– Presidente, o Brasil vive a expectativa de uma inflação alta e com desemprego a vista, como o senhor entende que a equipe econômica deve agir para conter a onda de pessimismo?
Sobre a inflação, temos que fazer um resgate do que aconteceu neste país. Quando chegamos à Presidência, pegamos uma inflação de 12,5% e reduzimos pela metade. Há 10 anos a inflação não sai da meta e esse ano também vai ficar dentro dela. O governo está adotando todas as medidas necessárias para combater a inflação. Não há razão para pessimismo. Se você observar, verá que a economia brasileira cresceu muito nos últimos 12 anos. O PIB saltou de 550 bilhões para 2,2 trilhões de dólares. Adotamos uma política de valorização real do salário mínimo. No governo tucano diziam que o aumento do salário mínimo causaria desemprego, mais informalidade no mercado de trabalho e que a Previdência ia quebrar. Mas nós provamos o contrário: as taxas de desemprego caíram e o número de empregos com carteira assinada cresceu significativamente. O Brasil tem um dos mais altos índices de emprego no mundo. Desde a crise de 2008, o mundo eliminou 62 milhões de empregos, enquanto o Brasil criou 10 milhões de empregos com carteira assinada. Pela primeira vez no Brasil, alcançamos tecnicamente o pleno emprego a a economia brasileira, com os investimentos que estão sendo feitos no pré-sal e nas obras de infra-estrutura, tem todas as condições para crescer nos próximos anos.
– Presidente, o Norte de Minas teve poucos investimentos por parte do governo federal na luta contra a seca que tanto tem prejudicado e trazido prejuízos para a economia local. O senhor e a presidente Dilma têm alguma ação para mudar esse quadro que o senhor conhece tão bem?
Desde 2003 o Governo Federal tem investido fortemente no norte de Minas. O crédito para a agricultura e o financiamento para as empresas da região aumentou de modo extraordinário. Vocês sabem melhor do que eu que o nível de emprego no norte de Minas nunca foi tão alto. E isso se deve principalmente aos programas sociais do Governo Federal que fazem o dinheiro circular no interior do país. Além do Bolsa Família e do salário mínimo, eu poderia citar o financiamento da agricultura familiar, a compra da merenda escolar na própria região, o Luz para Todos, as obras do PAC 1 e PAC 2, o próprio Minhas Casa, Minha Vida, que já entregou milhares de casa no norte de Minas. Os governos do PT apostaram no desenvolvimento da região, e não apenas em medidas emergenciais. Mas para enfrentar a seca, o governo fez tudo que estava ao seu alcance. Já construiu e entregou mais de 61 mil cisternas e garantiu o Bolsa-Estiagem para cerca de 22 mil famílias. Também contratou pipeiros, só no mês passa foram 710 em 42 municípios. Além da perfuração de poços e construção de grandes e pequenas barragens. Eu conheço bem os problemas da seca e a presidenta Dilma também conhece. Ela nunca deixará de cuidar do povo do semiárido.
– O senhor acha que a derrota da seleção brasileira de alguma forma interferirá na reeleição da presidente Dilma e como o senhor analisa a copa do mundo e seus resultados finais.
O povo sabe separar o futebol da política. A oposição previa um caos na organização da Copa de 2014. Eles diziam que os estádios não ficariam prontos, que os aeroportos entrariam em colapso e que o transporte coletivo não iria funcionar. E até racionamento de energia e surto de dengue falavam que ia ter. Nada disso aconteceu e o governo e o povo brasileiro deram uma grande demonstração de competência e eficiência. Hoje a imprensa mundial diz que o Brasil realizou uma das melhores Copas de todos os tempos. Aconteceu o que eu já falava antes da Copa: um grande encontro de povos e civilizações no nosso país.
-Presidente, hoje o PT vive um situação inusitada de grande desgaste que o senhor mesmo já reconheceu, como pode reverter essa situação, já que o senhor continua sendo a maior estrela e seu maior garoto propaganda?
Eu não acredito em desgaste, acredito sim que o PT tem que se renovar, constantemente. Nós criamos o Partido dos Trabalhadores para promover a democracia e o desenvolvimento econômico com distribuição de renda e inclusão social. Nesses 34 anos, o PT deu uma contribuição extraordinária ao país, especialmente depois que chegou ao governo, fazendo o Brasil avançar como nunca, beneficiando todos os setores da sociedade. Hoje a população brasileira tem novas demandas, e o PT precisa entender isso, dialogando com os movimentos sociais, a juventude e os trabalhadores rurais, entre outros setores. O Brasil de 2014 não tem mais os mesmos problemas que tinha quando criamos o PT. Não tem mais a inflação que tinha nos anos 80…os altos índices de desemprego dos anos 90…a falta de oportunidade para os jovens…então são novas demandas e o PT tem que estar preparado para dar resposta novas aos novos desejos das pessoas.
– O que o povo pode esperar ainda do PT em se falando de renovação política, social e governamental?
O povo pode esperar muito, até porque o partido já fez muito pelo povo brasileiro. No Brasil, milhões passavam fome, sede e não tinham energia elétrica. Nós tiramos 36 milhões de pessoas da miséria e levamos 42 milhões para a classe média. Foi a maior ascensão social coletiva que o país já conheceu, fruto da geração de empregos, da valorização do salário mínimo e de todos os programas sociais que eu já mencionei. A presidenta Dilma tem ampliado e aperfeiçoado esses programas e criado outros novos, como o Ciência sem Fronteiras, o Mais Médicos e o Pronatec, programa de formação profissional, que já beneficiou 7 milhões de jovens. Além de cuidar do presente, o governo está preparando a sociedade brasileira para o futuro, investindo em infraestrutura e destinando os recursos do pré-sal para a educação e a saúde. Estamos lutando também para reformar profundamente a política brasileira. O PT está fazendo uma campanha no país inteiro para apresentar um projeto de lei de iniciativa popular sobre a Reforma Política. Queremos atingir 1,5 milhão de assinaturas. Precisamos eliminar a influência do poder econômico no processo eleitoral; adotar critérios mais rigorosos para a formação de partidos e coligações e, principalmente, aprofundar os mecanismos de participação da sociedade nas políticas públicas.
– Presidente, em Minas o PSBD tem mantido o poder por alguns anos e nessa eleição o que esta sendo feito pelo PT para mudar esse quadro? Existe uma nova proposta capaz de seduzir o eleitor para a mudança para se eleger Fernando Pimentel?
O Brasil cresceu muito nos últimos 12 anos e Minas Gerais infelizmente não acompanhou esse crescimento. Não precisa ser mineiro para saber que o Governo de Minas faz muita propaganda e pouca ação. O Governo Federal, sim, investiu fortemente em Minas Gerais. No meu governo e no da presidenta Dilma, criamos 2 milhões de empregos em Minas, construímos moradia para 366 mil mineiros, destinamos doze vezes mais recursos para a agricultura familiar — antes eram apenas R$200 milhões por ano, e nós passamos para R$2,5 bilhões – garantimos o Bolsa Família para 1,200 milhão de famílias mineiras, entre tantas outras realizações. Os tucanos é que não fizeram a parte deles. Eles não têm programas sociais e por isso se apropriam dos programas do Governo Federal, mudando somente os nomes. Por exemplo, o Fome Zero vira Minas sem Fome, o Minha Casa Minha Vida vira Morar em Minas, o Rede Cegonha vira Mães de Minas, o Luz para Todos vira Clarear e assim por diante. A maior parte do dinheiro é federal, mas eles nunca reconhecem isso. A presidenta Dilma, por ser mineira, tem um olhar especial pelo seu estado e nunca deixou de fazer o que precisava ser feito em todas as regiões de Minas. Agora, com o Fernando Pimentel, Minas tem uma chance real de crescer com distribuição de renda e de dar um salto de qualidade, tornando-se um estado justo e bem governado. Pimentel foi um excelente prefeito e um grande ministro e com certeza será um grande parceiro do governo federal, fazendo por Minas tudo aquilo que eu e Dilma fizemos pele Brasil. Ele sabe que o governo do estado não pode ser tratado como propriedade para benefício de uma família e que não pode ser centralizado na capital, que tem que atender as demandas das mais diferentes regiões de Minas, desde o Norte e o Vale do Jequitinhonha ao Triângulo e o Sul, entendendo as diferenças e dando soluções ao que cada região precisa. E, além disso, Minas poderá contar com nosso querido Josué Alencar no Senado. Josué é filho do saudoso José Alencar, que me ajudou a fazer coisas maravilhosas pelo Brasil. Tenho certeza de que Josué também dará uma grande contribuição ao norte de Minas, ao seu estado e ao país.