechim. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tomou café preparado por dona Justina Pandolfo e conversou com a família dentro da habitação do Minha Casa Minha Vida Rural. Durante a conversa, o ex-presidente ouviu os problemas que a produção de leite no oeste catarinense vem enfrentando e perguntou sobre os programas de auxílio ao pequeno produtor, como Pronaf e PAA. O que ouviu foi um resumo da desconstrução dos programas criados desde 2003.

A família de Eleandro Pandolfo tem 12 vacas leiteiras na propriedade, cada uma produzindo uma média de 16 litros por dia. “Na região, 14 produtores já desistiram. Os programas que mantinham as famílias produzindo e na terra desde 2003 já não existem mais. Não tem como a gente seguir se a produção custa R$ 0,90 e vendemos o litro a R$ 0,68”. E Eleandro explica: “dizem pra gente que o preço de venda caiu porque está chegando muito leite do Uruguai e da Argentina, mas o que eu acho mesmo é que o povo não tem mais dinheiro e parou de consumir”. 

A história é um resumo do ciclo vicioso que acontece com a destruição das políticas sociais de apoio ao pequeno produtor – e também ao trabalhador – em todo país. O consumidor não compra, o produtor não contrata, a empresa não produz, o salário diminui e a economia encolhe.

Depois da visita à propriedade, Lula falou para cerca de 500 agricultores da região e de entidades do Fórum de Entidades da Agricultura Familiar do Oeste de Santa Catarina. 

Crédito e apoio à agricultura familiar

Dirceu Dresch, deputado estadual por Santa Catarina, lembrou a história de lutas do movimento. “Antes de 2003, 92% dos agricultores não tinham acesso a crédito no Sul. Nós éramos tratados como excluídos. Tínhamos uma salinha no Ministério da Agricultura, que eles chamavam de secretaria, e só diziam pra gente que a agricultura familiar não tinha futuro. Que a gente tinha que deixar a propriedade e virar mão de obra barata. Mas elegemos esse companheiro e ele criou o Ministério do Desenvolvimento Agrário, que mudou tudo isso e deu crédito e apoio à agricultura familiar. E hoje estão acabando com isso de novo”. 

O jovem Jean Maldaner entregou a Lula uma cópia de seu diploma e agradeceu ao presidente pela criação da Universidade Federal da Fronteira Sul, onde ele se formou em agronomia.

Em sua fala, Lula reforçou seu compromisso com a agricultura familiar: “Contem comigo nessa batalha. Nenhuma empresa multinacional vai chupar o sangue de vocês”. E advertiu: “Qualquer governo deveria saber que é muito barato cuidar das pessoas de bem. É muito caro cuidar das pessoas que não prestam”.

Desmonte dos programas sociais 

Para Lula, “se nós aprendemos uma coisa, foi a cuidar do povo”. O ex-presidente se disse muito frustrado ao saber que muitos de seus programas estão descontinuados ou não funcionam mais. “Em 1992 eu conheci uma senhora que vendia produtos caseiros maravilhosos, mas só na cidade dela, porque não tinha certificado para vender pra fora”. Quando assumiu o governo, Lula fez uma lei para permitir a venda de produtos artesanais pelo país, logicamente depois de uma inspeção sanitária, “afinal, estamos lidando com a saúde das pessoas”. Lula se disse surpreso ao saber que a lei não foi colocada em prática, porque algum burocrata de terceiro escalão, pressionado pelos grandes produtores, coloca impedimentos ao funcionamento da lei. “Precisamos recriar o MDA e construir uma nova regulamentação para que isso seja possível”.