Da FAO
27 de janeiro de 2018
As iniciativas de combate à fome na África precisam ser aprofundadas e ampliadas para colocar o continente de volta ao caminho da eliminação da fome e da má nutrição, afirmou neste sábado (27) o diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva, a chefes de estado e governo e altos representantes durante a 30ª sessão da Cúpula da União Africana.
“Ainda é possível chegarmos ao fome zero mundial no curso de nossas vidas”, afirmou Graziano. “Isso nos demandará um esforço redobrado em relação ao que tem sido feito atualmente, e um impulso definitivo por um compromisso politico e por ações concretas como nunca antes presenciamos”
O diretor-geral discursou durante evento de alto nível em Adis Abeba que revisou e renovou a parceria firmada pela União Africana, pela FAO e pelo Instituto Lula em 2013.
Não tem sido suficiente o progresso em direção ao cumprimento desse objetivo, de acordo com os últimos dados do relatório divulgado pela FAO no ano passado. Segundo o documento, conflitos civis e choques climáticos têm levado a aumento expressivo no número de pessoas que passam fome no mundo.
A inversão da tendência de décadas de evolução nos índices globais de segurança alimentar é “extremamente preocupante”, afirmou Graziano da Silva. No entanto, recordou o exemplo da experiência brasileira que livrou milhões de pessoas da pobreza extrema em apenas uma década: “É uma grande evidência de que esse progresso pode ser atingido rapidamente”.
“Estamos presenciando um cenário promissor que renova o nosso otimismo”, reiterou o diretor-geral, enfatizando o compromisso do Secretário-Geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, em promover a paz, além dos investimentos do Fundo Verde para o Clima em países afetados pela mudança climática e dos sinais de que a economia mundial começa a dar sinais de recuperação.
“A maioria das pessoas no continente africano vive em países afetados pelo conflito. A fome chega a ser o dobro se considerarmos os países sob conflito prolongado. É necessário um compromisso maior dos governos, da União Africana e das Nações Unidas para promover a paz, os direitos humanos e o desenvolvimento sustentável”, afirmou Guterres durante a reunião.
O caminho para a evolução
Na conclusão do evento, a Comissária da União Africana para a Agricultura e Economia Rural, Josefa Sacko, leu o comunicado final do evento, que inclui um plano de ação de 11 pontos conclamando os Estados Membros da União Africana a renovar seus compromissos em prol da erradicação da fome no continente até 2025. O texto inclui medidas de fomento ao investimento em agricultura sustentável e programas de proteção social.
Em 2018, seguimento da reunião de 2013
A reunião de alto nível de 2013, organizada pela Comissão da União Africana, FAO e Instituto Lula, levou à aprovação da Declaração de Malabo de 2014, em que os chefes de estado africanos assumiram o compromisso de erradicar a fome e a má nutrição até 2025.
Na reunião de hoje, uma sessão especial reuniu ex-líderes mundiais que se notabilizaram por conduzir políticas nacionais de erradicação da fome.
Por meio de uma video mensagem , o ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou que “os pobres precisam ser incluídos nos orçamentos dos países, de uma maneira sagrada, bíblica – de maneira que possam garantir o direito básico de terem um café da manhã, um almoço e um jantar todos os dias.
O nigeriano Olusegun Obasanjo, que foi um dos mais proeminentes presidentes africanos no combate à fome, enfatizou: “Precisamos pôr os pobres ao mais alto nível em prol da erradicação da fome na África”.
Outros participantes do evento incluíram o presidente da Guiné e da União Africana, Alpha Condé, o Primeiro-Ministro da Etiópia, Hailermariam Desalegn, e Ministros da Agricultura da África e líderes da organização civil e do setor privado.