Em sabatina da rádio CBN e do site G1, nesta terça-feira (04/09), o candidato do PSDB à Presidência da República, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou que não vai apoiar o colega de partido Aécio Neves em sua campanha para deputado federal em Minas Gerais. “Não vou estar com Aécio em Minas”, disse Alckmin.
Minas Gerais é o segundo maior colégio eleitoral do país, atrás apenas de São Paulo. A movimentação de Alckmin para esse novo “Escondidinho Tucano” precisa ser analisada em detalhes. Não custa relembrar ao leitor que Aécio teve mais de 50 milhões de votos na eleição para presidente em 2014, quando foi derrotado nas urnas por Dilma Rousseff.
Em seu estado natal, Minas Gerais, Aécio também foi derrotado por Dilma. Aécio foi governador por dois mandatos, senador por dois mandatos e deputado federal por seguidas legislaturas. Em 2014, tinha convicção de que ganharia de goleada de Dilma em Minas, mas não foi o que se viu.
Agora, contudo, a situação de Aécio se tornou ainda mais delicada, com diversas denúncias e investigações correndo contra ele, o que explica, ao menos em parte, a tentativa de Alckmin de tentar esconder Aécio de sua campanha.
O “risco-Aécio” parece ser notado até pelo próprio político, que desistiu de sua candidatura para o Senado diante do risco de perder novamente de Dilma em Minas, de não se eleger para um novo mandato parlamentar e de perder, inclusive, o foro especial na Justiça assegurado aos integrantes do Congresso Nacional.
Na entrevista desta terça, de acordo com informações publicadas pelo UOL, Alckmin chegou a dizer que ele foi o “único contra a prorrogação do mandato de Aécio” e que “o partido tomou medidas” para a sua saída da presidência do PSDB. “Se dependesse do Aécio, ele continuaria na presidência até hoje”, afirmou o candidato tucano à presidência. Segundo Alckmin, “houve pressão gigantesca e ele só saiu por isso”. Apesar dessas duras afirmações, o presidenciável fez a ressalva: “Ele não foi julgado ainda, precisamos aguardar”.
De 50 milhões para 20 apoiadores
Em reportagem publicada pelo The Intercept no final de agosto, é possível enxergar melhor o ocaso de Aécio e compreender a tentativa de Alckmin em descolar sua imagem (e a da campanha tucana para a presidência da República) da de Aécio. Não custa lembrar: o mineiro foi um dos principais agentes a pregar o não reconhecimento ao resultado das urnas em 2014 e, posteriormente, o impeachment de Dilma. Aécio parece colher agora parte dos resultados do golpe que colaborou em construir.
A reportagem do Intercept registra que o lançamento da campanha de Aécio em Minas Gerais contou com a presença de cerca de 20 apoiadores. “Apesar de ter exaltado a importância das candidaturas de Alckmin e Anastasia em seu discurso, nem um nem outro querem aparecer ao lado dele”. A matéria destaca que “Alckmin há pouco tempo disse que não ‘seria o ideal’ que Aécio se candidatasse. Já Anastasia, quando perguntado sobre o motivo de não estar fazendo campanha com o senador, se limitou a dizer que ‘cada deputado faz sua campanha como achar conveniente, eu estou fazendo campanha de governador'”.
O texto registra que “a imprensa, aliás, deu pouquíssima importância para o evento, para não dizer nenhuma. Nem parecia que se tratava da campanha eleitoral de alguém que quase foi presidente do Brasil”.
É o Escondidinho Tucano com tempero paulista e mineiro.
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