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Leonardo Boff: elite brasileira quer integrar plano global dos EUA, mesmo que como sócios muito minoritários

Leonardo Boff, um dos principais pensadores da Teologia da Libertação no Brasil, encontrou-se na manhã desta segunda-feira (13) com religiosos, militantes de movimentos sociais e sindicalistas para falar sobre a conjuntura política atual e os desafios futuros das forças progressistas. A palestra foi realizada em parceria entre o Sindicato dos Bancários de São Paulo e o Instituto Lula, a exemplo de reunião realizada há um mês com lideranças cristãs.

Durante o encontro, Boff repercutiu e citou por diversas vezes a encíclica papal sobre o meio ambiente divulgada em junho deste ano, em que o pontífice desfere duras críticas ao sistema de produção capitalista e seu histórico descaso com questões humanas e ambientais. Em complemento, o teólogo destacou que após décadas de globalização de mercados nunca houve tanta concentração de renda em todo o mundo. O resultado disso é um momento histórico de “venalidade absoluta”, com os direitos humanos e a soberania nacional subjugados pelos interesses da elite dominante internacional –as “700 e poucas pessoas que detêm 80% do capital mundial”, nas palavras de Boff.

“Sempre existiram economias de mercado, mas, hoje, vivemos em sociedades de mercado. Ou seja, todos os valores da sociedade estão no mercado, e têm preço”, lamentou, relembrando que o filósofo inglês Karl Marx chamava a esse estágio de evolução do capitalismo de “era da grande corrupção”. “Com o aprofundamento da globalização, vivemos também sob economias interdependentes e atreladas aos interesses dos Estados Unidos. O próprio Obama disse que o país deles é o único que tem interesses globais, para justificar interferências em diversos países. Por isso, vivemos neste estado de ‘guerra civil global’, em que a democracia é cada vez mais anulada em diversos territórios por estados de exceção”, completou.

Como exemplo, ele relembrou a pressão do Fundo Monetário Internacional para que os países adotem medidas de austeridade que retiram direitos e benefícios sociais da população, como ocorre com a Grécia e outros países mais afetados pela crise financeira internacional que teve início em 2008. Segundo Boff, é também o que ocorre hoje no Brasil. “A oposição de direita não tem plano para governar e não tem intenção de ajudar o Brasil a superar as dificuldades que enfrenta. Querem, como colocado pelo ex-presidente FHC em linguagem de jagunço, ‘sangrar’ Dilma, Lula e o PT por quatro anos, para impedir sua reeleição em 2018. Para isso, utilizam-se de estratégias que são aplicadas em diversos países para desestabilizar governos não-alinhados com os objetivos da elite dominante”, ponderou.

“Eles querem integrar o plano global dos Estados Unidos, mesmo que sejam sócios muito minoritários desse projeto. Por isso, não toleram a ascensão de uma potência como o Brasil, que reúne as condições geopolíticas para organizar um projeto de desenvolvimento autônomo; o que, de fato, teve início com os governos do PT. As pessoas mais pobres, mais humildes, passaram a ter meios de vida. Isso foi uma verdadeira revolução, o que não implica em violência, mas em grandes mudanças na sociedade”, completou Boff.

Diante desse cenário, Boff defendeu que os militantes de causas sociais estejam ao lado dos governos petistas contra a ofensiva das oposições, que ocorre em diversas frentes. Ao mesmo tempo, não poupou críticas ao recuo do governo federal em relação às políticas de austeridade no segundo mandato da presidenta Dilma Rousseff. “Iniciamos a transição de uma sociedade neoliberal burguesa para uma sociedade republicana, com respeito à coisa pública. Mas ainda é uma transição incompleta: a macroeconomia continua neoliberal, em conflito com as reformas necessárias”, disse.

“Foram 40 milhões de pessoas retiradas da pobreza, o que é inédito. Mas a inclusão social por meio do consumo não é suficiente. Os partidos de esquerda devem fazer uma revisão de sua ação política e retornar às bases, para gerar processos políticos e ocupar espaços. Vamos rediscutir o Brasil. Há uma pergunta a ser feita ao povo: que tipo de sociedade nós queremos?”, questionou.

Boff resumiu em três os grandes objetivos das forças progressistas no Brasil, a serem perseguidos em consenso com as bases: “a rejeição do neocolonialismo imposto pela nova divisão do trabalho mundial, a rejeição das políticas de austeridade que restringem os Estados nacionais e a defesa do meio ambiente, que está sendo explorado além do limite”. “O futuro não vem de cima para baixo, mas está nas mãos do povo”, concluiu.

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