Empresários fazem campanha ilegal pró-Bolsonaro

Uma reportagem do Estadão denuncia: empresários bolsonaristas estão fazendo uma "campanha paralela", com distribuição de brindes e sem declaração no TSE. Isso é crime eleitoral!

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Uma reportagem do Estadão, publicada na terça-feira (27), traz mais um escândalo desta corrida eleitoral. Segundo extensa apuração, um grupo formado por empresários e pastores criou um fundo para custear envio de bandeiras e material de apoio a Bolsonaro para milhões de eleitores. A ação, chamada Casa da Pátria, configura campanha ilegal, já que os gastos com serviços e produtos não estão na prestação de contas de Bolsonaro ao TSE e podem configurar caixa 2.

O grupo age com a certeza da impunidade e se declara o “maior movimento de apoio civil” a Bolsonaro e foi idealizado, segundo a reportagem, pelo Movimento Acorda, por meio do qual militantes de direita se posicionavam contra o “ativismo judicial” do Supremo Tribunal Federal (STF).

bolsonaristas fazem campanha ilegal: caixa 2

Um site recolhe dados de eleitores, como número de WhatsApp e endereço, e foi criado no fim de julho pela Íconi Marketing, empresa de Raimundo Barreto. Em entrevista, o homem se complica ao dizer, primeiro, que foi contratado para o serviço e, em seguida, dizer que agiu como “voluntário”.

Trata-se de uma campanha ilegal, uma vez que tudo acontece à margem da lei eleitoral, que proíbe a veiculação de propaganda eleitoral em sites de pessoas jurídicas, com ou sem fins lucrativos. A página Casa da Pátria não está relacionada entre as que Bolsonaro informou que usaria para campanha.

Ademais, segundo especialistas consultados pelo Estadão, os custos da criação de um site e de um sistema de gerenciamento de mensagens e de grupos de WhatsApp são superiores ao limite de despesa estipulada em lei para que eleitores individualmente façam campanhas espontâneas, de R$ 1.064,10.

O coordenador nacional do projeto, Renato Saito, e o empresário responsável pela comunicação visual do Casa da Pátria, Jeferson Baick, foram recebidos por Bolsonaro e fizeram fotos com ele.

Pegos em flagrante fazendo campanha ilegal, bolsonaristas mudaram o discurso

Após receberem indagações da reportagem, os bolsonaristas “ajustaram” o tom das mensagens que vinham sendo enviadas por WhatsApp. Agora, em vez de falar sobre envio direto de materiais (o que é vedado pela lei eleitoral), passaram a indicar onde as pessoas podem baixar os arquivos e imprimir seus materiais (o que é permitido pela lei eleitoral).

A denúncia é grave e provavelmente não é a única iniciativa “voluntária” com muitas aspas, de campanha ilegal. Especialistas consultados pela reportagem viram indícios de abuso de poder econômico e de configuração de caixa 2 no Casa da Pátria. Isso porque se trata de movimento organizado e amplo com empresas — inclusive de logística e de produção de materiais pró-Bolsonaro — e que por lei deveriam ser declarados oficialmente.

O bolsonarismo, mais uma vez, faz o contrário do que fala. Bolsonaro delira com uma suposta perseguição enquanto seus apoiadores cometem crimes e acumulam irregularidades em uma campanha ilegal.