O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou nesta terça-feira (15) do lançamento do Instituto Futuro Marco Aurélio Garcia. Lula será patrono da instituição, que foi batizada em homenagem à memória de Marco Aurélio Garcia e homenageia seu legado pela integração latino-americana.
O Instituto é fruto de uma parceria entre a Universidade Metropolitana para a Educação e o Trabalho (UMET), de Buenos Aires, e o Conselho Latino Americano de Ciências Sociais (CLACSO). A instituição ficará sediada na Argentina e terá como foco o desenvolvimento compartilhado e a integração latino-americana e caribenha. Luiz Dulci, ex-ministro da Secretaria Geral da Presidência, será diretor da organização. A coordenação executiva ficará a cargo do professor e jornalista argentino Martín Granovsky.
Durante o evento, que ocorreu no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo, Lula destacou a importância da iniciativa na atual conjuntura política da América Latina. “Nós vivemos o período mais progressista e democrático da América Latina e agora estamos vendo ela se deteriorar”, afirmou o ex-presidente. “Durante 500 anos a América Latina aprendeu a ser inimiga. Houve a cultura da divisão entre nós. E nesse mundo de hoje em que ninguém quer se relacionar com países pobres, nós então aprendemos aqui na América Latina que se nos entendermos a chance de melhorarmos a qualidade de vida do nosso povo é muito maior”, destacou.
Neste cenário, o Instituto Futuro Marco Aurélio Garcia vem atender a necessidade de uma profunda reflexão sobre os planos para a região. Entre os objetivos, está avaliar o que fizeram de melhor durante os governos progressistas, com que obstáculos se defrontaram, quais foram as razões de seus êxitos e também de seus reveses, além dos desafios atuais de nossas sociedades. “A lição do que foi a região durante nossos governos progressistas e da situação que está agora ajuda a valorizar a integração. E, pelo Instituto Futuro, também vamos poder criar novos quadros políticos para dirigir a América Latina”, ressaltou Lula.
Nicolás Trotta, reitor da UMET, falou sobre o momento de ruptura que vive o Brasil, com o golpe parlamentar e as recentes perdas de direitos trabalhistas. “Nesse sentido, precisamos aprofundar nossa transferência de conhecimento e estudar como frear as restrições de direitos e o avanço da onda conservadora”, avaliou.
Já Pablo Gentili, secretário executivo do Conselho Latino Americano de Ciências Sociais (CLACSO), fez questão de pontuar que o Instituto, apesar do caráter de estudos sobre as transformações progressistas vivenciadas na América Latina, terá como missão o desenvolvimento de projetos democráticos para o futuro, como reforça seu nome. “A ideia de colocar a palavra futuro tem a ver com o reconhecimento de que não ficamos apenas na dimensão da saudade e sim de que estamos pensando nas próximas conquistas”, ponderou,
Os ex-chanceleres Celso Amorim, do Brasil e Jorge Taiana, da Argentina, marcaram presença no evento. Também estiveram presentes o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana, o presidente da CUT, Vagner Freitas, o secretário geral da Confederação Geral do Trabalho da Argentina, Hector Daer, além do secretário geral da Central dos Trabalhadores da Argentina, Hugo Yasky.
Sobre a UMET
A Universidade Metropolitana para a Educação e o Trabalho é a primeira universidade sul-americana surgida de uma organização sindical, o Sindicato Único de Trabalhadores de Edifícios. Seu trabalho se articula com iniciativas de outras organizações e centrais sindicais e com o Conselho Nacional de Pesquisas Científicas e Técnicas da Argentina. Foi fundada em 2013, em Buenos Aires, com a presença do ex-presidente Lula como convidado especial. A UMET implementa diversas linhas de pesquisa e cooperação, priorizando as políticas públicas, o desenvolvimento das áreas metropolitanas, a responsabilidade social das empresas e temáticas relacionadas à educação e ao trabalho.
Sobre o CLACSO
O Conselho Latino Americano de Ciências Sociais é uma instituição internacional não-governamental com status associativo na Unesco. Criado há 50 anos, em 1967, atualmente reúne 616 centros de pesquisa e pós-graduação no campo das ciências sociais e humanidades em 47 países, que incluem, além da América Latina, os Estados Unidos, Canadá, Alemanha, Espanha, França e Portugal. Entre seus objetivos estão a promoção da pesquisa social para o combate à pobreza e à desigualdade, o fortalecimento dos direitos humanos e a participação democrática. Também busca contribuir, a partir das contribuições da pesquisa acadêmica e do pensamento crítico, para promover políticas de desenvolvimento sustentável em termos econômicos, sociais e ambientais.