O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu hoje (31) a presença do Estado nas periferias brasileiras, com educação, saúde, cultura, lazer, recreação, saneamento básico e emprego, como forma de garantir qualidade de vida e evitar a violência. Lula disse que, se Estado chegasse antes, com qualidade de vida e oportunidade de emprego para as pessoas, seria menos necessário a presença da polícia.
“É por isso que eu digo que o problema do Brasil é a ausência do Estado. A gente pensa que a polícia resolve o problema, mas o problema deveria ser resolvido antes. Se não tivesse ausência do Estado na educação, na saúde, na cultura, no lazer, no saneamento básico, nas áreas de recreação, se o Estado estivesse presente nessas áreas, a polícia seria apenas mais um componente para manter a tranquilidade. Acontece que as pessoas ficam ilhadas, abandonadas”, declarou, em entrevista ao vivo à Rádio Bandeirantes de Porto Alegre.
De acordo com Lula, o problema não é a instituição e sim alguns policiais que recebem orientações equivocadas. “Não dá para dizer que é a instituição. A gente tem que dizer que alguns policiais recebem orientação de seus comandantes de forma equivocada porque, em nome de matar bandido, se mata inocente”.
O ex-presidente opinou que o genocídio que acontece em muitas dessas situações é abominável e lembrou episódios recentes como o de Sergipe, com a morte de Genivaldo, que tinha problemas mentais. “Você viu o que foi feito com o rapaz, o Genivaldo, em Sergipe? Aquilo é comportamento da polícia, três homens para enfrentar uma pessoa com problema de distúrbio mental, fazer aquela violência? É falta de formação, é falta de atuação, é falta de inteligência, é falta de preparação. Acho abominável esse genocídio que acontece no Brasil”.
Fortalecer o Estado Social
O ex-presidente afirmou também que o Estado Social precisa ser fortalecido e lembrou que as obras do PAC, que contratavam moradores locais, deram ocupação nova para pessoas que tinham envolvimento no tráfico em favelas por falta de opção de emprego. “Fizemos o maior programa habitacional da história desse país, mais de 4 milhões de casas contratadas, e a gente acordava com as empresas que os trabalhadores a serem contratados deveriam ser do local da obra. A polícia só entra abruptamente, porque não existe a figura do Estado Social e é esse Estado Social que nós vamos fortalecer”