Inflação: 66,8 milhões de brasileiros estão inadimplentes

Aumento do custo de vida fez com que o número de inadimplentes crescesse em 4,6 milhões em um ano. População de baixa renda deixa de pagar conta para poder comprar comida

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Inflação alta levou 4,6 milhões de pessoas à inadimplência

A ineficiência do governo Bolsonaro na política econômica agravou a inflação, acelerada desde o segundo semestre do ano passado, alcançando 10,07% em 12 meses, segundo IPCA, índice medido pelo IBGE. O aumento do custo de vida nesse período fez com que o número de inadimplentes no país crescesse em 4,6 milhões. Se em agosto de 2021 os consumidores que não conseguiam honrar o pagamento de suas contas e dívidas era de 62,2 milhões de brasileiros, agora esse total é de 66,8 milhões, segundo dados da Serasa Experian.

De acordo com reportagem publicada pelo Valor Econômico, a cifra atual é recorde, e esse crescimento é fortemente observado em dívidas com financeiras, mas também em serviços básicos, como água, luz, gás e no varejo.

Luiz Rabi, economista da Serasa Experian, disse ao jornal que a inflação responde por 90% da inadimplência, e os juros 10%. “A inflação corrói o poder de compra das pessoas, que precisam gastar mais com alimentação e ficam com menos dinheiro para pagar conta. São pessoas com renda mais baixa, vulneráveis em termos de emprego ou até mesmo que já estão inadimplentes ou com o nome sujo”, explicou.

Ainda segundo a Serasa, o valor total devido pelos inadimplentes cresceu de R$ 244,6 bilhões em agosto de 2021 para R$ 281,4 bilhões em junho de 2022, um aumento de 15,04% desde que a inflação começou a acelerar.

Combater a inflação

A política econômica é um dos eixos centrais do plano de governo da chapa Lula-Alckmin. As diretrizes do Programa de Reconstrução e Transformação do Brasil, da coligação Brasil da Esperança, explica o cenário que o país se encontra.

“O atual governo renunciou ao uso de instrumentos importantes no combate à inflação, a começar pela política de preços de combustíveis, além do abandono de políticas setoriais indutoras do aumento da produção de bens críticos. Em contrapartida, implementa uma política de juros altos, que freia a recuperação econômica e agrava o desemprego, mas com pouco impacto na inflação, gerada basicamente por um choque de custos.”

Para reverter o problema, Lula e Alckmin propõem criar novos empregos lançando um grande programa de infraestrutura, reindustrializar o país, além de uma transição para uma nova política de preços dos combustíveis e do gás.

“Os ganhos do pré-sal não podem se esvair por uma política de preços internacionalizada e dolarizada: é preciso abrasileirar o preço dos combustíveis e ampliar a produção nacional de derivados, com expansão do parque de refino”, diz trecho do documento.

Como a renda familiar dos brasileiros desabou e o endividamento das famílias explodiu, outro projeto é promover a renegociação das dívidas das famílias e das pequenas e médias empresas por meio dos bancos públicos e incentivando os bancos privados a oferecerem condições adequadas de negociação com os devedores.