Angola irá doar 10 milhões de dólares ao Fundo Fiduciário da Solidariedade Africana, criado para investir em projetos de erradicação da fome no continente.
Criado em fevereiro deste ano, quando a Guiné Equatorial investiu 30 milhões de dólares, o fundo é administrado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO). Além dos aportes de Angola e da Guiné Equatorial, dois grandes produtores de petróleo do continente, o governo dos Camarões e organizações civis da República do Congo também já contribuíram.
O fundo será um dos temas abordados no encontro de alto nível sobre segurança alimentar que está sendo organizado conjunto pela FAO, União Africana e Instituto Lula. O evento acontecerá nos dias 30/6 e 1/7, na sede da União Africana em Adis Abeba, Etiópia.
Leia mais sobre o encontro de alto nível: União Africana, FAO e Instituto Lula somam esforços para combater a fome na África
Ao contrário dos fundos tradicionais de ajuda à África, o Fundo Fiduciário não recebe recursos de doadores externos, mas é financiado pelos próprios países africanos. O dinheiro arrecadado será aplicado em projetos do CAADP, o plano de desenvolvimento agrícola da União Africana. “É um modelo muito interessante de cooperação Sul-Sul, em que países que estão em estágios semelhantes de desenvolvimento podem compartilhar experiências e conhecimentos”, afirma a pesquisadora Melissa Pomeroy, da Articulação Sul.
Maior solidariedade
A ideia do fundo nasceu em 2012, na República do Congo, durante a conferência regional da África. Na ocasião, o anfitrião do evento, o presidente Denis Sassou Nguesso, fez um apelo para as nações africanas se unissem para combater a fome no continente. Hoje, 239 milhões de africanos – quase um quarto da população – estão em situação de insegurança alimentar.
O anúncio do aporte de Angola foi feito hoje (20) pelo ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural de Angola, Afonso Pedro Canga, durante o lançamento oficial do fundo, realizado na conferência anual da FAO, em Roma. “A África é um continente com enorme potencial agrícola. Apesar de termos todas as condições para produzirmos alimentos suficientes para toda a nossa população, hoje temos que importar alimentos”, disse Teodoro Obiang Nguema Mbasogo, presidente da Guiné Equatorial, no evento. “Temos que fazer tudo o que está em nosso alcance para reverter esta situação”.
Comprometimento crescente
Para o brasileiro José Graziano, diretor-geral da FAO, os países africanos estão prontos para assumir uma responsabilidade maior no combate à fome do continente. “No mundo globalizado em que vivemos, não é possível atingir a segurança alimentar apenas em um país específico. Vejo que há um comprometimento político crescente para erradicar a fome e um desejo de transformar esse comprometimento em ações concretas”, disse Graziano. O diretor afirmou que a ONU está dando todo o suporte aos países africanos na luta contra a fome e convidou os países presentes a participarem do encontro de alto nível em Adis Abeba.