Lula: “Ajudar os pobres é cristianismo, está na Bíblia”

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Em entrevista à Rádio Clube de Pernambuco, na manhã desta quarta-feira (9), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou a importância da adoção de políticas que combatam a fome e garantam que os brasileiros, assim como as pessoas em todo o mundo, tenham direito a comer ao menos três refeições por dia.

“Essa (a fome) é uma coisa que nós já acabamos uma vez e vamos acabar outra vez. Nesse país as pessoas vão ter o que comer. Eu não abro mão de dizer que temos que garantir que cada pessoa possa tomar café, almoçar e jantar todo santo dia”, disse, lembrando do retrocesso que o país vive com desmonte das políticas de combate à pobreza, enfrentando novamente um universo de 19 milhões de pessoas que voltaram a passar fome e outras 116 milhões com algum problema de insegurança alimentar.


O ex-presidente reforçou que não é explicável “para nenhum ser humano que um país que é o terceiro maior produtor de alimentos do mundo, maior exportador de proteína animal do planeta Terra, tenha gente na fila pegando osso ou carcaça de frango para comer”, disse, acrescentando também que a questão da fome no Brasil não é por falta de alimentos. “É por falta de dinheiro para as pessoas comprarem e é por falta de vergonha na cara das pessoas desse país”.

Para Lula, a solução é fazer distribuição de renda, extraindo recursos dos mais ricos para ajudar os mais pobres. “Isso não é comunismo. Isso é cristianismo. Isso está na Bíblia. Está na Declaração Universal dos Direitos Humanos, está na nossa Constituição e está na cabeça e no coração das pessoas boas deste país”.

O ex-presidente defendeu ainda outras políticas de inclusão que garantam, por exemplo, que, independentemente da classe social, a pessoa possa ter acesso a moradia, estudar e ter condições de chegar à universidade. “Quando eu falo que a filha da empregada doméstica tem que estudar no mesmo banco da mesma escola da filha da patroa eu não quero rebaixar a patroa. Eu estou querendo elevar o nível de participação da sociedade brasileira. Estou querendo respeitas a constituição brasileira”.

Fazer um país mais humanizado e solidário

Caso seja candidato e chegue a um eventual novo governo, Lula disse que fará o que chama de “concertação”, convidando empresários, trabalhadores e universidade para discutir com o governo formas de fazer do Brasil um país mais humanizado e solidário e no qual as pessoas tenham direito. “A gente não quer voltar a trabalhar a troco de comida. A gente quer voltar ar trabalhar porque a gente quer vencer na vida. Todo mundo quer progredir. Não existe ninguém que faça a opção de ser pobre. O Obama dizia: nós podemos. Eu digo: nós podemos, nós queremos e nós vamos fazer”.

Lula afirmou que faria de novo um governo inclusivo, não por ser mais sabido, mas por ter capacidade de ouvir. “Eu fiz porque eu vim de onde esse povo mora. Eu sei o que é passar fome, sei o que é morar em barraco, sei o que é uma mãe com oito filhos ficar domingo sem ter um bocado de feijão para colocar no fogo para os filhos comerem. E minha mãe nunca se desesperava. Minha mãe dizia, meu filho, amanhã vai ter, amanhã vai ter. Nunca vi minha mãe nervosa, ela sempre acreditava que amanhã ia ser melhor”, contou.

Lula disse ainda que foi a perseverança nordestina que o ajudou a superar situações difíceis: “A gente conseguiu sobreviver porque a gente tinha perseverança, a gente conseguiu sobreviver porque a gente tinha o espírito guerreiro do povo nordestino. A gente não foi para São Paulo para morrer de fome. A gente foi para São Paulo para sobreviver e, graças a Deus, sobrevivemos”.