Epidemia de fake news na Índia provoca série de linchamentos e assassinatos

Os boatos e mentiras que circulam pelas redes sociais – principalmente pelo WhatsApp – são parte crucial da campanha de mentiras que os apoiadores de Jair Bolsonaro vêm utilizando para tentar chegar à presidência. E não é só no Brasil que as fake news espalhadas por WhatsApp incitam o ódio, a violência e têm graves consequências.

Com o acesso ao 4G, recentemente universalizado, a Índia enfrenta uma epidemia de fake news que tem causado vítimas. Um levantamento feito pelo jornal The Washington Post mostra que, somente neste ano, pelo menos nove pessoas morreram de forma violenta na Índia em decorrência de notícias falsas. O país é o campeão mundial de envio de conteúdo pelo WhatsApp.

Vídeos, fotos e áudios descontextualizados circulam por incontáveis grupos de WhatsApp e fizeram com que um turista fosse assassinado violentamente em uma cidade do interior do país ao ser confundido com outro homem que aparece em um vídeo sequestrando crianças. Um jovem de 26 anos, Kalu Ram Bachanram, foi considerado suspeito de ser um dos sequestradores pela população local. Nascido no Rajastão, no norte do país, ele vivia em Bangalore. O rapaz foi linchado por mais de 14 pessoas — entre elas, quatro mulheres e dois meninos menores de idade — que lhe atingiram com repetidos chutes por todo o corpo. Kalu morreu a caminho do hospital. Mais tarde, soube-se que, na verdade, o vídeo fazia parte de uma propaganda feita no Paquistão para alertar a população de Karachi sobre os cuidados que é preciso ter para evitar sequestros de crianças.

Após as notícias falsas provocarem uma série de linchamentos, o Facebook, que é dono do WhatsApp, teve que restringir o número de vezes que os usuários podem encaminhar uma mensagem. Atualmente, quem usa o WhatsApp pode enviar, simultaneamente e para quantos contatos quiser, um mesmo conteúdo. A análise da empresa é que isso estimula o compartilhamento de informações falsas.

No Brasil, um estudo afirma que só 4 das 50 imagens mais replicadas na eleição no WhatsApp são verdadeiras, o que é realmente preocupante, já que, segundo um artigo publicado pelo New York Times, 44% dos eleitores brasileiros se informam politicamente pelo aplicativo.

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