O jornal alemão Junge Welt publicou nesta quinta-feira (5) matéria na qual alerta apara o risco que a democracia brasileira corre com as eleições de 2018, com a liderança do ultra-direitista Jair Bolsonaro nas pesquisas, empurrado por um vácuo e pelo ódio à esquerda. Por outro lado, Fernando Haddad é apresentado como um democrata que quer governar para todos.
“No domingo, o maior país da América do Sul experimenta o primeiro turno de suas eleições gerais. Mais de 145 milhões de cidadãos são chamados para redefinir os 531 membros da Câmara dos Deputados em Brasília e 54 dos 81 senadores, dois terços da câmara alta. Os governadores dos 27 estados e o distrito da capital e seus parlamentos também serão eleitos. O foco do interesse público é a decisão sobre o futuro presidente. Enfim, Michel Temer, do Movimento Democrático (MDB), que estará saindo no final do ano, vai ser lembrado por um círculo muito estreito de aliados no Brasil”, diz a publicação, apresentando o cenário.
A matéria lembra que “no Congresso atual, 27 partidos estão representados. Com poucas exceções, seus programas são envelopes vazios. Eles servem apenas como veículos para políticos elitistas, que frequentemente estão no negócio com todo o seu clã. As campanhas eleitorais, extremamente caras são, fortemente personalistas. Aqueles que trazem seu próprio dinheiro como candidatos têm a vantagem de financiar as campanhas”.
O texto lembra do impeachment sofrido por Dilma Rousseff em 2016 e do governo “socialmente devastador” que se seguiu com Michel Temer, com seus aliados tentando se afastar de sua imagem nas campanhas eleitorais.
“O vácuo deixado pelos políticos tradicionais, desacreditados, empurra Jair Bolsonaro, da extrema direita. A aparição do ex-capitão está sob o lema ‘O Brasil sobre tudo e Deus sobre todos’. Ele está intimamente associado aos círculos evangélicos e ao alto pessoal militar. Bolsonaro está no Parlamento há 26 anos e já foi membro de oito partidos políticos. Agora ele se apresenta como um anti-político”, diz o texto.
“Na cultura machista do Brasil, ele chega com seu discurso de ódio, especialmente entre os homens mais jovens.Uma pequena chance de se classificar para o segundo turno deixou o ex-ministro da Integração de Lula, Ciro Gomes, que trabalha para o PDT, mantendo um discurso de esquerda e ao mesmo tempo atacando o PT para ganhar pontos de eleitores com a fobia apropriada.”
“O mais provável, no entanto, é um duelo entre o fascista e o candidato substituto de Lula, Fernando Haddad, que agora tem 22% dos eleitores. Sua coalizão do PT, comunistas, trotskistas e republicanos une um espectro mais estreito do que os projetos anteriormente alcançados pelo Partido dos Trabalhadores. Qualquer um que ainda se incline do lado da democracia, mostrará na segunda rodada”, finaliza a matéria, seguida por um vídeo de Gleisi Hoffmann que convoca brasileiros que moram no exterior a participar das eleições.