Lula critica fim do Bolsa Família e defende comida e estudo para todos

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar hoje o cancelamento do programa Bolso Família, que deixou milhões de famílias sem benefícios para que um novo programa, com viés eleitoreiro, fosse lançado em seu lugar. Lula lembrou que o Bolsa Família não era um “programa do Lula”  e sim um programa que pertencia ao Estado brasileiro. Lula concedeu entrevista para o podcast Podpah, na noite desta quinta-feira (2).

“O Bolso Família foi eleito por diversas vezes o maior programa de transferência de renda do mundo”, disse, lembrando que o programa tinha uma função social além da distribuição de recursos, com condicionantes que obrigavam as famílias a manterem as crianças nas escolas e a vacinarem seus filhos. “Nós estávamos propondo que o Bolsa Família fosse aumentado para 600 reais. Mas ele resolveu acabar, acha que o povo brasileiro é bobo”, disse, criticando o atual presidente: “Bolsonaro é uma anomalia política no Brasil, ele não era para existir. O povo brasileiro, pela luta que já fez, não era para ter uma figura grotesca, ele não sabe respeitar o ser humano”.

 O ex-presidente voltou a dizer que o povo pobre é a solução desse país e deve entrar no orçamento público. Ele disse que está indignado com situação que vê nas ruas do país, com uma multidão de pessoas morando nas praças, incluindo idosos com mais de 90 anos. “Hoje meu problema é de indignação. Você viu como está o centro de São Paulo? Viu como está a Praça da Sé? Esse país não precisa disso, esse país pode cuidar do seu povo com decência”, disse, reafirmando que quer promover uma luta mundial contra a desigualdade.

Lula lembrou que milhões de pessoas sobrevivem com fome num mundo que gasta trilhões para salvar o sistema financeiro ou nas guerras. “A gente poderia acabar com a fome do mundo. Eu não quero ficar quieto. Alguém tem que gritar”.

Comida e estudo para todos

Questionado se iria se candidatar, Lula respondeu que deve tomar uma decisão até março, mas que só teria uma razão para voltar: o povo,  garantir que o povo volte a comer todo dia e que o filho do trabalhador entre na universidade. Ele lembrou que foi o presidente que mais fez universidades e escolas técnicas na história do Brasil, criou o Prouni, garantiu o Fies.

 “Eu tinha vontade de estudar, mas eu tinha que escolher entre estudar ou trabalhar. Então, eu quero que o filho do trabalhador estude, que tenha a mesma oportunidade. Para ter oportunidade, tem que comer, quem come vira inteligente, quem come vira bonito. A fome é feia”.

Lula disse comeu pão pela primeira vez aos sete anos. “Só tem sentido eu voltar, se eu garantir que o povo volte a comer todo dia. Todo mundo tem que tomar café, almoçar e jantar todo dia. E todo filho de trabalhar da periferia tem direito de disputar uma vaga na universidade. Temos que acabar com essa mentalidade escravocrata, são 350 anos de escravidão que ainda permanece na cabeça das pessoas. O ódio porque o pobre tem ascensão, é preciso acabar com essa imbecilidade, o pobre é ser humano e tem direito de ter ascensão”.

Camarão no cardápio

Quando Igão perguntou se pobre poderia comer camarão, Lula disse “pode e deve”, explicando que é o trabalhador o responsável pela produção dos bens de consumo. “Pode e deve, até porque é ele quem pesca, é ele quem constrói os carros, ele quem faz a roupa, então, ele tem direito de ter as coisas que produz”.  

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