O Instituto Lula, entidade que sucede o Instituto Cidadania, foi criado formalmente nesta segunda-feira (15) em São Paulo. Reunidas em assembleia em que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve presente, acompanhado da ex-primeira dama Marisa Letícia, 38 pessoas referendaram o estatuto social da organização.
O principal eixo de atuação do instituto será a cooperação do Brasil com a África e a América Latina, área em que Lula já vem atuando após a sua saída do governo.
(Saiba mais sobre a atuação de Lula em relação à África e à América Latina)
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“O ex-presidente Lula é uma pessoa que tem atitude, e essa atitude tem feito diferença no Brasil e talvez possa fazer diferença em outros lugares do mundo”, afirmou Paulo Okamotto, eleito diretor-presidente do novo instituto.
Lula será o presidente de honra da nova entidade. Na diretoria estarão Clara Ant, arquiteta e ex-deputada estadual; Luiz Dulci, ex-ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República; José de Filippi Júnior, deputado federal; e Paulo Vannuchi, ex-ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos.
A entidade, suprapartidária, não terá fins lucrativos e será independente de estados, partidos políticos ou organizações religiosas. No seu estatuto social estão previstas atividades como a realização de congressos, debates, cursos, pesquisas e convênios, além da publicação de estudos e da manutenção e disponibilização do acervo de Lula.
Compartilhar experiências
De acordo com Lula, não é possível parar de trabalhar após ter atuado oito anos como presidente e de ter conseguido os resultados que obteve. “Fico pensando se é justo parar por aqui ou se devemos levar o acúmulo de experiência que adquirimos para ajudar outros lugares”, afirmou.
O exercício pleno da democracia e a inclusão social aliada ao desenvolvimento econômico estão entre as principais realizações do Governo Lula que o instituto pretende estimular em outros países.
“Em todos os debates que participo as pessoas querem saber o que nós fizemos para ter 40 milhões de pessoas ascendendo de classe social e para tirar 28 milhões de pessoas da miséria absoluta”, relatou o ex-presidente. “Está provado que um outro mundo é possível, e eu acho que se pode radicalizar mais e fazer mais coisas em menos tempo ainda”.
A estratégia que será adotada pelo instituto, segundo o ex-presidente, é de se aproximar dos outros países como parceiros, sem apresentar uma “cartilha” pronta. “Não podemos entrar na África de forma predatória, sem gerar emprego, sem gerar renda. Os brasileiros precisam ter um comportamento sadio, produtivo”, afirmou.
Memorial da Democracia
A construção de um museu para contar a história do Brasil a partir da experiência dos movimentos sociais também será uma tarefa do instituto. Com o nome de Memorial da Democracia, sua concepção deverá ser baseada no Museu da Língua Portuguesa e no Museu do Futebol.
Duas décadas de história
Durante a reunião, o economista Pedro Paulo Martoni Branco fez uma retrospectiva da trajetória do Instituto Cidadania, criado em 1990 por Lula em conjunto com acadêmicos, sindicalistas e participantes de movimentos sociais para atuar na elaboração de projetos e políticas públicas para o fortalecimento do Brasil.
A instituição foi o espaço onde Lula debateu e elaborou com toda a sociedade propostas de políticas públicas antes de ser eleito presidente em 2002. Entre outras realizações, o instituto promoveu, na década de 1990, o Governo Paralelo e as Caravanas da Cidadania.
No Instituto Cidadania também foram criados projetos que balizaram políticas públicas aplicadas pelo governo Lula. O Projeto Moradia inspirou a criação do Ministério das Cidades, do Conselho Nacional das Cidades e de programas habitacionais e de saneamento básico. O Projeto Segurança Pública deu fundamento ao Sistema Único de Segurança Pública, articulado pelo Ministério da Justiça. O Projeto Energia Elétrica concebeu as bases gerais do programa energético nacional. O Projeto Reforma Política, apresentado à Comissão Especial de Reforma Política da Câmara dos Deputados, forneceu subsídios valiosos para a proposta que tramita no Legislativo. O Projeto Fome Zero deu origem ao programa federal de segurança alimentar e combate à fome hoje distribuído por vários ministérios e aglutinado no Bolsa Família.
Veja a lista dos 38 sócios-fundadores do Instituto Lula:
Luiz Inácio Lula da Silva, Marisa Letícia Lula da Silva, Alberto Ercílio Broch, Aloizio Mercadante Oliva, Arlindo Chinaglia, Artur Henrique da Silva Santos, Celso Amorim, Clara Ant, Devanir Ribeiro, Donizete Fernandes, Elisângela dos Santos Araújo, Flávio Jorge Rodrigues da Silva, Francisco Menezes, Franklin Martins, João Antônio Felício, José Alberto de Camargo, José de Filippi Jr, Juvândia Moreira, Lindbergh Farias, Luís Henrique da Silva, Luiz Soares Dulci, Márcia Helena Carvalho Lopes, Márcio Thomaz Bastos, Maria Victória Benevides, Marilena Chaui, Miguel Jorge, Nilcéa Freire, Ottoni Fernandes Jr, Paulo Tarciso Okamotto, Paulo Vanucchi, Pedro Paulo Martoni Branco, Roberto Teixeira, Rui Falcão, Sérgio Nobre, Sérgio Resende, Severine Macedo, Walfrido dos Mares Guia, e Wander Bueno do Prado.
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