Na terça-feira, 01 de fevereiro, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu entrevista à Super Rádio Tupi, do Rio de Janeiro. Lula conversou com o apresentador Antônio Carlos, no Programa Show do Antônio Carlos. Veja a íntegra abaixo:
Antônio Carlos: A última pesquisa do IPEC, que é o antigo IBOPE, revela Lula com 48% das intenções de voto, seguido do presidente Jair Bolsonaro com 28%. Vamos conversar com o presidente Lula, não é. Acorda presidente Lula. Presidente Lula, aqui é o Antônio Carlos, aqui da Rádio Tupi.
Luiz Inácio Lula da Silva: Bom dia, Antônio Carlos, bom dia ouvintes do Show do Antônio Carlos, bom dia a todos os ouvintes da Super Rádio Tupi. Estou à tua disposição Antônio Carlos. Se bem que era importante você dizer que eu ainda não decidi a minha candidatura, porque eu preciso demorar algum tempo ainda para decidir a minha candidatura. Mas eu acho que as coisas estão caminhando bem, e é um prazer poder nesta terça-feira falar com você, querido.
Antônio Carlos: Presidente… (inaudível)
Lula: Não, ainda não, porque nós estamos discutindo uma aliança com alguns partidos políticos, se discute muito o nome do ex-governador Alckmin, mas ele ainda não tem partido político, ele ainda não se filiou a nenhum partido político. Então, quando eu definir a minha candidatura e ele decidir o partido, quem sabe a gente consiga concretizar uma aliança política. Olha, se você está falando, vamos levar em conta o que você está falando, vamos levar em conta. Afinal de conta, o tempo que você tem de experiência na política, você tem o direito de dar os palpites.
Antônio Carlos: Acredita em pesquisa de intenção de voto?
Lula: Olha, eu acho que a pesquisa é uma fotografia do momento em que ela é feita. Agora, as pesquisas são muito variadas, porque tem pesquisa feita pela internet, tem pesquisa feita por telefone, tem pesquisa feita presencialmente. A pesquisa mais correta é aquela feita presencialmente. Eu acho que as pesquisas estão mostrando uma coisa que é a mais pura verdade: o povo está cansado do Bolsonaro, o povo está com o saco cheio do Bolsonaro, o povo quer alguém que dê um pouco de confiança e um pouco de esperança ao povo brasileiro. É isso que o povo está querendo para 2022. O povo está querendo realizar sonhos, que esse governo Bolsonaro é um pesadelo.
Antônio Carlos: Quem é o seu adversário mais forte, além do Bolsonaro?
Lula: Olha, eu não escolho adversário. Eu acho que é importante num processo democrático que a gente tenha quantos candidatos quiserem ser candidatos, quantos candidatos preencherem os requisitos da legislação eleitoral. E aquele que for candidato nós vamos disputar. É importante cada partido político colocar o seu programa, é importante a gente conversar com o povo o que a gente pretende fazer para o país, e torcer para que o povo escolha aquele que pode ser melhor para o Brasil.
Antônio Carlos: Olha, os seus eleitores do Rio de Janeiro querem saber quais são as vantagens em eleger o Lula presidente da República.
Lula: Olha Antônio Carlos, o povo me conhece. Eu posso te dizer, eu posso te dizer sem nenhum papel na mão, que nunca na história do Brasil um presidente da República investiu tantos recursos do Governo Federal no Rio de Janeiro. Nunca se gerou tanto emprego no Rio de Janeiro, sobretudo, na indústria naval, sobretudo, na indústria de óleo e gás, ou seja, na indústria da construção civil, nas obras de infraestrutura, com aprovação do PAC. Ou seja, nós fizemos obras extraordinárias no Rio de Janeiro, inclusive o COMPERJ, que já era para estar pronto e que ainda não está pronto, o que é uma coisa lamentável. Eu acho que ninguém nunca fez a quantidade de investimento que nós fizemos, as parcerias com prefeito e com o governador.
E eu acho que o Rio de Janeiro está se ressentindo disso, porque hoje o Rio de Janeiro tem um milhão de jovens que nem estão na escola, nem trabalha. O Rio de Janeiro tem a gasolina mais cara do Brasil, a mais cara do Brasil, tem um custo de vida enorme, tem um desemprego muito grande no Rio de Janeiro, e o que nós estamos percebendo é que o Governo Federal ele não dá nenhuma importância, e não dá importância devida ao Rio de Janeiro. Na verdade o que ele tem de importante no Rio de Janeiro é o Queiroz, que está escondido, e são os filhos dele fazendo fake news todo santo dia contando mentira. Porque uma das marcas do presidente Bolsonaro, isso é dito pela imprensa e repetido muitas vezes, é de contar oito ou nove mentiras por dia. Todo dia ele levanta para contar mentiras ao povo brasileiro, e o povo está percebendo isso, e povo está cansado disso.
Antônio Carlos: Presidente, olha só, o presidente da Tupi aqui, o senhor Josemar Giménez, ele quer saber o seguinte: como o PT vai se posicionar na campanha para governador do Rio de Janeiro? Ele diz assim: o senhor terá três palanques: o do Freixo, do Eduardo Paes e do André Ceciliano.
Lula: Olha, eu não sei quantos palanques eu vou ter no Rio de Janeiro porque eu não sei quantos candidatos vão ter no Rio de Janeiro. O que eu sei é que o PT está numa posição de apoiar o Freixo, candidato a governador, o que eu sei é que o Eduardo Paes ainda não tinha definido se vai apoiar o Freixo ou se tem outro candidato, o que eu sei é que o André Ceciliano talvez seja candidato ao Senado. Mas tem outros candidatos ao Senado, tem outros candidatos ao governo. Eu acredito Antônio Carlos, que agora no final de fevereiro, a gente vai ter uma definição de quem vai ser candidato a governador no Rio de Janeiro, de quantos partidos vamos ter candidato, e quem vai ser o candidato a senador. Se o André Ceciliano for candidato a senador, eu acho que ele tem muitas possibilidades de se eleger porque ele é um deputado, hoje presidente da Assembleia, e uma pessoa muito querida pelo povo do Rio de Janeiro. E eu acho que o Freixo é um extraordinário candidato para o Rio de Janeiro e para qualquer outro estado do Brasil, porque o Freixo é uma pessoa altamente qualificada e tem demonstrado a sua luta em defesa da paz, da harmonia e do desenvolvimento do Rio de Janeiro.
Antônio Carlos: Perfeito. Tem um jornalista, nosso companheiro aqui da Tupi, o Felipe Mello, que gostaria de fazer uma pergunta para o senhor. Fala aí Felipe.
Felipe Mello: Presidente Lula, evidentemente que a gente tem que perguntar sobre a candidatura do ex-juiz Sérgio Moro, que foi o seu algoz, agora os seus processos estão arquivados. O senhor acredita que o Sérgio Moro vai ser realmente um candidato da terceira via? E como é que o senhor analisa a candidatura do Sérgio Moro, Lula?
Lula: Olha, eu não acredito em terceira via, e não acredito que o Moro tenha muito futuro na política. Eu sinceramente de vez em quando eu fico pensando se eu devo falar do Moro ou não, porque ele é uma figura insignificante, ele é um deus de barro que foi construído para me prejudicar. Uma parte da imprensa digeria as mentiras dele com muita facilidade, e transformava as mentiras dele e da pequena quadrilha da força-tarefa de procuradores lá em Curitiba como se fosse verdade. Ou seja, e hoje eu sinto que aqueles que me acusaram de forma leviana, acreditando nas mentiras do Moro e nas mentiras dos procuradores, não tem como desfazer as mentiras. Você sabe aquela história que a pessoa que conta a primeira mentira passa o resto da vida mentindo para justificar a primeira mentira?
Eu já não tenho mais processo, eu já não tenho mais processo, mas aqueles que me acusaram continuam teimando ainda: ah, mas não foi julgado o mérito, mas não foi julgado o mérito. A única pessoa que queria que julgasse o mérito era eu, é por isso que eu entrei com os recursos todos que eu tinha que entrar porque eu queria que os méritos fossem julgados, porque era o mérito que iria derrubar as mentiras contadas contra mim. Mas aí o processo foi anulado, se o processo foi anulado significa que não tem mais processo, o juiz foi considerado parcial, portanto, é um juiz que não merecia ser juiz, ele deveria nunca ter colocado uma toga. E eu acho que ele vai ser medíocre como candidato a presidente da República. Vamos esperar o tempo para saber o que efetivamente vai acontecer com esse cidadão, que na minha opinião tem uma ligação duvidosa com a CIA e com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos.
Antônio Carlos: Presidente Lula olha só, o Bolsa Família virou Auxílio Brasil, Minha Casa Minha Vida virou Casa Verde Amarela. O senhor pretende voltar com o Auxílio Emergencial criado pelo Bolsonaro?
Lula: Olha, foi uma bobagem muito grande Antônio Carlos porque o Minha Casa Minha Vida era um programa com 18 anos de vida, e o grande sucesso do Bolsa Família era que ele tinha um Cadastro Único, que os prefeitos participavam, ou seja, era uma coisa consolidada. O presidente poderia ter dado um aumento ao Bolsa Família e ter deixado. Mas o presidente, como todo e qualquer político medíocre, como todo e qualquer político pequeno, como todo e qualquer político que joga rasteiro, ele acha que ele pode enganar a população tentando inventar um programa para dizer que é seu no ano eleitoral. É importante o Bolsonaro entender que o povo está mais esperto, a mesma mentira não cola duas vezes. Ele já foi resultado da mentira em 2018, foi a maior campanha de fake news e de mentiras feita no Brasil, ele não participou de debate.
Então, eu estou convencido que o povo brasileiro vai querer programas que sejam perenes, programas que sejam definitivos. E eu digo sempre Antônio Carlos que o que vai garantir e dar estabilidade à sociedade brasileira é o dia que a gente tiver pleno emprego nesse país, e que as pessoas não precisarem de um auxílio do governo, que as pessoas possam viver às custas do seu trabalho. E é esse país que nós precisamos construir. Você está lembrado que no meu período de governo nós conseguimos criar 20 milhões de empregos com carteira profissional neste país, hoje, além do desemprego muito grande, nós temos o chamado trabalho intermitente, aquele trabalho que é na verdade um bico, que as pessoas trabalham quando tem, as pessoas não têm 13º, as pessoas não tem férias, as pessoas não têm Previdência Social, as pessoas estão desamparados, como nos anos 50, nos anos 40.
Ou seja, houve um retrocesso no Brasil. Então eu acho que nós precisamos fazer políticas que sejam consistentes. A nossa proposta era fazer um Bolsa Família aproveitando a desgraça que a pandemia causou nesse país e aumentar o Bolsa Família para 600 reais, para que a gente tivesse uma política definitivamente perene e definitiva nesse país. Vamos ver o que vai acontecer. Primeiro, eu não posso dizer o que eu vou fazer, eu tenho que primeiro trabalhar, tentar ganhar as eleições, definir a minha candidatura, e aí sim a gente vai dizer o que a gente vai fazer nesse país. O povo sabe o que nós somos capazes de fazer porque o melhor momento da história do Rio de Janeiro, de investimento em transporte, em tratamento de água, de esgoto, em tratamento, investimento em renovação do sistema ferroviário, de metrô, de ônibus, foi no governo do PT, além dos grandes investimentos em Educação, além dos investimentos na Petrobras, além dos investimentos na indústria de óleo e gás, além da indústria da construção, da indústria naval, que tinha só 3 mil trabalhadores e que nós fizemos ela chegar a 82 mil trabalhadores. Esse Rio produtivo, esse Rio gerador de emprego, esse Rio oferecedor de esperança e de oportunidades é o que nós queremos reconstruir no Rio de Janeiro junto com o povo do Rio de Janeiro, Antônio Carlos.
Antônio Carlos: O nosso diretor-presidente aqui da Tupi, Josemar Giménez, está perguntando o seguinte, ele diz assim: os hospitais e as escolas federais do Rio de Janeiro estão pedindo socorro. Qual o seu plano para retomar o prestígio dessas instituições federais?
Lula: Fazer o que nós fizemos, fazer o orçamento ser responsável para dar garantia aos professores, aos especialistas, aos pesquisadores, a capacidade das universidades funcionarem na sua plenitude. Universidade sem dinheiro, sem laboratório, sem capacidade de pesquisa, não vale muita coisa. Então, o que nós vamos fazer é recompor o orçamento dessas universidades, fazer mais investimento em ciência e tecnologia, fazer mais investimento nas escolas técnicas, para que a gente possa ter uma parcela da sociedade altamente qualificada. Porque o Brasil precisa definitivamente ser reindustrializado, e vai ser reindustrializado, sabe, num outro tipo de indústria, quem sabe utilizando o potencial da internet, para a gente criar novos tipos de empresas no Brasil, e gerar empregos que possam gerar mais qualidade salarial para o povo trabalhador.
Antônio Carlos: Nosso companheiro aqui, o grande comunicador Clóvis Monteiro está chegando aqui e gostaria de fazer uma pergunta. Clóvis Monteiro, faz a pergunta para o presidente, por favor.
Clóvis Monteiro: Bom dia Antônio Carlos, obrigado. Bom dia presidente.
Lula: Bom dia, Clóvis.
Clóvis: Presidente, duas questões para o público do Rio de Janeiro que está aí, o Brasil dizendo nas pesquisas que o senhor vai ser reeleito se continuar com a perspectiva de hoje, diante do cenário dos candidatos que aí estão, o senhor está disparado em todas as pesquisas. Mais duas questões que me incomodam com relação ao senhor, tem um vídeo que o senhor garante que se eu voltar à presidência eu vou regular a mídia. E outro diz que o senhor vai esconder a ex-presidente Dilma na campanha. O senhor pode falar sobre isso, por favor, presidente?
Lula: Posso, posso falar sobre isso. Primeiro, veja, nós fizemos um seminário em 2009… não, veja, primeiro a questão da mídia, eu acho que nós precisamos fazer uma regulamentação da mídia, atualizá-la aos tempos atuais, e não é o presidente da República que faz, é o Congresso Nacional e a sociedade brasileira. Ou seja, nós temos a internet que é preciso regularizar, e internet é uma coisa extraordinária para a sociedade e para a humanidade, mas ela não pode ser um antro de mentiras como nós temos visto pelas mãos do próprio presidente da República. Então, nós vamos precisar discutir isso com muita tranquilidade, a sociedade brasileira tem que participar, o Congresso tem que participar, para saber se a gente atualiza a regulação da mídia brasileira, copiando modelos como Inglaterra, Alemanha, França, Estados Unidos e tantos outros países que já avançaram mais do que nós. O que a gente não pode continuar é com uma regulação da mídia eletrônica de 1962, é preciso avançar.
A segunda coisa é a questão da Dilma, eu tenho orgulho da presidenta Dilma, é importante que as pessoas saibam disso. A Dilma é uma mulher extraordinária, uma mulher de muita competência, ela não conseguiu fazer um segundo mandato na qualidade que a gente esperava porque o PMDB elegeu o Eduardo Cunha de presidente da Câmara para não permitir que a Dilma fizesse as coisas que tinha que fazer. É importante as pessoas lembrarem que em dezembro de 2014, no fim do mandato da Dilma, do primeiro mandato, o Brasil só tinha 4% de desemprego, o menor desemprego da história do Brasil. A Dilma, todo ano como eu fazia, aumentou o salário mínimo nesse país. Agora, como é que nós estamos vivendo? No meu tempo 90% dos acordos salariais eram feitos com ganhos acima da inflação, hoje quase que 80% é feito com os trabalhadores não ganhando sequer a inflação. Você sabe o preço da inflação, sobretudo, para o povo trabalhador, para a classe mais pobre da população. Então, a Dilma para mim é um motivo de orgulho, a Dilma é motivo de orgulho, eu acho que a Dilma foi vítima do Congresso Nacional, a Dilma foi vítima, na minha opinião, de uma conspiração para dar um golpe e não permitir que o Lula voltasse à Presidência da República. Mas ninguém vai me intrigar com a Dilma porque eu reconheço na Dilma uma mulher de extraordinária qualidade, de muito caráter, de muita competência ética, e uma mulher de muita competência técnica para governar qualquer país.
Clóvis: Então o senhor podia fazer uma homenagem a Dilma chamando ela para ser vice na próxima eleição, vai ser uma grande homenagem e faria justiça a tudo o que ela representa para o senhor.
Lula: Deixa eu lhe falar, é que uma campanha política não se dá assim, não é tão simples assim. Uma campanha política você precisa saber que a solução dos problemas do Brasil hoje, e a gravidade do Brasil, não passa pela solução de um único partido político, passa pelo conjunto de forças políticas que existem no país. Eu, por exemplo, disse à presidenta do PT que eu não tenho interesse de ser um candidato apenas do PT, eu quero ser interesse de um movimento da sociedade que busca melhorar a vida do povo brasileiro. Você é testemunha, Clóvis, que o Rio de Janeiro já foi muito melhor, você é testemunha da quantidade de empregos que nós geramos no Rio de Janeiro, você é testemunha da quantidade de investimento nas universidades, você é testemunha de que o centro novo do Rio que está remodelado faz parte de uma política do Governo Federal junto com o Governo Estadual e com o Governo Municipal. Sabe?
Então, nós fizemos no Rio de Janeiro o mais importante investimento que um presidente da República já fez. E quando eu dizia isso na campanha de 2006, eu dizia que investir dinheiro no Rio de Janeiro era a gente recuperar uma parte do patrimônio cultural que o Rio de Janeiro significa para esse país no Brasil e no mundo. Porque o Rio de Janeiro só aparecia nas páginas policiais e não aparecia nas páginas dos investimentos e do desenvolvimento. E eu tenho orgulho, porque nós levantamos a moral do Rio de Janeiro, lamentavelmente depois deixaram a peteca cair e o Rio está afundado hoje com o desemprego, com mais de um milhão de jovens desempregados, sem estudar, com a inflação muito cara, com a gasolina, 8 o litro da gasolina, coisas que não podem continuar efetivamente. Por isso é que nós vamos mudar, e eu tenho certeza que o povo do Rio de Janeiro vai tomar atitudes para mudar o Rio de Janeiro e recuperar a beleza, o prestígio e a qualidade de vida do Rio de Janeiro.
Clóvis: Presidente, obrigado. Obrigado Antônio Carlos.
Antônio Carlos: Oh, meu querido, eu já entrei no horário do nosso próximo programa. Presidente, infelizmente acabou o programa. Acabou. Mas vamos fazer outro, marcar um outro mais para frente.
Lula: Antônio Carlos, você precisa promover uma reunião entre eu e a direção da Tupi, e a gente convencer a direção da Tupi que agora nessa época de campanha o programa poderia ter pelo menos uma hora, para que você pudesse fazer todas as perguntas que você quisesse fazer, abrir o microfone para o povo fazer pergunta, para que a gente possa discutir.
Antônio Carlos: A pergunta de hoje: o presidente Jair Bolsonaro fez alguma coisa como presidente que o senhor gostaria de fazer no seu governo?
Lula: Olha, sinceramente, eu queria que você me dissesse o que ele fez de bom. Ele inventou o Queiroz, que eu não tenho porque querer inventar um Queiroz, ele tem três filhos que mentem tanto quanto ele na internet todo santo dia. Ele conta oito mentiras por dia, e todas as entrevistas de rádio que eu faço eu pergunto para o jornalista que está me entrevistando se ele lembra alguma obra que o Bolsonaro fez. E ninguém lembra de obra porque o Bolsonaro não governa o Brasil. O Bolsonaro não governa o Brasil, ele não tem uma proposta para a Educação, para a Saúde, para a Tecnologia, e mais ainda, na questão da Saúde, ele é o presidente que menos, menos cuidou da Saúde, inclusive ignora quase 630 mil mortes. Disse que morrer criança é coisa insignificante, morrer velhinho é coisa insignificante.
Ou seja, é um homem que não tem sentimento, não tem coração, não tem sentido de fraternidade. Então, sinceramente, eu gostaria que vocês fizessem uma lista das coisas que ele fez nesse país, porque até agora eu estou esperando uma obra dele. Eu sei que ele foi a São Miguel da Cachoeira inaugurar uma ponte de 18 metros, era na verdade uma pinguela, que ele chamava de ponte. Mas ele não tem feito nada a não ser refém do Congresso Nacional. Hoje quem governa o Brasil são os deputados através do Orçamento Secreto. Você veja, o Bolsonaro, ele fez um Decreto transformando as mazelas do Pazuello em cem anos de sigilo. Cem anos. Não tem mais nada que mereça ter cem anos de sigilo. Por que ele então deu para o Pazuello uma segurança de cem anos de não divulgar as coisas que o Pazuello fez? Então, sinceramente, o Bolsonaro é um acontecimento que jamais deveria ter acontecido no Brasil, Antônio Carlos, ele é uma praga.
Antônio Carlos: Presidente, acabou o nosso horário, presidente Lula. Mas olha, vamos fazer a reunião com a direção da Tupi aqui para conseguir mais espaço aqui para a gente fazer todas as perguntas. Muito obrigado pela participação em nosso programa, sucesso presidente Lula.
Lula: Um abraço Antônio Carlos, um abraço, querido.
Antônio Carlos: Tudo de bom. Chegamos ao final, amanhã a partir das 6 da manhã juntinhos…
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