Jornal El Economista: “Não é falta de dinheiro, mas de vergonha”, afirma Lula

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Leia abaixo matéria publicada no jornal mexicano “El Economista” do dia 21 de abril de 2013 por ocasião da visita do ex-presidente Lula ao México.

A Ministra de Desenvolvimento Social, Rosario Robles Berlanga, foi apoiada pelo Presidente da República após denúncias do PAN sobre um suposto uso de programas sociais em Veracruz com benefício eleitoral.“Rosario, não se preocupe. Tem que aguentar”, foram as frases que utilizou o mandatário Enrique Peña Nieto no fim de semana em Chiapas, onde foi dado início a diversas ações como parte da Cruzada Nacional contra a Fome.

Acompanhado do ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva – de quem o México retomou experiências de sua estratégia contra a fome -, Peña Nieto expressou que “começaram” as críticas e as desqualificações “daqueles  que se ocupam e preocupam pela política e as eleições”.

E é que no próximo mês de julho haverá comícios ordinários em 14 estados do país.

Mas para nós – disse o Presidente mexicano -, neste governo, temos um objetivo claro: acabar con a fome.

“Que continuem aqueles criticando as ações, porque outros (…) se ocupam com as eleições.  A nós nos ocupa e nos compromete acabar com a fome”afirmou.

Peña Nieto assegurou que a fome não tem partido, cor ou interesse partidário. Os que sofrem fome vivem em uma realidade que para os mexicanos é inadmissível e deve nos levar a somarmos esforços, completou.

No entanto, Lula da Silva indicou que a fome não existe por falta de dinheiro, de produção agrícola ou falta de tecnologia, “a fome existe pela falta de vergonha de governantes no mundo que não se preocupam pelo povo pobre”, indicou.

Lula considerou que é possível erradicar a fome no mundo, mas através de governos comprometidos com os pobres. “Os ricos não precisam dos governos. Quem precisa dos governos são os pobres do mundo”.

Disse que no Brasil, em 10 anos de governo, foi possível tirar da pobreza 33 milhões de pessoas e 40 milhões ascenderam a classe média.

Exemplificou que o salário mínimo passou de 80 dólares a 350 dólares; incrementou o crédito, que antes era de 25% e hoje é de 56% do Produto Interno Bruto; e foi criada uma linha de crédito especial para os pequenos produtores e outra para pessoas que jamais tinha tido acesso ao banco.

Lula da Silva disse que também foi questionado pela oposição devido a sua estratégia Zero Fome em Brasil. “Diziam que o Presidente era populista”, que o programa era “dar esmola” às pessoas, prosseguiu.

“É muito pouco dinheiro. 25, 30, 50 dólares é muito pouco. E eu lhes dizia (aos opositores): É pouco, sim, mas para quem tem muito. Mas para milhões e milhões de mães brasileiras que iam para a cama sem poder dar um copinho de leite a seus filhos e acordavam pela manhã sem dar um pão para seus filhos, para essas mães, 50 dólares talvez não fosse muito, mas sim o suficiente para saciar a fome dos seus filhos”, argumentou o ex-governante brasileiro.

Confira a matéria original publicada na página do El Economista

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