Na última quarta-feira (20), a Caixa Econômica Federal começou a liberar o saque emergencial de até R$ 1 mil do FGTS para cada cidadão que tenha conta no fundo. A medida faz parte do suposto “pacote de bondades” lançado pelo governo,nem de longe suficiente perante a destruição da política econômica de Jair Bolsonaro e Paulo Guedes.
A triste notícia é que, com a disparada da inflação, o valor terá pouco impacto no bolso de boa parte dos brasileiros. A inflação dos alimentos que fazem parte da cesta básica disparou no mês de março, superando a marca de 21% no acumulado de 12 meses, e corroeu o poder de compra do cidadão. O valor de R$ 1.000 liberado agora compra bem menos do que os R$ 1.045 do resgate anterior, liberado pelo presidente no início da pandemia, em abril de 2020. A inflação geral, medida pelo IPCA, ficou em 17,75% entre janeiro de 2020 e março de 2022.
Um dos itens que mais sofreu alta de preço nesse período foi o café. Em 2020, mil reais compravam 12 pacotes de café, hoje compra-se apenas a metade. Há dois anos, com o mesmo valor, compravam-se 36 frangos contra os 18 de hoje.
O poder de compra do arroz e do feijão, dois alimentos básicos da dieta brasileira, também foi cortado pela metade. Com o FGTS liberado na pandemia, compravam-se 10 quilos de arroz ou 8 de feijão, enquanto com o valor de hoje, apenas 5 ou 4 quilos desses itens.
A inflação, que inviabiliza o tradicional churrasco de fim de semana dos brasileiros, também encareceu a salada. O valor do saque emergencial do FGTS em 2020 adquiria 20 quilos de tomate ou batata. Este ano, o valor comprar somente 10 quilos. O levantamento é da Fundação Getúlio Vargas a partir de dados do IBGE.
Com os sucessivos reajustes do preço dos combustíveis, este ano, R$ 1 mil serão suficientes apenas para 137,6 litros de gasolina, ou 2,75 tanques. Em 2020, com R$ 1.045, dava para pagar 257 litros de gasolina, ou 5,14 tanques de um carro popular.
De acordo com dados do Dieese, de 2019 para 2022, o aumento de preços do grupo de alimentos essenciais para o brasileiro foi de 48,3%: o dobro da inflação acumulada no mesmo período, que foi de 21,5%.
Além do pífio desempenho da economia, outras decisões desastrosas do governo Bolsonaro contribuem para essa situação. Em 2019, ele fechou 27 unidades armazenadoras da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Esses estoques de alimentos são, em linhas gerais, uma maneira de o Estado proteger agricultores e consumidores dos riscos inerentes da atividade agrícola, como chuvas, seca e etc.
Quando a safra estava abundante, o governo comprava e estocava o excedente de produção. Os estoques, além de serem utilizados para doações de alimentos em situações emergenciais, eram uma potente ferramenta contra a inflação: quando a quantidade de determinado alimento estava muito baixa no mercado, o governo usava os estoques públicos para injetar mais daquela comida. Quanto mais produto no mercado, menor o preço do produto.
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