Um manifesto contra a eleição do candidato Jair Bolsonaro começou a circular nesta terça-feira (16/10) no Parlamento Europeu, em busca de assinaturas dos eurodeputados. Representantes de cinco das sete bancadas se reuniram para marcar posição contrária diante do candidato.
O eurodeputado português Francisco Assis, do bloco socialista, disse à agência DW que não se trata de ingerência em assuntos internos. “Não estamos defendendo uma intervenção ilegítima no Brasil. Estamos apenas manifestando nossa posição crítica em relação à possibilidade de que vença uma figura que representa posições protofascistas”, afirmou Assis, durante o evento de lançamento do manifesto “Democracia brasileira em risco”, em Bruxelas.
“Uma vitória de Bolsonaro, uma figura patética que será a vergonha do Brasil, significaria um retrocesso civilizatório para o país e para o mundo”, afirmou Assis, que é presidente da delegação parlamentar para as relações com o Mercosul.
Segundo ele, a apologia da violência, a defesa da ditadura e de seus métodos de tortura, as manifestações misóginas, racistas e xenófobas de Bolsonaro, bem como o anúncio de que o Brasil sairia do Acordo de Paris, fizeram soar o alarme entre os eurodeputados.
O eurodeputado liberal espanhol Ramón Tremosa i Balcells, presente ao lançamento do manifesto, afirmou que, “se a democracia cai num dos maiores países do mundo, importa para toda a região, para todo o continente, importa para todos nós”.
Sinais de ditador
A eurodeputada ambientalista espanhola Ana Miranda disse que se trata de um manifesto em favor da democracia. “Por isso alertamos para o perigo de alguém como Bolsonaro, que dá sinais de ditador, chegar ao poder”, declarou. “Os movimentos sociais e feministas alertam para um grave perigo neofascista”, acrescentou.
Miranda ainda comentou: “Como explicar que Hitler tenha chegado tão longe? É muito complexo. […] É verdade que o povo decide, mas o povo também pode ser manipulado”.
Para Assis, “a perda de legitimidade pelas instituições brasileiras, o processo de impeachment de Dilma Rousseff, a judicialização da política brasileira e uma grande campanha de desinformação” resultaram na atual situação política.
“Há medo e muita insegurança no Brasil, e isso cria as condições favoráveis para o surgimento desse tipo de figura”, analisou o político português. “Mas a maioria das pessoas que votou em Bolsonaro não é fascista. Elas estão assustadas diante da situação”, comentou.
A Organização das Nações e Povos Não Representados (Unpo), por sua vez, apoia o manifesto ao lado dos deputados liberais, socialistas, ambientalistas e de esquerda por causa da ameaça de Bolsonaro de que retirararia as terras dos indígenas.
O manifesto vai circular até sábado (20/10) pelo Parlamento Europeu e depois será publicado. Dois outros chamados semelhantes – um oriundo do ex-ministro Celso Amorim, o outro vindo do bloco socialista europeu – também circulam pelo Parlamento.
“Teremos também o apoio dos eurodeputados democratas de direita”, afirmou Assis. “E depois teremos tempo para refletir sobre as razões políticas, econômicas e sociais que levaram a essa situação. Neste momento, o mais importante é mostrarmos solidariedade com os democratas – de centro, de esquerda, de direita – do Brasil, defender a democracia e dizer ‘ele, não'”, afirmou Assis.
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