Especialistas em comunicação discutem o fenômeno das fake news e seus impactos na democracia

Compartilhar:

Com o objetivo de aprofundar as discussões sobre as fake news, o portal Disparada, em parceria com o Diretório Central dos Estudantes do Mackenzie e o Centro Acadêmico João Mendes, promoveu nessa segunda-feira (6) uma palestra para debater os impactos e as consequências das notícias falsas na democracia.

A mesa do evento “Notícias Falsas: Legislação, Jornalismo e Democracia” contou com a presença do jornalista e coordenador do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé, Altamiro Borges, da diretora executiva do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, Ana Flávia Marx, e do professor doutor do departamento de jornalismo e editoração da Escola de Comunicação da Universidade de São Paulo, Vitor Blotta.

Na palestra, todos os debatedores defenderam que a melhor maneira de combater a disseminação das fake news, divulgadas com o intuito de derrubar reputações, prejudicar adversários políticos e gerar lucro, é ter um jornalismo profissional, com responsabilidade, técnica e pluralidade.

Em sua fala, o professor Vitor Blotta defendeu a criação de leis específicas para punir provedores e empresas digitais que promovem notícias falsas. “Se pensarmos na legislação que já existe, temos, por exemplo, a lei de Direito de Resposta. Ela foi criada após o vácuo no Legislativo, que resultou na decisão do Supremo para revogar a Lei de Imprensa. E nesse sentido foram estabelecidos alguns procedimentos, que dentro da esfera civil, acabaram resultando em procedimentos judiciais. Portanto, já existem condições para regulamentar algumas indenizações sobre esses conflitos.”

Para a jornalista Ana Flávia Marx é importante que a sociedade debata as notícias falsas para que se perceba o que existe por trás como estratégia política ou de negócios. “Diferentemente do uso feito pelo presidente norte-americano Donald Trump, que usa a expressão para atacar a mídia tradicional em seu país, no Brasil o combate às notícias falsas está sendo utilizado como estratégia de negócio das empresas monopolizadas de comunicação que, ao perderem rios de dinheiro da publicidade para a internet, utilizam as fake news como estratégia de mercado para afirmar que fazem mais jornalismo do que os veículos que estão na mídia alternativa”, relatou.

O jornalista Altamiro Borges lembra que as notícias falsas sempre existiram. Na sua avaliação, elas apenas ganharam força com o avanço da tecnologia e o crescimento das redes sociais. “A imprensa hegemônica é a que mais difunde fake news. Não podemos esquecer, por exemplo, da ficha policial da ex-presidenta Dilma, que virou capa da Folha. Nem das matérias mentirosas do chamado Triplex do Guarujá. A mídia tratou como se o imóvel fosse luxuoso e bastou uma ocupação do MTST para mostrar que o apartamento era uma merreca. É evidente que as fake news são um tema delicado e precisam ser combatidas”, concluiu o Borges.

Entenda mais sobre as notícias falsas aqui.