“Não me acusam, insultam; não me combatem, caluniam, e não me dão o direito de defesa. Precisam sufocar a minha voz e impedir a minha ação, para que eu não continue a defender, como sempre defendi, o povo e principalmente os mais humildes.”
– Getúlio Vargas, em sua carta-testamento. O monumento em meio à Praça XV de Novembro leva gravado as últimas palavras escritas por ele.
O terceiro dia da etapa Sul da caravana Lula pelo Brasil foi carregado de simbolismo. Acompanhado da presidenta eleita Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva visitou nesta quarta-feira (20) o Mausoléu de Getúlio Vargas, na cidade de São Borja, no Rio Grande do Sul.
Em meio ao ato, impossível não traçar um paralelo entre as histórias de Lula e Dilma à de Getúlio e, posteriormente, Jango. Todos vítimas da perseguição de uma elite inconformada com a ascensão dos direitos da classe trabalhadora. Tanto Lula quanto Dilma lembraram em seus discursos as vitórias de Getúlio na defesa ao trabalhador, materializadas na criação da Consolidação das Leis de Trabalho (CLT). A perseguição a Jango e a resistência de Brizola contra a tentativa de golpe também foram relembradas pelos ex-presidentes.
Na chegada à cidade, a caravana foi hostilizada por uma minoria fascista, que logo se dispersou em meio a uma multidão aglomerada para receber os ex-presidentes. “Estou com vergonha de uma parte da população do Rio Grande do Sul que, como fascistas, queriam impedir que a gente viesse prestar essa homenagem a Getúlio Vargas em São Borja. Eu vim aqui num gesto de paz. É uma vergonha as pessoas destruírem todo o esforço que Getúlio fez pela dignidade do trabalhador neste país”, afirmou Lula.
“Fico pensando qual o motivo do ódio dessa gente. E chego à conclusão que a elite deste país nunca entendeu a necessidade da evolução das pessoas mais pobres. Não aceitam que a filha de uma empregada possa frequentar a mesma faculdade de seus filho”, resumiu o ex-presidente, perante uma praça lotada por gaúchos de todo o estado.
A presidenta eleita Dilma Rousseff destacou que os golpistas de ontem e de hoje se confundem entre si. “Os golpistas da época de Getúlio são os mesmos que hoje usam os tratores que eu e Lula financiamos, usam recursos do povo brasileiro, para protestar contra nós”, ressaltou.
Resistência à continuação do golpe
Lula destacou que seguirá resiliente na luta em defesa do direito de ser candidato e que não abre mão de “consertar o país” outra vez. “Eu quero que eles saibam: a gente vai voltar e quando voltar vamos revogar as desgraceiras que eles estão fazendo neste país”, avisou.
Caravana pelo Sul
Mais cedo, Lula visitou o Instituto Federal Farroupilha, campus São Vicente do Sul, onde foi recebido pela direção e por centenas de estudantes. No total, nos governos Lula e Dilma, foram inaugurados 43 campi dos três Institutos Federais gaúchos.
Nesta quinta-feira (21), a caravana chega a Palmeira das Missões e Cruz Alta.
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