Número brasileiros com dívidas alcançou novo recorde em abril: 77,7% das famílias estão endividadas. São 12,67 milhões de lares afetados. Esse patamar não é visto desde o início da série histórica, em 2010. Os dados são da Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Desde abril de 2021, o crescimento foi de impressionantes 10,2 pontos percentuais. A menor taxa já registrada (54%) foi em junho de 2010, no governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Falta de emprego, ausência de políticas de controle da inflação, salários não reajustados com percentuais que cubram as perdas, e presidente e ministro da Economia totalmente descolados da realidade da população que governa. O resultado dessa equação é o empobrecimento da população e a profusão de famílias endividadas.
A inadimplência – quando há contas em atraso – atingiu 28,6% dos lares brasileiros em abril. Mais de 11 pontos acima da taxa de 17,5, de fevereiro de 2015, no governo da presidente Dilma, a menor já registrada. Atualmente, 10,9% das famílias afirma que não tem dinheiro nem perspectiva de pagar as contas.
Levantamento do Serasa aponta que a dívida total alcançava, em fevereiro, R$ 260,7 bilhões – R$ 2 bi a mais do que abril de 2020, auge do lockdown. O valor médio da dívida por pessoa chegava a R$ 4 mil.
Famílias endividadas em todas as faixas de renda
Em abril de 2021, 67,5% das famílias brasileiras estavam endividadas, 24,2% dos lares tinham contas em atraso e 10,4% afirmavam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas. Todos os números pioraram: em abril de 2022, são 77,7% de famílias endividadas, 28,6% de inadimplentes e 10,9% sem perspectivas de sanar as dívidas. Esse cenário acontece em todas as faixas de renda investigadas.
Entre as famílias que ganham menos de 10 salários mínimos, 68,6% dos lares estavam endividados há um ano, em abril de 2021, índice que passou a 78,6% em abril deste ano. Entre as famílias mais abastadas, que ganham mais de 10 salários mínimos, o endividamento cresceu ainda mais rapidamente, passando de 63,1% em abril de 2021 para 74,5% em abril de 2022, um aumento de 11,4 pontos percentuais.
Entre as famílias de menor renda, o indicador de contas ou dívidas atrasadas destacou-se ao alcançar 31,9% das famílias desse grupo, o maior nível histórico.
Hoje, 88,8% das pessoas se endividaram no cartão de crédito, apontando que o endividamento está crescendo essencialmente no consumo de curto prazo: as pessoas fazem dívidas para pagar compras de supermercado, que mostra que itens básicos para uma sobrevivência digna se tornaram os vilões do bolso da população.
A resposta do governo não passa pela reversão desse cenário. De olho na reeleição, o presidente Jair Bolsonaro anunciou um “pacote de bondades” insuficiente que inclui saques de até R$ 1 mil do FGTS, antecipação do 13º para aposentados e pensionistas e ampliação da margem de contratação de crédito consignado a beneficiários do Auxílio Brasil e do Benefício de Prestação Continuada. A medida eleitoreira pode custar ainda mais caro ao bolso do trabalhador, que já está com a corda no pescoço. Enquanto isso, no Congresso, o governo se recusa a atender a proposta da oposição de elevar o Auxílio Brasil a R$ 600.
O Brasil de Lula e do PT: pleno emprego, valorização do salário mínimo e recorde do PIB per capita
A solução para essa situação desesperadora exige comprometimento com o povo e trabalho, itens que faltam a Bolsonaro, e foram centrais nos governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Sila e do PT.
Lula e Dilma implementaram uma série de medidas para manter o poder de compra e evitar o empobrecimento do trabalhador. O desemprego atingiu os níveis mais baixos da história, chegando à situação de pleno emprego. Em 2014, a taxa de desemprego chegou a 4,8%, a menor já registrada. Com Bolsonaro, a taxa no trimestre encerrado em julho de 2021 ficou em 13,7%, ou 14,1 milhões de pessoas. Além disso, o rendimento real habitual do trabalhador sofreu queda de 8,8% em comparação com julho de 2020. O valor ficou em R$ 2.508 no trimestre encerrado em julho.
Entre 2002 e 2010, o PIB cresceu em média 3,7% ao ano, mesmo sob influência da crise financeira internacional de 2008. O PIB per capita cresceu à média de 2,4% ao ano, e alcançou o maior valor sob Dilma Rousseff, em 2013.
Naquele ano, o indicador chegou a US$ 15,6 mil (R$ 84,93 mil, pelo câmbio atual). Caiu 0,7% em 2014, na primeira retração desde 2009, e chegou a US$ 14,3 mil (R$ 77,85 mil) em 2016, quando a presidenta foi afastada do cargo pelo golpe dos derrotados em 2014. Em 2021, segundo pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/Ibre), ele se encontra em R$ 35.172 por habitante, 7,5% menor que em 2013.
Durante os governos do PT, a política de valorização do salário mínimo foi um dos pilares das políticas sociais. De 2002 a 2015, o aumento real do salário mínimo (acima da inflação do período) foi de 76,54%, elevando o poder de compra e botando comida farta na mesa das famílias dos trabalhadores. Em mais de 80% dos casos, os reajustes salariais foram acima da inflação.
Com a política econômica de Guedes, a inflação prevista para os próximos meses não deixará espaço para ganhos reais em negociações salariais, segundo levantamento mais recente da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe). O estudo constatou que a maioria dos acordos não vem sequer repondo as perdas com a carestia de Bolsonaro e Guedes. Em fevereiro, a proporção de reajustes abaixo da inflação foi de 55,7%. O levantamento aponta que apenas 15,1% dos salários igualaram o patamar do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC).