Inflação, reduflação, estagflação: cadê o Guedes?

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Em um ano marcado por recordes sucessivos de inflação mensal, abril fechou com a maior inflação em 26 anos. O IPCA chegou a1,06% em abril, a maior taxa para o mês desde 1996. Inflação, reduflação, estagflação, carestia: palavras que eram comuns nas últimas décadas do século XX voltaram a ocupar o noticiário e, o que é pior, a assolar o cotidiano de brasileiros. O motivo: a desastrosa política econômica de Jair Bolsonaro e seu ministro da Economia, Paulo Guedes.

A inflação – ou, em palavras simples, o aumento de preços – atingiu impressionantes 78,3% de todos os produtos e serviços monitorados pelo IPCA. É o maior índice desde janeiro de 2003. Cruelmente, os principais responsáveis pela alta de preços de abril foram alimentos e bebidas, que subiram 2,06%. Com o alastramento da inflação para quase 80% dos produtos, fica cada vez mais difícil inclusive fazer as “substituições” no cardápio alimentar, que eram sugeridas inclusive durante a ditadura militar. No vídeo abaixo, o locutor sugere substituir tomate por pepino. No Brasil de hoje, não seria possível: em um ano, o tomate subiu 103,26% e o pepino subiu 38,26%.

A inflação dos alimentos, a desvalorização do salário mínimo, o desemprego e o descaso do governo Bolsonaro são os principais responsáveis pela volta da fome no país. No final de 2020, 116 milhões de brasileiros estavam em situação de insegurança alimentar, e 19 milhões passavam mais de 24 horas sem consumir nenhum alimento. Desde então, a situação só tem piorado.

Estoque reguladores de alimentos, controle da inflação e combate à fome

Entre os alimentos com maior inflação acumulada em 12 meses estão a cenoura, que subiu 178,02%, segundo o IBGE, a abobrinha, com altas de 102,99% e a bata inglesa, que encareceu 63,4%. O cenário aterrador que vivemos tem relação direta com a destruição com os estoques reguladores de alimentos da Conab.

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m 2019, Bolsonaro fechou 27 unidades armazenadoras da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento). Esses estoques de alimentos são, em linhas gerais, uma maneira de o Estado proteger agricultores e consumidores dos riscos inerentes da atividade agrícola, como chuvas, seca e etc.

Quando a safra estava abundante, o governo comprava e estocava o excedente de produção. Os estoques, além de serem utilizados para doações de alimentos em situações emergenciais, eram uma potente ferramenta contra a inflação: quando a quantidade de determinado alimento estava muito baixa no mercado, o governo usava os estoques públicos para injetar mais daquela comida. Quanto mais produto no mercado, menor o preço do produto.

Era uma forma de controlar o preço dos alimentos, dar apoio à agricultura familiar e operacionalizar uma política de segurança alimentar e nutricional.

Sem os estoques públicos, todo mundo fica suscetível às mudanças do clima e também ao humor do mercado, gerando o resultado que vemos: inflação disparada, o preço do alimento nas alturas, e a fome voltando a aterrorizar os lares brasileiros.

Com Lula e Dilma, a agricultura familiar e a questão da alimentação do povo brasileiro eram prioridade, com programas como o PAA (Programa de Aquisição de Alimentos) e a valorização da agricultura familiar. Em julho de 2010, a Conab chegou a ter mais de 5,5 milhões de toneladas de milho armazenadas. Em 2012, eram 1,5 milhão de toneladas de arroz.

Reduflação, estagflação e outros pesadelos

Outra palavra que voltou a estar em voga foi a estagflação, combinação de estagnação econômica e inflação elevada, ou seja: quando o país não cresce economicamente enquanto os preços não param de subir. Dados da CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina), órgão da ONU, mostram que o Brasil tem previsão de pior crescimento econômico de todas as Américas em 2022, atrás de países como o Haiti.

Nesse cenário, uma estratégia para mascarar a tragédia é reduzir a quantidade de determinado produto e manter o preço. Esta é a chamada reduflação: menos fósforos na caixas, menos biscoitos no pacote e menos mililitros de amaciante, tudo pelo mesmo preço de antes.

Enquanto isso, a pergunta que não quer calar é: cadê o Paulo Guedes, que já foi o garoto de ouro da Faria Lima?