Conselheiro do Instituto Lula, o diplomata e historiador Alberto da Costa e Silva serviu em vários países e foi embaixador na Nigéria. É membro da Academia Brasileira de Letras, autor e organizador de mais de 30 livros. Por sua obra, recebeu em 2014 o Prêmio Camões, o mais prestigiado da língua portuguesa. Em entrevista recente à BBC Brasil , Alberto da Costa e Silva teve a chance de responder a uma pergunta que lhe foi feita desde que começou a estudar a história da África: ‘Por que você, um diplomata, um homem tão letrado, não vai estudar a Grécia?’.
Justamente porque todo mundo estudava a Grécia, explica, ele resolveu estudar a África. “É importante que os descendentes de africanos saibam que eles têm uma história tão bonita quanto a história da Grécia. Que eles não eram bárbaros, que não são descendentes de escravos. São descendentes de africanos que foram escravizados.” E isso é justamente o oposto do que acontece normalmente. “De maneira geral, quando se estuda a história do Brasil, o negro aparece como mão de obra cativa, com certas exceções de grandes figuras, mulatos ou negros que pontuam a nossa história. O negro não aparece como o que ele realmente foi, um criador, um povoador do Brasil, um introdutor de técnicas importantes de produção agrícola e de mineração do ouro”.
Na entrevista, que pode ser lida na íntegra no site da BBC, o historiador também toca num tema sempre polêmico: o racismo no Brasil. “Existe racismo, e muitíssimo. No nosso racismo, não temos um partido racista, mas temos repetidas manifestações de racismo no seio da sociedade. É dificílimo, para um negro, ascender socialmente. A discriminação se exerce de forma muitas vezes dissimulada, mas que os marca muito. O preconceito é discriminatório. Ele não impede você de usar o mesmo banheiro, o mesmo bebedouro, mas dificulta o acesso (do negro) às camadas das classes média e alta”.
Um ponto curioso, segundo o historiador, é o que Brasil foi o último país do Ocidente a abolir a escravidão e o país que recebeu o maior fluxo de africanos escravizados. Apesar disso, o Brasil esteve ausente durante muito tempo dos estudos sobre a história africana, que começou a ganhar vulto entre 1945 e 1960. “Os historiadores brasileiros sempre viam a história das relações Brasil-África com a África figurando como fornecedora de mão de obra escrava para o Brasil, como se o africano que era trazido à força nascesse num navio negreiro. Era como se o negro surgisse no Brasil, como se fosse carente de história. Nenhum povo é carente de história. E a história da África é uma história extremamente rica e que teve grande importância na história do Brasil, da mesma maneira que a história europeia”.
Leia a entrevista completa de Alberto da Costa e Silva a Fernanda da Escóssia, no site da BBC Brasil .
O Zap do Lula trás informações quentes e segmentadas para você poder ficar por dentro…
Valorizar essa categoria é um dos planos do governo do Presidente Lula. Entregadores merecem e…
Confira a lista de grupos regionais do Time Lula Brasil aqui! Participe e faça parte…
Trabalho feito por militantes e ativistas voluntários busca organizar a comunicação no WhatsApp
Faça parte do Zap Time Lula Mulheres! Grupos especiais em defesa da democracia construídos por…
8 de março, um dia que simboliza todas as mulheres e suas lutas, que são…