Em entrevista para a Rádio Passos FM, de Passos (MG), na manhã desta terça-feira (22), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que uma das principais prioridades em um eventual governo seria “debelar” imediatamente a inflação, já que os preços dos alimentos afetam diretamente o bolso da população.
“As pessoas estão assustadas com os preços na classe média, imagina na classe pobre. A gente vê que está diminuindo a área do plantio de feijão. A Conab, que tinha a obrigação de manter o estoque regulador, acabou. A gente mantinha o estoque regulador para não permitir que o preço fosse para cima. Agora tá caro o arroz, o feijão, a mandioca, o leite, o povo pobre tem uma inflação infinitamente maior que a classe média e os ricos”, afirmou.
O ex-presidente lembrou que, durante seu governo, a meta da inflação, estabelecida em torno dos 4,5% anuais, sempre foi cumprida. Isso se traduzia em crescimento da economia e geração de empregos, na maior parte das vezes com carteira assinada e direitos para os trabalhadores. E também falou que os tempos atuais remetem ao que se via no Brasil de décadas atrás.
“A inflação é a desgraça na vida do trabalhador. Nos anos 80, a inflação chegou a 80% ao mês. Me lembro que saía da fábrica com o salário e ia correndo pro supermercado comprar tudo o que dava de não-perecível, porque no meio do mês o dinheiro já não valia mais nada. Tenho visto muita gente dizendo que compra menos no supermercado. Que mundo é esse? No país que é o terceiro maior produtor de alimentos do mundo”, criticou Lula.
Preço dos combustíveis
Parte da inflação é causada pelo aumento constante no preço de combustíveis e derivados de petróleo, como a gasolina, o óleo diesel e o gás de cozinha. O ex-presidente voltou a afirmar, na entrevista, a intenção de rever a política de preços da Petrobras, caso volte ao Palácio do Planalto em 2023.
“Não podemos aceitar nenhuma história que temos que internacionalizar o preço. É caro para quem abastece e é caro para quem vai para o supermercado comprar produtos que ficam mais caros por conta do frete. A gente não pode admitir que aconteça. Tem gente pagando 115 reais no gás. É uma coisa elementar para a dona de casa, para o trabalhador, tem gente catando lenha para poder cozinhar no século 21, não é admissível”, disse Lula.
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