Estado só tem sentido se for para ajudar os mais pobres, diz Lula

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nessa quarta-feira, 01/09, que o Estado só tem sentido se for para ajudar os mais pobres e que é preciso inseri-los no orçamento para estimular o consumo e fazer a economia girar. “Para governar, você precisa definir prioridades, priorizar os mais pobres. O que está acontecendo é que os pobres foram mais uma vez esquecidos”, disse em entrevista ao programa Triangulando, no canal do Youtube da médica Thelma Assis, a Thelminha.

O programa pilotado pela ex-BBB, reuniu ainda os convidados Celso Athayde, Linn da Quebrada e Gilberto José Nogueira Júnior, o Gil do Vigor, numa conversa sobre desigualdades sociais. Lula afirmou que só é possível resolvê-las se quem governa definir como prioridade a tarefa fundamental de fazer com que as pessoas tenham o direito de morar, de comer três vezes por dia e de chegar à Universidade. “Na hora de discutir o orçamento tem que colocar o pobre em primeiro lugar”.

O ex-presidente lembrou os feitos dos governos do PT, como aumento de 74% do salário mínimo, geração de 20 milhões de empregos e pagamento da dívida com o FMI, lamentou que a situação do país hoje esteja pior do que aquela que ele encontrou em 2003 e defendeu a criação e oportunidades para que os jovens saiam da faculdade com perspectivas.

“Esse é um dos problemas que estamos vivendo agora. Muita gente formada, altamente qualidade, sem perspectiva de trabalhar porque a economia está atrofiada. Nós temos hoje mais de 40 milhões de pessoas trabalhando de bico. (…) Uber não é microempreendedor. É quase escravizado. Não tem nenhum direito. A gente conquistou direitos e eles desmontaram. O que eles fizeram agora foi jogar fora tudo o que a gente construiu de 1943 até agora. Derrubaram a Dilma e tudo piorou. O país está desconsertado. É preciso consertar’.

Políticas educacionais

No encontro, Lula recebeu agradecimento público de Thelminha e de Gil do Vigor pelas políticas públicas de seu governo na área de educação. Os dois profissionais, que viraram celebridades após participação no programa Big Brother Brasil, da TV Globo, relataram que só conseguiram chegar aonde chegaram graças a programas de acesso à universidade implementados pelos governos do PT.

“Em 2005 eu recebi uma carta. Ela dizia que eu tinha sido contemplada com uma bolsa de 100% para cursar uma faculdade particular de medicina, a PUC. Naquela época, a mensalidade custava R$ 3.500 reais e eu não tinha condição nem de passar na porta dessa universidade. Eu entendo que é uma obrigação do Estado, mas não tem como não ser grata. Se hoje eu estou aqui de frente para o senhor, olhando no seu olho é porque, de alguma forma, eu recebi uma oportunidade lá atrás”, disse Thelminha.  

“Presidente Lula, eu te amo, mainha te ama. Assim como Thelminha falou, eu sou muito grato porque eu fui muito ajudado. E eu falo e repito para as pessoas que eu só consegui chegar aonde cheguei porque tiveram líderes que focaram na educação e me possibilitaram estar, alcançar, acessar. Às vezes, tudo o que a pessoa precisa é de oportunidade, é de esperança, e foi isso que eu vi”, disse Gil, que recorreu aos seus conhecidos bordões para dizer que no período de Lula o Brasil está vigorado e regozijado. “As perspectivas eram enormes. Hoje, a situação é outra. O Brasil está lascado, mas não precisa estar lascado não. Eu tenho fé que a gente vai voltar, que a gente vai regozijar. Presidente Lula, regozije”.

Gil contou sobre sua experiência de aluno de escola pública que ingressou na universidade pelo sistema de cotas e elogiou a interiorização da universidade, que viu acontecer em Pernambuco, seu estado natal. O economista disse que, para ele, não seria possível entrar na universidade se lá atrás alguém não tivesse entendido a importância de trazer o pobre para onde ele deveria estar. “Eu sou extremamente apaixonado e grato pelo governo do presidente Lula que pensou em quem precisava. Eu fico até emocionado porque eu sei que foi aquela ajuda lá atrás. A universidade pública ficava num ciclo eterno. Rico, rico, rico, o pobre é que lute. A competição era injusta”.

O ex-presidente se disse gratificado e emocionado de ver pessoas como os dois chegarem aonde chegaram e defendeu investimentos na educação como fundamentais para redução das desigualdades sociais. Ele defendeu também a necessidade de dar oportunidades iguais para todos. “O papel do Estado é abrir portas e dar às pessoas a oportunidade de disputar qualquer coisa nesse país”. Lula contou que, enquanto presidente, proibiu ministros de tratarem educação como gasto. “É investimento”.  Só é possível resolver (a desigualdade social) se a gente definir como prioridade o direito de morar, de comer três vezes por dia e de chegar à universidade”.