Em encontro com representantes de entidades da economia criativa e solidária, na manhã desta quarta-feira (14/09), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou a importância das cooperativas para geração de emprego e dinamismo da economia. Ele defendeu que o Estado seja indutor desse processo, com recursos para alavancar um novo modelo de desenvolvimento, com geração de renda aos jovens.
“O Estado precisa fazer com que as pessoas tenham possibilidade, oportunidade, de criar as formas de se organizar, de fazer sua própria economia, esse é o papel do Estado. O papel do Estado é de, no início, alavancar, com recursos financeiros, o dia a dia dessa gente, para que eles comecem a produzir de verdade, comecem a vender e comecem a fazer a economia de uma cooperativa começar a crescer”, afirmou.
Lula afirmou que é preciso acreditar em outras formas de organização e que o Estado tem que estar pronto para isso, principalmente para garantir a geração de renda aos jovens. “Hoje, nós temos jovens que não trabalham e não estudam, porque não têm emprego e porque o Estado não cria condições de fazer com que essas pessoas tenham acesso a ser empreendedor, a ser cooperativado, para que a gente possa criar possibilidade de emprego.”
A organização de uma cooperativa deve se dar de baixo para cima, explicou o ex-presidente, a partir da organização dos cooperados. Ele mencionou experiência bem-sucedida das quebradeiras de coco de babaçu, com quem teve encontro recente em São Luís (MA). Em cooperativas, mulheres da região Norte e Nordeste geram renda a partir da exploração do coco.
Em reflexão sobre o mercado de trabalho, que está em mutação, com menos empregos em atividades tradicionais como indústria e agricultura, o ex-presidente destacou a importância do poder público na construção de alternativas para a sociedade sobreviver. Estimular a criatividade de homens e mulheres pode ser um dos caminhos, afirmou.
Lula lembrou que, em seus governos, houve estímulo à atividade, inclusive com financiamento de R$ 200 milhões do BNDES para estimular que cooperativas, como a dos catadores de material reciclável, pudessem se modernizar, produzir e vender.
O ex-governador Geraldo Alckmin lembrou que ele e Lula, enquanto constituintes, ajudaram na criação de estímulo ao associativismo e cooperativismo, por meio do artigo 174 da Constituição. “Agora é preciso sair do papel e fortalecer ainda mais esse trabalho”, disse lembrando ações que fez, no governo de São Paulo, para estimular o cooperativismo. “Não tenho dúvida de que esse é o caminho. Cooperativismo une solidariedade e empreendedorismo. O presidente Lula é compromissado com a economia solidária”.
No encontro realizado no Galpão do MST em São Paulo, Lula ouviu relatos de entidades de cooperativas e de pessoas que atuam em diferentes grupos de economia solidária. Pessoas como Maria Dulcineia Silva Santos, da Unicatadoras, reconheceram as políticas públicas do governo Lula para garantir o funcionamento das cooperativas, fortalecer a economia solidária, gerar renda e dar dignidade a muitas famílias. “No governo Lula nunca faltou comida. Lula vai voltar e vai voltar a ter comida na mesa de cada um”, disse a maranhense, que migrou para São Paulo em 1998 e ganha a vida como catadora.
A presidenta do PT, Gleisi Hoffmann, reforçou o compromisso de Lula e do ex-governador Geraldo Alckmin com a pauta do cooperativismo. “A gente sabe que o cooperativismo é muito importante para o desenvolvimento econômico e social brasileiro, principalmente com as mudanças no mundo do trabalho”, disse, destacando especialmente o papel das mulheres no cooperativismo e na economia solidária.
O ex-governador Márcio França lembrou que a legislação que trata do cooperativismo é de 1971 e que precisa ser modernizada. “Precisamos mudar essa legislação. Precisamos garantir para cooperativas, por exemplo, a atualização do valor da merenda escola. Eles vendem praticamente para as merendas e a merenda está defasada. Os valores são muito pequenininhos. Estão há quatro anos sem reajuste”, disse, sugerindo criação de secretaria especial para cuidar da economia criativa, solidária e cooperativa. “Muito das coisas que precisam dependem de legislação. Se tiverem a força política, eles conduzem o resto”.
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