O executivo da OAS, Agenor Medeiros, condenado a 16 anos de prisão, e que está negociando um acordo de delação premiada com o Ministério Público, depôs hoje (4) para o juiz Sérgio Moro na 13º Vara Federal de Curitiba em processo que apura se Lula é dono de um apartamento tríplex no Guarujá, e se esse apartamento e reformas feitas nele seriam propina de contratos na Petrobras. Agenor disse que “a princípio” não está recebendo nenhum benefício pelo depoimento concedido hoje ao juiz Sérgio Moro.
Agenor atuou pela OAS nos contratos com a Petrobrás nas obras das refinarias Repar e RNEST e não foi capaz de apontar nenhuma relação entre vantagens indevidas nos contratos apontados pelo Ministério Público e o apartamento no Guarujá. Agenor Medeiros disse que a OAS teria um “caixa-geral” de propina, gerenciado por uma área chamada de “controladoria”, e que Léo Pinheiro seria responsável pelo caixa-geral do PT, este alimentado por diversas obras, não só da Petrobrás.
Na acusação do Ministério Público, o apartamento no Guarujá seria propina por 3 contratos da OAS com a Petrobrás, 1 na Repar e 2 na RNEST. Agenor disse que houve desvios no contrato da Repar, mas que a OAS o repassou para a Odebrecht, que fez os pagamentos. E que nos contratos da Rnest, teria havido pagamentos indevidos ao PP e ao PSB de Pernambuco. Haveria também uma “dívida” de vantagens indevidas a serem pagas ao PT, de R$ 16 milhões, mas que ele não saberia dizer quando, como ou para quem esse valor foi pago.
Agenor Medeiros disse que ouviu em meados de 2014, em viagem internacional de avião com Leo Pinheiro, que teria acontecido um acerto com João Vaccari para compensar perdas que a OAS estava tendo com quatro eventos – prejuízos com a Bancoop da OAS Empreendimentos, a reserva de um apartamento e de reformas nesse apartamento e em um sítio em Atibaia – e que isso teria causado prejuízos milionários. Como ele administrava a conta do PT, teria feito uma compensação com valores a serem recebidos pelo PT em relação a isso. Mas que ninguém teria presenciado essa conversa e que a gestão dessa conta do PT com a OAS era feita por Léo Pinheiro, e que ele, Medeiros, não sabe dizer se esses recursos teriam vindo de propinas em contratos na Petrobras.