O jornalista Florestan Fernandes Júnior denunciou na manhã desta terça-feira (02/10) o veto do Supremo Tribunal Federal à sua entrevista com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na segunda-feira (01/10), Ricardo Lewandowski, ministro do STF, havia reafirmado a autoridade e a vigência de sua decisão, emitida no dia 28/09, em que concedia o direito ao jornalista Florestan Fernandes Júnior e à Folha de S.Paulo de entrevistarem o ex-presidente.
O presidente do STF, Dias Toffoli, contudo, vetou posteriormente a realização das entrevistas, dando indícios de que tentará deixar sua realização para depois das eleições. Tudo dentro da lógica “com o Supremo, com tudo”.
Florestan Fernandes Júnior disse à Rádio Inconfidência nessa terça que ele chegou a se dirigir a Curitiba para entrevistar Lula. Mas que a interferência de Toffoli num momento e do ministro Luix Fux em outro, o impediu de gravar com o ex-presidente.
Na conversa com o jornalista e radialista Elias Santos, da Empresa Mineira de Comunicação (Rádio Inconfidência e Rede Minas), Florestan Fernandes Júnior lamenta o momento em que Toffoli deu um despacho “proibindo pela segunda vez a entrevista e tirando do jornalista o direito de cumprir o papel de bem informar a população”.
Além de Florestan Fernandes Júnior, que ia realizar a entrevista para a Rádio Inconfidência e para o jornal espanhol El País, a jornalista Mônica Bérgamo entrevistar Lula pela Folha. “Nos sentimos tolhidos em relação à nossa profissão, e ao nosso direito de trabalhar, de como jornalistas exercermos nossa profissão”.
Ele conta que o El País já havia programado de dar a entrevista na capa do jornal – e que seria “uma entrevista de muito impacto no mundo todo”. Para ele, a situação colocada causa uma repercussão internacional muito ruim para o Brasil, pois denota que o cerceamento à liberdade de expressão chegou ao país.
Violência e tempos passados
O jornalista se disse “preocupado”, e lembrou que “a gente já viveu isso em tempos passados”. Florestan Fernandes Júnior afirmou que “esperava atitude mais enérgica com relação a essa violência”, tanto da parte dos veículos de comunicação quanto de colegas jornalistas.
Para ele, as decisões do Judiciário no caso, em lugar de “ajudar a nossa democracia, de fortalecer, enfraquecem: enfraquecem a imagem do país lá fora, mostra a todos que o país vive um momento muito grave”.
Florestan Fernandes Júnior afirmou estar “preparado para enfrentar as dificuldades”. Na sua leitura, o país chegou a atravessar recentemente um período de democracia plena, mas “aos poucos estamos perdendo direitos que foram conquistados ou reconquistados com muito esforço, com muita luta”.
Ao final de seu testemunho à Rádio Inconfidência, o jornalista concluiu se dizendo “muito preocupado com relação ao futuro da liberdade de expressão” no Brasil, além de “muito preocupado com outras questões de direitos do trabalhador que estão sendo retirados desde 2016”.
Para ele, “as pessoas ainda não se deram conta do que isso tudo vai custar para o país e o que está por trás disso tudo. O momento é muito grave”.
Confira abaixo um pouco mais sobre a história vivida pelo jornalista, que marca mais um capítulo na tentativa de calar Lula, de cercear os direitos do ex-presidente do Brasil – além de ferirem a liberdade de imprensa e a democracia no país de forma aguda.