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Lula aos povos da floresta: “A boiada não vai mais passar”

Em encontro com povos da floresta na manhã desta sexta-feira (02/09), em Belém (PA), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva garantiu que a partir de janeiro as coisas vão mudar. Os indígenas terão representação oficial no governo e a preservação ambiental será importante não só para quem vive nas áreas preservadas.

“Quero dizer para vocês que a boiada não vai mais passar. Nós temos que criar, na sociedade brasileira, a consciência de que a manutenção da floresta em pé é mais saudável, é mais rentável do que tentar derrubar árvore para plantar soja, para plantar milho, para plantar cana ou para criar gado. Até porque os grandes produtores que têm responsabilidade, porque vendem os seus produtos no mercado estrangeiro, não querem correr o risco de serem prejudicados porque estão praticando violência contra a nossa Amazônia”, afirmou.

Lula ouviu relatos dos problemas e demandas dos povos da região por terra, preservação ambiental e segurança e, em resposta, assumiu o compromisso de que as coisas irão mudar a partir de janeiro, se vencer as eleições. O governo será guiado por um programa que sintetize as necessidades do povo brasileiro, com envolvimento dos indígenas, que terão um ministério específico, o dos povos originários, para tratar dos seus interesses. E que a Funai poderá será comandada por indígena.

Melhorar a vida de quem vive na floresta

A uma plateia formada também por ribeirinhos, pescadores, extrativistas, quilombolas, reitores de universidades e comunidade, o ex-presidente repetiu que a única razão para voltar à Presidência da República é cuidar melhor das pessoas e fazer mais do que no primeiro mandato. Ele voltou a defender pesquisa para transformar parte da riqueza da nossa biodiversidade em possibilidade de melhorar a vida do povo que vive na Amazônia.

“Eu quero que vocês saibam que eu estou assumindo um compromisso delicado com vocês. Eu estou assumindo um compromisso delicado porque qualquer candidato pode fazer promessas, porque nunca fez nada. Agora, eu não posso assumir fazer promessa porque eu já governei. Eu preciso cuidar melhor dos indígenas, demarcar o território e garantir a demarcação, não permitir o garimpo ilegal em terra indígena na Amazônia, nem em lugar nenhum”.

Extrativismo e agricultura familiar

O ex-presidente disse que vai melhorar a política voltada às pessoas que vivem do extrativismo, com mais crédito e condições melhores de produção. Ele afirmou também que voltará com o programa Mais Alimentos, que garantia compra de ao menos 30% da agricultura familiar pelas prefeituras para a merenda escolar.

A ideia, disse, é aumentar a capacidade produtiva para ter mais comida disponível no mercado e evitar que a inflação dos alimentos impeça o povo de comprar o que comer.

“Nós vamos cuidar daqueles que o Estado precisa cuidar. Obviamente que um presidente da República tem que cuidar de todo mundo, mas nós temos que cuidar preferencialmente das pessoas mais carentes, das pessoas mais necessitadas, das pessoas que precisam da mão do Estado”.

Homenagem a Bruno Pereira e Dom Phillips

Realizado no Parque dos Igarapés, em área da floresta, o encontro teve momentos de emoção, com depoimentos de muitos indígenas em apoio a Lula e relatando necessidade e urgência para solução de problemas como invasão e devastação da terra. Diferentes lideranças pediram a Lula compromisso com a demarcação das terras e a preservação ambiental, além de investimentos para cuidar da saúde e outras necessidades dos povos.

No início, houve um minuto de silêncio em memória ao indigenista Bruno Pereira e ao jornalista Dom Phillips, mortos recentemente pelo crime organizado que ameaça e amedronta os povos da Amazônia. A antropóloga Beatriz Matos, esposa de Bruno, abriu a série de depoimento, apontando prioridades que espera de um governo Lula.

Lula abraça Beatriz Matos. Fotos: Ricardo Stuckert

Ela destacou a urgência de fazer justiça e desmontar as redes criminosas que atuam na região. “A principal homenagem ao Bruno é garantir os direitos dos povos indígenas isolados pelos quais ele deu a vida, respeitando a política de não contato e garantindo demarcação das terras”, disse.

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