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Leia a íntegra da entrevista de Lula para a rádio Vitoriosa, de Uberlândia (MG)

Na manhã da terça-feira, 14, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu uma entrevista para a rádio Vitoriosa, de Uberlândia (MG). Confira a íntegra da conversa com o apresentador Lourival Santos.

Lourival Santos:
Rádio Bons Ventos em Araguari e todo o Alto Paranaíba, seja bem-vindo.

Luiz Inácio Lula da Silva:
Bom dia Lourival, bom dia ouvintes da Rádio Vitoriosa, bom dia ouvintes do programa Manhã Vitoriosa, é um prazer poder falar novamente com você Lourival. E queria começar dando uma boa notícia para você. Eu estava com dúvida se eu ia poder ir a Uberlândia amanhã por causa do Covid, e hoje eu fui comunicado pelo médico que eu fiz exame e deu negativado. Então significa que amanhã eu estarei em Minas 100% livre do Covid. Mas ainda se tiver aglomeração eu vou utilizar máscara para evitar abuso com uma doença que a gente ainda não conseguiu debelar. Mas é um prazer, é um prazer voltar a Uberlândia, é um prazer conversar com você, é um prazer conversar com o pessoal do Triângulo Mineiro. Estou à tua disposição Lourival para qualquer pergunta que você queira fazer. Só queria te falar que você está percebendo que eu estou um pouco rouco ainda, então eu vou falar um pouco mais baixo para não forçar a voz. Isso deve ser sequela do Covid, na verdade.

Lourival Santos:
É verdade. Primeiro parabéns pelo casamento, agora um homem casado como eu, como o senador Wellington Salgado, somos felizes, que Deus abençoe essa família, está bom presidente?

Luiz Inácio Lula da Silva:
Você sabe que quando eu começo a namorar a primeira coisa que eu falo é o seguinte, isso é sério, para casar. Eu não gosto de ficar enganando filha dos outros não. 

Lourival Santos:
Está certo, presidente, é como eu.

Luiz Inácio Lula da Silva:
Homem sério casa.

Lourival Santos:
É como eu e o senador Wellington Salgado, nós arrumamos e casamos e nós não enganamos. Mas vamos trabalhar. Presidente, porque Uberlândia como marco de lançamento da chapa Lula e Kalil?

Luiz Inácio Lula da Silva:
Olha, Lourival, primeiro porque Uberlândia é uma das cidades mais importantes desse país, é certamente uma das cidades mais importantes de Minas Gerais, e porque o Triângulo Mineiro é um polo de desenvolvimento altamente respeitável, tanto no setor de serviços, setor de comércio, setor do agronegócio. Então, é muito importante dar o pontapé inicial numa cidade extraordinariamente grande, uma cidade rica, com problemas como todas as outras cidades brasileiras. E eu acho que eu não poderia, como eu já fui à Belo Horizonte esse ano, eu já fui a Contagem, já fui a Juiz de Fora, então tomei a atitude de que seria importante a gente fazer o ato de lançamento da pré-candidatura do companheiro Kalil em Uberlândia.

Lourival Santos:
Muito bem. O senhor está falando também para Bons Ventos, Araguari, Mania Araguari e todo o Alto Paranaíba através da nossa Rádio Vitoriosa 105.5. Candidato, pré-candidato, o que o senhor viu em comum em Alexandre Kalil para tê-lo como seu candidato ao governo de Minas Gerais?

Luiz Inácio Lula da Silva:
Olha, primeiro eu conheci o Kalil uma vez num jantar quando o Pimentel era governador do estado de Minas Gerais, e eu já conhecia o Kalil do sucesso do Atlético Mineiro, da grande gestão que ele fez no Atlético Mineiro, e depois eu tive o prazer o Kalil já como prefeito. E na conversa com o Kalil eu senti um homem da mais alta competência profissional, um homem disposto a fazer as coisas corretamente, um homem cheio de vontade de trabalhar, cheio de vontade de mudar. E foi interessante porque eu pouco conhecia ele e ele disse pra mim, isso eu acho que era por volta de 2017, 2016, ele disse para mim: olha, eu queria lhe falar que se o senhor for candidato a presidente eu vou votar no senhor. Ou seja, ele nem me conhecia direito. 

Então, eu acho que depois disso ele se lança pré-candidato, eu comecei a trabalhar a ideia de que era preciso construir um palanque forte não apenas para que eu tivesse uma forte eleição no estado de Minas Gerais, mas para que o Kalil também fosse eleito governador. E a ideia que eu tenho é que se a gente ganhar as eleições para presidente, a gente ganhar Minas, ganhar São Paulo, ganhar Rio de Janeiro, a gente pode fazer uma revolução nesse país do ponto de vista do crescimento econômico, da distribuição de renda. Porque na verdade é isso que está precisando no Brasil. 

Ou seja, eu queria te dar um número para você ver que loucura, que loucura Lourival. As empresas listadas na Bolsa de Valores cresceram no trimestre desse ano 80%. Em compensação, a renda dos 5% mais pobres caiu 34%, segundo o IBGE. Então, toda vez que você ouve falar em crescimento do PIB, crescimento na Bolsa de Valores, você precisa sempre se perguntar se esse crescimento foi repartido com aqueles que trabalham nessas empresas. E normalmente, o que a gente está percebendo, é que não é, é que o rico continua ficando cada vez mais rico, o pobre continua cada vez ficando mais pobre. 

Nós tínhamos duas mil pessoas que moravam nas ruas de Belo Horizonte em 2012, hoje nós temos mais de 8 mil pessoas morando na rua. Ou seja, significa que houve um empobrecimento da sociedade brasileira. E eu acho que o Kalil ele tem esse dinamismo, o Kalil tem pegada, ele tem disposição, e juntos nós vamos fazer esse país ficar muito melhor, bem melhor, mas muito mesmo melhor, porque o povo precisa comer, trabalhar, estudar, ter acesso a lazer, ter acesso a cultura, e poder criar a sua família em paz e com muita tranquilidade, sem a quantidade de ódios e a quantidade de mentiras que nós temos hoje. Por isso ele foi o meu escolhido para fazer a dobradinha em Minas Gerais.

Lourival Santos:
Muito bem. 9h37, estamos entrevistando aqui o nosso ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, pré-candidato a presidir novamente, a comandar o país. Uma pergunta aqui, qual o senhor presidente, como presidente o senhor estava, claro, Uberlândia foi contemplada com grandes obras, duplicação Uberlândia-Uberaba, Uberlândia-Catalão, Uberlândia-Trevão, Anel Viário Sul. Para o próximo mandato, qual o grande projeto de governo que o senhor tem para a nossa cidade, para o Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba?

Luiz Inácio Lula da Silva:
Olha, eu poderia te dizer que, inclusive a maior usina de saneamento básico no Brasil foi feita em Uberlândia, por nós, que o presidente acabou de inaugurar. Mas fomos nós que começamos a fazer essa obra de saneamento básico. Olha, se a gente for listar a quantidade de obras que nós fizemos, se a gente for listar universidade, os campus avançados, a Universidade de Uberaba, que nós transformamos a faculdade, as escolas técnicas que nós fizemos, os institutos federais, você vai perceber que nós fizemos uma revolução muito grande nessa região e é preciso fazer muito mais. 

Porque veja, se nós quisermos que o Brasil se transforme num país importante no mundo do ponto de vista econômico, que o Brasil possa ser um país levado a sério no mundo, nós precisamos crescer. E para crescer você tem que gerar emprego de qualidade, e para que tenha emprego de qualidade você precisa investir na Educação. Se você não conseguir investir na Educação, investir em Ciência e Tecnologia, investir para formar a nossa juventude o Brasil não vai crescer. É a Educação a base de desenvolvimento do país, e nessa Educação formar muitos engenheiros, formar muita gente especializada em engenharia espacial, em informática, porque é isso que vai dar ao Brasil. 

E Uberlândia é uma cidade pólo, Uberlândia é uma cidade grande, é uma cidade rica, é uma cidade que cresceu bastante. Então eu acredito que é essa coisa que nós precisamos fazer para o Brasil voltar a crescer. Eu já disse que quando eu ganhar as eleições eu pretendo logo depois da posse fazer uma reunião com todos os governadores brasileiros eleitos, todos, sem perguntar de que partido é o governador, para que a gente estabeleça as prioridades de cada estado na questão da infraestrutura educacional, na infraestrutura da saúde e também na infraestrutura de rodovia, de ferrovia, para que a gente tome uma atitude conjunta, recuperar a aliança e a relação civilizada entre os entes federados para que a gente possa fazer a economia brasileira voltar a crescer de verdade. 

Porque o crescimento que gera emprego, o emprego gera salário, o salário gera consumo, o consumo gera mais emprego, gera mais salário, gera mais comércio, ou seja, a economia dá um salto de qualidade e a gente vai viver o que nós vivemos em 2010, a gente vai viver o que nós vivemos em 2008, quando mesmo com a quebra do Banco Lehman Brothers nos Estados Unidos, eu disse que a crise seria uma marolinha para nós e ela foi uma marolinha porque a economia terminou 2010 crescendo 7,5% ao ano e o comércio por volta de 14%. Então é isso, nós precisamos fazer a roda da economia girar, e para a roda da economia girar, o pobre tem que ter direito de consumo, o pobre tem que ter direito de ter um dinheirinho para comprar um vestido para a sua filha, para comprar um sapato para o seu filho, para comprar comida, para comprar caderno de qualidade, ou seja, é essas coisas que nós precisamos fazer, nós precisamos garantir às pessoas que elas vão ter o mínimo necessário para sobreviver com dignidade. E isso depende muito da distribuição de riqueza, depende muito do crescimento econômico. 

E é isso que nós vamos fazer. Por isso nós vamos fazer um grande investimento em infraestrutura. Eu tenho consciência que quando o governo conquista credibilidade o governo tem que dar um pontapé inicial e colocar dinheiro público para começar a crescer, o governo tem que convencer os empresários privados de que é importante eles participarem desse crescimento. E eu tenho certeza que não tem nenhum candidato no Brasil, que não tem nenhuma pessoa que tenha a credibilidade que eu conquistei no exterior para que a gente convença investimentos estrangeiros a virem para o Brasil, não para comprar empresas estatais ou comprar as nossas empresas, mas para fazer investimento novo, para gerar crescimento econômico e para gerar emprego e distribuição de riqueza. 

É isso que vai acontecer no Brasil. Você vai voltar a sorrir outra vez, Lourival, você vai começar os teus programas com alto humor, com alto astral, porque você vai perceber que não tem mais criança pedindo esmola nas ruas de Uberlândia, você vai perceber que não tem mais gente dormindo nas ruas de Belo Horizonte, você vai perceber que o povo vai estar trabalhando e vivendo dignamente, você não vai ver mais ninguém na fila do açougue para pegar o osso, você não vai ver as pessoas ficar na beira da estrada para pegar o caminhão tombado e roubar carcaça de frango para comer, você não vai precisar ver as pessoas no fim da feira, quase no horário da tarde para comprar a xepa. Não. As pessoas vão ter que viver comendo bem e com comida de qualidade, e às custas do seu trabalho, as custas do seu suor, as custas da sua capacidade, porque é isso que dá orgulho num homem e numa mulher.

Lourival Santos:
O povo de Uberlândia, eu conheço bem e o de Minas Gerais, Uberlândia tem uma promessa, Uberlândia vai voltar a sorrir. Com o governo que nós temos aqui, o prefeito, Uberlândia está chorando cada vez mais, não tem moradia para o povo, o povo está sofrendo aqui. Mas vamos seguindo com a entrevista. Presidente, mesmo sendo presidente do Brasil por dois mandatos e deixando o governo com 87% de aprovação do povo brasileiro, sempre há o que aprender. Caso seja eleito, o que o senhor colocará em prática que ainda não foi feito nos dois mandatos para tirar o Brasil do buraco?

Luiz Inácio Lula da Silva:
Lourival, veja que loucura que a gente está vivendo, quando eu deixei a presidência eu imaginei que o Brasil já estava na sexta economia do mundo, eu imaginei que o Brasil poderia chegar à quinta economia do mundo. Aí deram um golpe na Dilma prometendo fazer uma ponte para o futuro, e essa ponte que foi feita só ficou o abismo, a ponte não existe, jogaram o Brasil num buraco. Então eu estou concorrendo às eleições dez anos depois que eu deixei a presidência, dez anos não, doze anos depois que eu deixei a presidência e eu estou encontrando o Brasil pior do que eu quando eu peguei em 2003. 

Veja que loucura. A inflação está um pouco maior do que eu peguei em 2003, a taxa de juros está maior, ou seja, você tem um empobrecimento da sociedade que a gente não tinha. Uma dona de casa hoje não pode comprar um botijão de gás, porque aí em Uberlândia deve estar R$ 113,00, R$ 115,00. Tem lugar no Brasil que está a R$ 150,00. Você compra um carro e não pode mais encher o tanque de gasolina. Nós temos 33 milhões de pessoas passando fome segundo o IBGE. Então, o que eu vou fazer de novo? 

Eu poderia citar, eu poderia dizer para você, nós quando governamos o Brasil só em Uberlândia nós fizemos 25 mil casas do Minha Casa Minha Vida. Quantas casas foram feitas depois que o PT deixou o governo? Quantas casas? Não foi feito casa. Porque o Minha Casa Minha Vida foi o maior programa habitacional da história do Brasil, foram mais de 4 milhões de casas contratadas. Então, o que nós fizemos em Uberlândia de desenvolvimento, o que nós fizemos em Uberaba de desenvolvimento, o que nós fizemos nas estradas mineiras, e eu sei que falta muito porque as estradas mineiras foram quase todas federalizadas, e o Aécio quando era governador não fez o que tinha que fazer. Porque esse foi o acordo feito com o Malan. Então, o que nós vamos ter que fazer? Imagina a loucura, Lourival, eu posso voltar a ser presidente em 2022, doze anos depois que eu deixei a presidência, e vou pegar o Brasil pior do que eu peguei em 2003. 

Significa que o problema do emprego é prioridade, o problema da saúde é prioridade, o problema do salário é prioridade, a questão da inflação é prioridade, o custo de vida é prioridade porque o povo não está mais conseguindo comprar o que comer. Eu vou te dar um número aqui, Lourival, para você ver que absurdo. Tem um número aqui, a cesta básica, a cesta básica que no meu tempo de Minas Gerais, no meu tempo, a cesta básica que em 2010 custava R$ 206,00, a cesta básica hoje custa R$ 667,00. Ou seja, aumentou 222%, e o salário mínimo não aumentou. Então, você percebe que a gente vai voltar para refazer tudo o que a gente já tinha feito e tentar fazer coisas novas. 

É por isso que eu disse para você no começo da entrevista que eu queria reunir os governadores, ver com os governadores quais são as principais coisas que tem que fazer, e a gente fazer junto, um pouquinho de dinheiro do estado, um pouquinho da União, um pouquinho do município, porque tem que envolver todo mundo. Eu vou conversar com os prefeitos como eu conversava quando eu era presidente. Porque não é possível o Brasil ser rico ou Minas ser rica, se a cidade é pobre. É na cidade que o povo tem escola, é na cidade que o povo quer médico, é na cidade que o povo sente o buraco na rua, é na cidade que a pessoa vive, então a cidade tem que estar bem. Então, não é possível você governar a partir de Brasília e esquecendo o estado, esquecendo a cidade. Então é isso que nós vamos fazer, nós vamos repactuar a necessidade de fazer crescimento nesse país. 

Eu disse para você agora a pouco, nós vamos tomar atitude de fazer investimento público na questão da infraestrutura, nós vamos fazer com que o BNDES volte a ser um banco de desenvolvimento de verdade, nós vamos mudar um pouco o BNDES, ao invés de emprestar dinheiro para grandes projetos, para empresa grande, nós vamos ter que emprestar dinheiro para pequenas e médias empresas. Nós vamos ter que valorizar muito e criar uma forma de investimento ao pequeno empreendedorismo nesse país, que precisa muito. Nós vamos incentivar a construção de muitas cooperativas nesse país para gerar emprego em pequenas comunidades, para gerar emprego nas vilas. 

Nós vamos continuar investindo na Educação, porque se alguém falar para mim que Educação é gasto vai tomar um cascudo, porque Educação é investimento, e é o mais importante investimento que você faz num país. Fica muito mais barato investir na construção de uma sala de aula, numa universidade ou numa escola pública do que investir numa cela, numa cadeia. Então, fica muito mais barato cuidar de um estudante do que cuidar de um preso, meu caro. Então nós vamos fazer esse país voltar a ser feliz, esse país vai voltar a crescer, e é isso que eu estou dizendo para você, depende do Estado, depende de você ter muita credibilidade, depende de você convencer os empresários a fazer investimento, e depende de você convencer externamente, investidores estrangeiros, a voltar em coisas novas no nosso país. 

Além disso, continuar exportando muito o agronegócio, tentar recuperar o parque industrial brasileiro. Você sabe que a gente já teve na indústria brasileira, o PIB industrial já foi 30%, hoje o PIB industrial é apenas 11%, significa que as empresas brasileiras desapareceram. Então, nós temos que saber que tipo de empresa nós vamos fortalecer, que tipo de empresa a gente vai querer criar, que tipo de empresa a gente vai fazer. 

E sobretudo Lourival, que tipo de emprego. Com essa coisa do mundo digitalizado, com essa coisa da indústria de dados, com essa coisa de 5G, 4G, 3G, ou seja, nós vamos ter que unir governo, trabalhadores, universidades e pesquisadores para que a gente descubra que tipo de emprego a gente pode oferecer para a juventude brasileira, que precisa trabalhar e estudar. Esse é um desafio extraordinário e é o desafio que eu quero enfrentar. Porque quando a gente fala que a juventude é o futuro do país, não pode ficar só na palavra, nós temos que garantir, oferecendo oportunidades para que essa meninada toda possa ser melhor do que a nossa geração. E é isso que eu vou fazer, pode ficar certo, muito trabalho. Ao invés de ficar fazendo motociata em Los Angeles, em Miami, ao invés de fazer ficar fazendo passeata de jet ski, ao invés de ficar… sabe o que eu vou fazer? Eu vou andar esse país, conversar com o nosso povo, sentir a alma do nosso povo para governar para o povo e junto com o povo. 

Lourival Santos:
Muito bem, nós estamos entrevistando aqui o pré-candidato à presidência do Brasil, o Lula, Luiz Inácio Lula da Silva, que neste momento ele fala para mais de 2 milhões de pessoas só em Uberlândia e região. Só em Uberlândia são mais de 800 mil pessoas que acompanham diariamente a Vitoriosa, também Araguari Bons Ventos FM, Mania FM Alto Paranaíba. Lula, o que não foi feito nos oito anos no seu mandato que o senhor quer voltar para colocar na prática? Eu não fiz isso e eu quero fazer.

Luiz Inácio Lula da Silva:
Ah, eu quero fazer muita coisa. Eu quero melhorar mais a Saúde do que nós melhoramos, eu quero fazer com que o SUS… Eu não sei se você sabe Lourival, o SUS apanhou muito desde que nós criamos o SUS na Constituição de 88. O SUS foi muito atacado, o SUS apanhou muito, sobretudo da iniciativa privada, na área da Saúde, só se via defeito no SUS. Quando aparece o Covid, me parece que foi a mão de Deus, que o SUS levantou a moral de médicos e enfermeiros e profissionais, porque se não fosse o SUS a gente tinha tido mais de um milhão de mortes nesse país. 

Então, eu acho que nós vamos melhorar a Saúde, melhorar muito, é preciso garantir que as pessoas mais humildes não vão ao médico e saiam com uma receita na mão sem ter remédio para comprar, tem que sair com remédio na mão. Eles acabaram com a farmácia popular, acabaram com o Aqui Tem Farmácia Popular, acabaram com o Mais Médicos, que levava médico nos lugares mais longínquos desse país. Então nós vamos fazer isso, nós vamos continuar aprimorando. 

Recuperar o ProUni, recuperar o FIES, fazer com que a Educação volte a ser prioridade nesse país. E vamos fazer um grande investimento de infraestrutura. Você está lembrado do PAC, eu lancei o PAC em 2007. Pois bem meu caro, o PAC foi o maior programa de investimento em infraestrutura que esse país teve conhecimento, o país gerou milhares e milhares de empregos. No nosso período de governo foram gerados 22 milhões de empregos com carteira profissional assinada. Então nós agora vamos ter que fazer uma revisão na reforma trabalhista, na reforma da Previdência, na perspectiva de adequar aos tempos atuais sem que os trabalhadores voltem a ser escravos. 

Porque veja, os trabalhadores que estão trabalhando em aplicativos hoje eles são vendidos para a sociedade, eles são empreendedores, mas eles não têm nenhum direito. Se o carro quebra, se a motocicleta vira, se a bicicleta quebra o cara, ou seja, o cara não tem nenhuma seguridade social nem para ele e nem para a família. Então é preciso que a gente garanta a esses trabalhadores o direito mínimo. Nós temos um exemplo importante que é a cidade de Araraquara em São Paulo, em que o prefeito está pegando esses trabalhadores de aplicativo, está organizando eles em cooperativa, construiu um lugar lá, arrumou lá um lugar para que fosse a sede das cooperativas, e ao invés da empresa de aplicativo ficar com 50% do que a pessoa ganha, a pessoa fica com 90% do que ganha e apenas 10% para o gerenciamento da cooperativa. É uma nova forma de gerar empregos e de valorizar a criatividade do povo brasileiro.

Lourival Santos:
Olha, presente aqui no estúdio da Vitoriosa acompanhando a entrevista Gilmar Machado, pré-candidato a deputado federal, Dandara, vereadora de Uberlândia a pré-candidata a deputada federal, Patrícia Melo, vice-presidenta do PT de Minas Gerais, os assessores Gilmar Machado e assessores também da vereadora Dandara. Presidente, como está o debate do Lula com os grandes empregadores deste país? Acredito que atacar de forma muito contundente esse desemprego seja uma luta muito grande. Como está essa conversa do senhor com os empresários?

Luiz Inácio Lula da Silva:
Olha, primeiro Lourival, um abraço de coração ao Gilmar, a Dandara e a todos os companheiros e companheiras que estão aí. E eu tinha esquecido, eu quero que você transmita um abraço ao Wellington Salgado, o nosso grande senador.

Lourival Santos:
Daqui a pouquinho, eu não ia deixar ele fazer uma pergunta para o senhor nem o Gilmar Machado, mas daqui a pouquinho eles estão aqui no estúdio, o senador também está aqui.

Luiz Inácio Lula da Silva:
Então dê um abraço nele. Deixa eu lhe falar uma coisa. Eu pretendo, você está lembrado que quando eu ganhei as eleições em 2003, quando eu tomei posse eu criei um Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, esse Conselho tinha praticamente 90 pessoas dentre as quais todos os grandes empresários brasileiros, médios empresários, pequenos empresários, sindicalistas, religiosos. Eu vou recriar o Conselho, eu vou recriar o Conselho. Talvez eu crie mais de um Conselho para separar a parte da agricultura da parte empresarial, quem sabe para separar os grandes empresários dos pequenos empresários. 

Eu pretendo fazer com que esse país se transforme num centro de debate cotidiano envolvendo todos os segmentos organizados da sociedade para que todos assumam a responsabilidade pelo Brasil. Porque você veja, quando eu faço uma reunião com o banqueiro ele quer saber do teto de gastos, ele quer saber da taxa de juros, ele quer saber do ajuste fiscal. Nunca nenhum banqueiro perguntou para mim: “presidente, eu queria ajudar o povo de rua, presidente, eu queria acabar com a pobreza, presidente, eu queria participar com o senhor, eu queria ajudar o Brasil”. Não. Ele só pensa no dele. Ou seja, então o que eu quero é que toda essa gente pense em ganhar dinheiro, mas essa gente pense em contribuir para que a gente possa acabar com a pobreza. 

O número que eu te dei agora há pouco de que as empresas listadas na Bolsa num trimestre ganharam 80%, e o salário dos mais pobres caiu 34%, é o retrato de que… Você está lembrado em 1974, na época do regime militar, a economia crescia 14% nos anos 70, mas não havia distribuição, o crescimento ia só para o bolso de alguns. E nós queremos que o resultado do crescimento seja distribuído, como nós fizemos no meu governo e no governo da Dilma. 

Ou seja, o que a gente fazia? Todo ano a gente reajustava o salário mínimo, a gente reajustava com base na inflação e dava aumento real em relação ao crescimento do PIB dos últimos dois anos. É por isso que nós aumentamos o salário mínimo em 74%. É preciso que o crescimento econômico seja redistribuído, porque quando as empresas têm prejuízo o trabalhador paga, ele é mandado embora, ele não tem aumento de salário. Agora, quando a empresa cresce, ela precisa retribuir, aquilo que é a parte do crescimento precisa ser distribuída para os trabalhadores, porque não existe nenhum patrão que faça a sua empresa crescer porque ele não está lá no chão de fábrica trabalhando. Quem faz a empresa crescer são os trabalhadores. Agora, na hora de repartir o lucro fica só com um? 

Não, é preciso rediscutir esse país, senão a gente não vai ser uma nação civilizada. E para ser uma nação civilizada todo mundo precisa participar do crescimento, e todo mundo precisa participar do resultado. É esse país que eu pretendo construir, é esse país que eu pretendo discutir com a sociedade brasileira. Por isso nós vamos convocar muitas conferências nacionais para discutir todos os assuntos graves nesse país, para que a gente possa fazer com que a sociedade seja co-participante, que a sociedade não seja apenas coadjuvante votando e deixando as coisas acontecerem. A sociedade tem que se transformar no sujeito da história, da transformação desse país, para poder ajudar o governo a governar. Porque se você é um governo que você trabalha 24 horas por dia é difícil. Agora, quando você é um governo que não trabalha, só faz motociata e fake news não vai para lugar nenhum o país, é o que está acontecendo com o nosso querido Brasil.

Lourival Santos:
Muito bem. Essa entrevista eu iria o dia inteiro, mas a gente sabe que agenda é grande, a produção já está aqui, Lourival… Mas eu tenho aqui o senador Wellington Salgado para fazer uma colocação ao senhor, e depois o Gilmar Machado. Senador à vontade com o Lula.

Wellington Salgado:
Presidente, foi preciso Vossa Excelência me chamar ao microfone porque o meu radialista não me deu oportunidade nem para mim e nem para o Gilmar, mas…

Lourival Santos:Foi ordem do Lula, eu não chamaria não.

Wellington Salgado:
Presidente, um prazer falar com o senhor. Eu realmente cada vez que eu escuto, eu não vou nem ficar elogiando tanto que parece puxação de saco. Mas na verdade eu participei da eleição de 2002 a 2010, durante seus dois mandatos, eu e o Hélio Costa, depois virei senador durante cinco anos e meio e pude conviver com Vossa Excelência. E assim que nós ganhamos a eleição uma coisa que me marcou muito foi no café da manhã que eu e o Hélio Costa ainda não tínhamos tomado posse, fomos tomar com Vossa Excelência, e aí chegou uma hora que o senhor falou o seguinte: olha, eu preciso botar comida na barriga do povo, porque uma pessoa mal alimentada não pode correr atrás de emprego. 

E aquilo eu não tenho, não sou carreirista político, saí dali e falei para o Hélio, Hélio, o que que esse cara está falando disso, como é que é isso? E eu observei, o senhor criou o Bolsa Família, botou comida na barriga do povo, depois criou o emprego, que veio evoluindo o país. A verdade é essa. E eu vejo hoje o senhor muito mais, um homem sofrido, passou pelo que passou, não estou falando só de operações não, eu estou falando de tudo, de não deixarem o senhor ir para o enterro do neto, de não deixarem o senhor ir para o enterro do irmão, são coisas que afetam a alma da pessoa. E o senhor passou da fase de querer mostrar que é corajoso, o senhor não tem nada para provar, o senhor vai fazer um trabalho que o senhor conhece bem. 

Quem viveu os oito anos do governo de Vossa Excelência sabe como o país progrediu. Um dia eu estava no meu banco, que é o Bradesco, lá em São Paulo, e os caras começaram a falar, eu falei meu amigo, vê quando o Bradesco ganhou mais dinheiro, depois desce ali na rua, pergunta ao baleiro quando ele ganhou mais dinheiro. A economia corria, o dinheiro só dá para ver quando ele passa da mão de um para o outro, é a única coisa que faz girar, e o senhor deu o dinheiro para esse povo que não consumia, colocou dinheiro na mão dele, todo mundo achava que o senhor iria gerar inflação. E não gerou inflação e o povo começou a viver melhor, e aí todo mundo andando na rua, saía de tarde, você via aquele movimento na rua. Isso hoje não tem. 

É o que eu costumo falar para todos que conversam comigo, não adianta ter alguém que não tenha vindo de baixo, que tenha um coração, que saiba como é que é, que já sentiu fome, como é que é fazer. Isso eu falo, amigos como Eduardo Campos era meu amigo, todo mundo pensa, esses grandes líderes pensavam como o senhor. E hoje eu não entendo como é que pessoas que viveram na fase que o senhor foi presidente ainda podem contestar o tipo de modelo que virá com a sua administração, Vossa Excelência vencendo a eleição, eu não consigo entender. 

Mas pelo menos, presidente, quando eu chego em casa que o meu filho que tem 17 anos fala: pai, o Lula vai lá na universidade, será que daria para levar três amigos meus que querem conhecer o Lula? Garoto que você não viu a sua administração. Então, eu falei, mas por que querem? Não, eles gostam do Lula. E garoto estudando numa boa escola, presidente, tem conhecimento. E o professor também que leciona lá fala, arruma um espaçozinho para eu ver o Lula. Então quer dizer, ainda há uma esperança nisso, há uma esperança. Porque eu vi a sua administração, presidente. Eu não estou falando aqui que eu li no livro, li jornal, não, eu estava lá, eu vi. Eu vi o senhor sofrer em momentos difíceis, participei de reuniões fechadas. Hoje você não pode nem conversar. Dentro da minha própria família é difícil até conversar. 

Como é que pode o povo de Uberlândia reclamar, o senhor fez a ligação para Uberaba, cara, não tinha aquela pista, eu quebrava pneu indo para Uberaba. O Gilmar aqui do meu lado, foram quantas casas Gilmar que colocou aqui? 25 mil casas aqui em Uberlândia. Não é possível que o pessoal não veja que isso pode voltar. Bom, eu não vou ficar aqui falando aqui não porque como eu sou seu fã isso vai parecer coisa… Mas eu estou por Vossa Excelência, temos aqui pessoas aqui acompanhando. Espero que o senhor vença as eleições, eu estou falando isso mesmo, o senhor se tornando candidato vença a eleição, porque o senhor não tem nada para provar, o senhor não tem que provar que é corajoso, já passou da fase de provar que é corajoso. O senhor quer deixar um legado que já deixou e destruíram. 

Então, presidente, eu estou torcendo, vi a sua história, participei da sua história e é por isso que eu defendo em todo local que o senhor volte a administrar esse país. E tenho certeza que todo mundo vai ganhar dinheiro de novo, lá de cima até lá embaixo, o movimento nas feiras vão aumentar. Então é isso que eu estou torcendo, que o senhor volte e mostre tudo o que o senhor já sabe fazer, não vai precisar de dois anos para aprender como é ser presidente, o senhor já foi. Então, nós vamos ganhar aí dois anos, porque aquele que ganha aprende a ser presidente para depois fazer durante dois anos. Não, o senhor já sabe como é que, o senhor já sabe como é que manda, o senhor já sabe quem botar lá, o senhor sabe como agregar o governo que alguns chamam de centrão. Eu não sou centrão, centrão é o governo, são os deputados que acreditam no governo. Pode acreditar no que está aí ou no que vai vir. Então, presidente, eu estou aqui realmente, obrigado por meu locutor me dar a palavra, se o senhor não pede, ele não deixava eu falar.

E estamos aqui com a Dandara, que é uma pessoa de grande momento político que está vivendo, rejuvenescendo toda a política. Então, presidente eu estou aqui, e amanhã eu vou estar lá e transmitir ao vivo tudo o que o senhor vai falar, que o pessoal, o Vander da Rádio Diretor já programou tudo, que vamos transmitir o seu recado de pré-candidato. Um abração para o senhor.

Luiz Inácio Lula da Silva:
Um abraço Wellington. Wellington, é importante fazer justiça, você não estava vendo, você estava ajudando a fazer, porque você enquanto senador foi um companheiro que deu muito força para que a gente pudesse aprovar as coisas que nós aprovamos no Senado. Por isso obrigado Wellington. Wellington, eu só queria dizer uma coisa num assunto que você puxou. Governar não é difícil se você tiver consciência de que o país não é teu, que você precisa governar para o povo que te elegeu. 

Então, todo mundo sabe quais são os problemas do povo brasileiro, todo mundo sabe, da pessoa mais pobre a pessoa mais rica todo mundo sabe que não é normal um país que é o terceiro produtor de alimentos do mundo ter 33 milhões de pessoas com fome. Todo mundo sabe que o Brasil é o primeiro produtor de proteína animal do planeta Terra, não é possível as pessoas ficarem atrás de um osso ou atrás de carcaça de frango. Todo mundo sabe que esse país precisa de obras de infraestrutura para gerar emprego, as cidades não têm saneamento básico, muita cidade não tem aquilo que é o mínimo necessário, falta asfalto, falta iluminação em muitas cidades brasileiras. Sabe, é preciso que a gente saiba dessas coisas para gerar emprego. 

Quanto nós criamos o PAC em 2007 a gente acertava com as empresas para contratar os trabalhadores da cidade para gerar emprego na cidade. Ora, se você tiver emprego, se você tiver Educação, se você tiver área de lazer para essa juventude, e ela estiver estudando, você vai ter menos violência na rua, vai ter menos assalto de celular, vai ter menos assalto de qualquer coisa. Porque é a miséria que às vezes cria o ímpeto das pessoas fazerem coisas que eles não fariam normalmente. Então, é preciso que a gente leve em conta que o Estado precisa cumprir com a sua função com as comunidades. O Estado tem que levar emprego, tem que levar saúde, tem que levar educação, tem que levar saneamento básico, tem que levar cultura, essas coisas que são necessárias e que o Estado não leva. 

Então, eu queria te dar um exemplo, você imagina o que está acontecendo agora, já desmontaram a Petrobrás, já privatizaram a BR, você está lembrado? O que eles diziam? Se a gente privatizar a BR vai ter muitas empresas vendendo gasolina e vai baratear o preço da gasolina. O que aconteceu? Hoje nós temos mais de 392 empresas importando gasolina dos Estados Unidos, o Brasil era exportador de gasolina, agora o Brasil está comprando dos Estados Unidos. E o que acontece? O seu Padro Parente que era presidente da Petrobrás numa canetada ele fez o PPI, o Preço de Paridade Internacional. 

Então, nós que trabalhamos com o salário em real, nós que produzimos em real, nós que comemos em real, nós estamos pagando a gasolina ao preço internacional quando o Brasil é autossuficiente, porque o governo não tem coragem de assumir a responsabilidade de que é ele o responsável pelo aumento de preço. Esse aumento da gasolina, do óleo diesel, do gás e da energia elétrica representa 50% da inflação. O seu Bolsonaro fica jogando a culpa em cima do governador quando ele deveria saber que a culpa é da covardia dele de não ter coragem de assumir o papel do presidente. Como é que o presidente de uma empresa indicada pelo presidente da República numa canetada aumenta o preço, e esse presidente que manda no presidente da Petrobras, não teve coragem com uma canetada desfazer esse preço? 

Aí agora resolve privatizar a Eletrobrás dizendo o quê? Que vai ter mais emprego e vai baratear. Não vai baratear. A hora que privatizar a Eletrobrás não vai ter mais Luz para Todos porque nenhuma empresa, não tem empresário socialista nesse país que está disposto a fazer energia, ligação de graça na casa das pessoas. Não tem. Nós fizemos, e fizemos ligações da Amazônia ao nordeste, ao centro-oeste, ou seja, não teve lugar que a gente não levou a energia elétrica nesse país. Ora, então o governo serve para isso. 

O que o atual governo está fazendo? É como se fosse o marido, casado, com a sua família toda lá, e ficasse desempregado. Aí no primeiro aperta fala, mulher, vamos vender a geladeira. Vende a geladeira. No mês seguinte, mulher, vamos vender a televisão. Vende a televisão. Depois, mulher, vamos vender a nossa cama. Vende a cama. Mulher, vamos vender mais o quê? Quando não tiver mais nada para vender vai fazer o quê? Então a pergunta que eu faço é o seguinte, quem não sabe governar, quem não tem coragem de tomar decisão, quem não sabe lidar com os problemas sociais, vende aquilo que é o patrimônio público. Querem vender Banco do Brasil, já quiseram vender BNDES, a Caixa Econômica, querem, vão vender a Eletrobrás, já querem vender a Petrobras, ou seja, gente, se não sabe governar por favor peça a conta e vão embora e permita que alguém que saiba governar esse país pensando no povo governe esse país. 

Esse país não precisa passar pelo que está passando, não precisa passar. Eu sinceramente às vezes eu fico triste, Lourival, porque eu vivi esse país. Eu vim de Pernambuco em 52, 1952, eu vim por causa da fome. Eu vim por causa da fome. 70 anos depois, 70 anos depois a fome está pior do que estava em 52. E eu tenho orgulho de dizer que eu e o PT acabamos com a fome nesse país, reconhecido pela ONU, foi o melhor momento de inclusão social da história desse país, em que banqueiro ganhou, fazendeiro ganhou, mas o trabalhador também ganhou. O pobre pôde subir um degrau na escada das conquistas sociais, o pobre pôde entrar numa universidade, o pobre pôde entrar numa escola técnica. É assim que a gente tira esse país da desgraça, é assim que a gente fica importante, é assim que a gente fica respeitado no mundo, coisa que o Brasil era protagonista e que agora não é. 

Você imagina uma coisa engraçada, eu não sei se você se deu conta, Lourival, o atual presidente foi participar de uma cúpula fracassada nos Estados Unidos, porque 12 presidentes não foram. E não sei se você viu o anúncio que a imprensa brasileira não tratou bem, o presidente Biden, num momento de generosidade com a Amazônia ofereceu 12 milhões de dólares para ser repartido entre Brasil, Peru e Venezuela, se não me falha a memória, ou Peru e Colômbia, uma coisa assim. Ou seja, 12 milhões de dólares significa 4 milhões para cada país. Eu não sei se estava zombando do Bolsonaro, eu não sei se o Bolsonaro entendeu, mas o Bolsonaro que recusou o Fundo da Alemanha e da Noruega que eram bilhões, eu não sei se ele aceitou os 4 milhões que os Estados Unidos ofereceu. 

Alguém só pode ter falado em 12 milhões porque não levou a sério o Bolsonaro. Porque não levou a sério. Quando ele fala que a conversa foi extraordinária, que foi fantástica, diga o que conversou, diga qual foi o acordo. Ele foi lá, segundo a imprensa americana, pedir para o Biden ajudar ele a não deixar eu ganhar as eleições. Será que isso é verdade? Eu vi ontem na imprensa, eu vi na imprensa americana, de que o presidente Bolsonaro foi aos Estados Unidos pedir para o Biden ajudar ele a não deixar eu ganhar as eleições. Eu, por Deus do céu, Lourival, eu não acredito que seja verdade, eu não acredito, porque isso é se humilhar demais. 

O seu Bolsonaro precisa criar coragem e conversar com o povo, parar de fazer motociata, bicicletada, cavalada, aviãozada, ele só sabe fazer essas coisas que envolve os milicianos dele. Ou seja, vá para a rua conversar com o povo, vai explicar a causa da fome, vai explicar o preço da gasolina, vai explicar o preço do gás, o preço do óleo diesel, vai conversar com as pessoas. Então, meu caro, é o seguinte, quem vai ganhar as eleições nesse país, Lourival, não é o Lula, não é um candidato, não é um partido, quem vai ganhar tirar o Bolsonaro é o povo brasileiro, que está cansado, que está cansado de tanta mentira, que está cansado de tanta sordidez, que está cansado de tanta injúria, de tanto pecado. Porque um presidente que utiliza o nome de Deus em vão e você olha na cara dele, olha nos olhos dele quando ele fala, ele não acredita em Deus, ele fala em Deus por conta das eleições. Não tem pecado maior do que utilizar o nome de Deus em vão. 

Então o cidadão que tem um comportamento leviano como ele tem, que ofende a Suprema Corte, que ofende a Câmara, que ofende o Senado, que ofende o sindicato, que ofende as mulheres, que ofende negros, que ofende estudante, que não quer fazer universidade, que loucura que é essa? Que loucura. O que esse cara pensa que ele está fazendo nesse país? O que esse cara pensa que representa? Então nós vamos ter que recuperar esse país para o povo brasileiro. Nós vamos ter que recuperar esse país para o povo brasileiro. 

E é isso que eu estou disposto a brigar, estou disposto a dedicar cada minuto da minha vida para fazer o povo compreender que ele pode voltar a ser feliz, ele pode voltar a comer, a estudar, trabalhar, a viver em harmonia com a sua família. Não utilizar a religião em vão, não utilizar a religião quando você está tratando da sua espiritualidade, da sua fé, você tem que ter respeito, você tem que ter respeito com você, respeito com Deus, respeito com os outros que estão vendo você falar. Não fale bobagem porque você está cometendo uma heresia. E você, Bolsonaro, cada vez que fala em Deus você está cometendo uma heresia, porque você tem uma coisa que você não acredita é em Deus, pelos pecados que você comete.

Lourival Santos:
Bom, só para terminar presidente, eu estou vendo aí, rapidinho, a pergunta do senador, a colocação. A Dandara que é pré-candidata, aqui tem três pré-candidatos a deputado federal. Então a Dandara vai só falar bom dia para o senhor e também o Gilmar Machado, que o senhor sabe que o senhor já tem que encerrar, a gente entende. Fique à vontade Dandara, bom dia.

Dandara:
Obrigada Lourival, obrigada ouvintes da rádio, quero mandar um abraço grande para o nosso eterno presidente Lula. Quero dizer para você Lula que quando deram o golpe na presidenta Dilma, prenderam o senhor injustamente, eles tinham o objetivo de destruir o PT, tentar desmoralizar as nossas lideranças. Mas eles não conseguiram. Nas eleições de 2020 a vereadora mais votada de Uberlândia é uma mulher jovem, trabalhadora, professora, do PT, mostrando que em Uberlândia, na região Triângulo Mineiro, o PT está vivo, está forte, está ousado e está muito combativo. Estamos organizando tudo aqui em Uberlândia para fazer uma festa, um ato bonito no dia de amanhã. Quero convidar mais uma vez toda a população de Uberlândia, do Triângulo Mineiro, da região, para estar com a gente na UniTri às 5 da tarde com o nosso presidente Lula e com o nosso pré-candidato ao governo Alexandre Kalil. Obrigada Lourival, obrigada ouvintes, até amanhã presidente. 

Luiz Inácio Lula da Silva:
Obrigado.

Lourival Santos:
Presidente, só lembrando, uma falha minha é, uma falha minha, aqui também no estúdio uma outra pré-candidata, a Patrícia Melo, que é vice-presidente do PT em Minas Gerais, a estadual. Desculpe a minha falha. Pode falar, presidente.

Gilmar Machado:
Presidente Lula eu quero cumprimenta-lo, dizer que Uberlândia vai acolhê-lo de braços abertos, estamos preparando aqui com muita força. Porque nós temos certeza que o senhor vai democratizar de novo o orçamento, não vai ter orçamento secreto mais. Eu tive a oportunidade de ser seu líder no Congresso na área do orçamento, na Comissão Mista de Orçamento e não tinha orçamento secreto, o orçamento era aberto e discutido com toda a população. Eu tenho certeza também senhor presidente, que o senhor vai voltar 12 anos depois e vai fazer com que, não é para Uberaba, mas é para o Triângulo, para Minas e para o Brasil, a planta de amônia, vai voltar. O senhor começou e o senhor vai retomar porque eles deixaram e pararam, porque nós precisamos de novo o nosso agronegócio, a agricultura familiar precisa de produtos, precisa de fertilizantes, e eu tenho certeza que o senhor vai fazer. Então amanhã às 17 horas aqui na UniTri, todos estamos aqui aguardando o senhor e a todos que estão nos ouvindo. Obrigado, um grande abraço.

Luiz Inácio Lula da Silva:
Obrigado Gilmar, obrigado a todos vocês, obrigada Patrícia Melo. E dizer que amanhã eu estarei aí com muita vontade de ouvir, quero ouvir as pessoas falarem, quero aprender um pouco mais. E na medida do possível quero abraçar o maior número de pessoas possível. Estarei aí amanhã, Lourival. E eu espero que você esteja lá também Lourival para eu te dar um abraço pessoalmente.

Lourival Santos:
Estarei com o maior prazer.

Luiz Inácio Lula da Silva:
O Covid, já acabou o Covid. 

Lourival Santos:
Eu abraço com o maior prazer.

Luiz Inácio Lula da Silva:
Aqui é a única coisa que você pode pegar de mim agora é muita harmonia, muita solidariedade, muita fé, muito humanismo e muito carinho. É isso que eu tenho para dar. 

Lourival Santos:
Agradeço ao senhor e toda a sua equipe aí e também aqui Uberlândia. O senador quer falar, não vai falar não, senador. A rádio é do senhor, mas não vai falar não, viu. Meu diretor Vander Tomás já falou assim, é hora do presidente descansar. Obrigado presidente. Só para terminar, alguma colocação que eu não fiz e o senhor gostaria de falar para o povo de Uberlândia e do Brasil?

Luiz Inácio Lula da Silva:
Olha, só dizer para vocês o seguinte, é que eu estou com muito orgulho para ir aí amanhã, eu sempre achei Uberlândia uma cidade maravilhosa, uma cidade que é um modelo de desenvolvimento, um modelo de crescimento, ou seja, na hora que a gente estabelecer mais justiça nesse crescimento para que seja mais distributivo, Uberlândia vai ser uma cidade ainda melhor do que é, uma cidade modelo para esse país, se Deus quiser. E isso o PT quer contribuir, por isso que a gente vai amanhã a Uberlândia. Eu quero dar um abraço nos trabalhadores, nos bancários, nos comerciários, nas pessoas desempregadas, nas pessoas empregadas, nos empresários, ou seja, nos católicos, nos evangélicos, ou seja, pode ficar certo que amanhã tem abraço para todo mundo aí na nossa querida Uberlândia.

Lourival Santos:
Muito obrigado, um abraço presidente, que Deus te acompanhe.

Luiz Inácio Lula da Silva:
Amém querido. 

Lourival Santos:
Então tá, tchau. Então aí foi a entrevista que nós transmitimos através das rádios.

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