Quase 11 milhões de desempregados. O rendimento médio não para de cair. A informalidade segue em alta e os poucos direitos trabalhistas que restaram após a reforma empreendida com o golpe estão em risco. Nada disso abala o presidente do país. “A culpa é do governo. ‘Cadê o meu emprego? Você tem que correr atrás. Eu não crio emprego. Quem cria emprego é a iniciativa privada. Eu não atrapalho o empreendedor”, disse Jair Bolsonaro para a claque do cercadinho em frente ao Palácio da Alvorada, em Brasília, na última semana.
Na lógica dele, um presidente nada tem a ver com a fome, com o desemprego, com o aumento da inflação. O que faz um presidente, então?
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva já mostrou o que é governar este país. Para Lula, emprego é uma obsessão. Como trabalhador que sempre foi, o agora candidato ao Planalto pelo Movimento Vamos Juntos Pelo Brasil entende o que um trabalho com remuneração digna e direitos garantidos representa para uma família. É a possibilidade de realizar sonhos, de conseguir a casa própria, de poder mandar os filhos para a escola e de deitar a cabeça em um travesseiro sem se angustiar com o amanhã.
Isso tudo foi realidade nos governos de Dilma e Lula. Entre 2003 e 2015 foram gerados 22 milhões de postos de formais de emprego, com carteira assinada. A Era lula chegou ao fim com taxa de desemprego de 5,7% (quando ele assumiu, era de 11,2%). O índice de desemprego caiu 45% nos oito anos de seu governo.
Em 2014, o governo da presidente Dilma marcou taxa de 4,3% de desemprego (ou pleno emprego), a menor já existente na história desse país. O tempo de espera por uma vaga era de 5 meses, em média, nas principais capitais do país, tempo coberto pelo seguro-desemprego. Ou seja, o trabalhador não ficava desamparado.
O fortalecimento das leis trabalhistas, a política de valorização do salário mínimo, a inclusão educacional e as políticas sociais de transferência de renda, entre outras medidas, foram responsáveis por manter a economia aquecida.
Lula sabe a receita e tem vontade política para levar o Brasil a esse patamar novamente: “Emprego é coisa extraordinária para manutenção do país harmônico. Emprego para mim é obsessão. Vamos fazer uma revolução silenciosa para gerar emprego envolvendo toda a sociedade brasileira”, disse em entrevista.
A taxa de desemprego registrada no último trimestre (encerrado em maio) caiu para 9,8%. É a primeira vez em seis anos que o índice deixa de ser composto por dois dígitos. A recuperação se deve à retomada tardia de postos de trabalho após a pandemia de covid-19. Sem auxílio do governo, empresas não conseguiram manter vagas nos meses de maior agravamento da crise sanitária e, somente agora, conseguem se reerguer.
Soma-se aos 11 milhões de desocupados o contingente de pessoas que não entra nas estatísticas de desemprego, pois não está procurando trabalho no momento. Até maio havia 4,3 milhões de desalentados, expressão usada para descrever a parcela que desistiu de buscar emprego por acreditar que não encontraria oportunidades.
Segundo dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), foram criadas, em 2019, 644 mil vagas formais de empregos.
Em 2020, o governo fez o que faz de melhor: tentou maquiar os dados e divulgou números errados. Depois de revisar os cálculos, foi obrigado a admitir que sua inércia resultou na retração de 191 mil postos de trabalho.
Em 2021, pela nova metodologia, foram criadas 2,7 milhões de vagas formais. E neste ano, de janeiro a maio, mais 1,05 milhão de postos. Ou seja: em três anos e meio de governo, Bolsonaro criou 4,39 milhões de vagas de emprego.
Os números de agora refletem o processo de recuperação de empresas e não a criação de novas vagas pelo governo federal ou o resultado de políticas de investimento público na indústria como forma de estimular o emprego e alavancar a economia. Até porque isso nunca aconteceu.
A renda do trabalhador que ainda tem ocupação, sob o Irresponsável da República, também mostra sinais de fragilidade. O rendimento teve queda de 7,2% em relação a igual trimestre de 2021. De R$ 2.817, o valor foi para R$ 2.613, o menor marcador para esse período na série histórica iniciada em 2012. O dado revela que mesmo em ocupações formais, a renda não expandiu.
Bolsonaro quando afirma que criar emprego não é com ele está sendo modesto. Ele e os três filhos que ocupam cargos públicos foram responsáveis, até 2019, por empregarem ao menos 102 pessoas com algum parentesco ou relação entre si em seus gabinetes. As vagas cridas pelos Bolsonaro pagavam bem. O grupo de parentes representava um terço do total de funcionários da família, mas recebeu 62% dos recursos destinados aos gabinetes, um total de R$ 65,2 milhões.
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