As fake news utilizadas pela campanha de Bolsonaro e seus apoiadores ganharam fama internacional, cruzaram fronteiras, criaram vida própria. Depois de se tornarem notícias (negativas) em vários veículos da imprensa brasileira e internacional, agora o uso das fake news por Bolsonaro vai dar nome ao projeto de lei de um senador no Chile destinado a combater o uso de notícias falsas.
O próprio senador, Alejandro Navarro, explica o projeto de Reforma Constitucional em seu site oficial, bem como o motivo de ter dado o nome de “Ley Bolsonaro” à proposta.
O nome se deve, segundo ele, à “questionável forma de fazer política do candidato presidenciável no Brasil, Jair Bolsonaro”, que envolve “o pagamento, por meio de empresários amigos, da difusão de notícias falsas relativas a seu adversário nas eleições presidenciais”.
O senador chileno destaca, nesse sentido, algumas fake news utilizadas por Bolsonaro e seus apoiadores, como a da suposta distribuição do “kit gay”; a foto de uma mulher pró-Bolsonaro agredida (mas que, na realidade, era uma atriz que havia sofrido um acidente); a de que Haddad defendeu o incesto em um de seus livros; e, ainda, que apresentaria um projeto de lei para legalizar a pedofilia – todas notícias falsas, denunciadas e desmentidas pela campanha de Fernando Haddad.
A proposta que Navarro apresentará ao Congresso prevê a impugnação de candidaturas no caso de seus titulares propagarem notícias falsas em discursos ou redes sociais.
Para Navarro, trata-se de uma “reforma necessária para resguardar a democracia”, uma vez que “a mentira eleitoral possui efeitos devastadores no debate político”. O senador advertiu que “as fake news são um artifício eleitoral efetivo” e que “os candidatos que as usam, lamentavelmente, ganham eleições”.
O senador destaca em seu site, ainda, que algo semelhante se deu na eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, quando foi acusado de utilizar o sistema da Cambridge Analytica, que estudava perfis de usuários no Facebook para lhes enviar notícias falsas personalizadas em favor da candidatura de Trump.
Bolsonaro e Chile
No dia 17/10, Bolsonaro anunciou em sua conta do Twitter que recebeu a visita dos senadores chilenos Jacqueline Van Rysselberghe e José Durana, do partido conservador chileno União Democrática Independente (UDI). A ligação entre Bolsonaro, o Chile, seu economista Paulo Guedes e a história do desvio de fundos de pensão no país vizinho ao Brasil é digna de nota.
O Chile tem um dos exemplos mais significativos do que o liberalismo econômico apregoado pela direita produziu na população mais pobre: o fim das aposentadorias públicas no país. Cerca de 90% dos aposentados chilenos sobrevivem com menos de meio salário mínimo.
O modelo de capitalização da previdência implantado no Chile na década de 1980 é o sistema que a equipe econômica de Bolsonaro, capitaneada por Paulo Guedes, quer introduzir no Brasil.
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