Em um encontro na tarde de hoje, 1º, em Porto Alegre, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a ex-presidenta Dilma Rousseff e os ex-ministros da Educação Aloísio Mercadante e Tarso Genro destacaram a importância dos investimentos na área educacional realizados durante os governos do PT, entre 2003 e 2016.
““É muito mais barato fazer uma sala de aula do que uma cela de cadeia, é muito mais barato fazer uma escola do que um presídio. Não tem uma experiência na história de alguém que conseguiu se desenvolver sem educação, sem ciência e tecnologia. É por isso que a educação não pode ser tratada como gasto, é por isso que a gente não pode ter medo de uma dívida de R$ 5 bilhões do Fies. Estejam certos de uma coisa, a educação não tem preço, porque é a única possibilidade da gente resolver os problemas deste país”, afirmou.
Em seu discurso, Lula criticou o retrocesso histórico no setor, que vem desde o início da história do país, após a chegada dos portugueses.
“O Brasil é um país que deixou tudo para acontecer depois do tempo que deveria ter acontecido. A gente tem que se perguntar quanto custou ao Brasil não ter feito a abolição da escravidão 100 anos antes. A gente tem que se perguntar quanto custou a esse país a gente não ter alfabetizado todo mundo, quando o mundo alfabetizou. A gente tem que perguntar quanto custou a este país não ter feito universidade em 1554, como fez o Peru”, recordou o ex-presidente.
Lula também lembrou o fato de que a criação da primeira universidade brasileira, em 1920, teve como pano de fundo não um projeto nacional de desenvolvimento por meio da educação, mas a tarefa protocolar de emitir um título honorário para um rei europeu que visitava o país na ocasião: Alberto I, da Bélgica.
“Imagina que o Peru teve a primeira universidade em 1554 e nós só fomos ter a primeira em 1920. Não porque eles achavam que o povo merecia, mas porque o rei da Bélgica vinha ao país e, para atender o rei, tinha que dar um título de doutor honoris causa, e aí juntaram tudo que tinha de faculdade espalhada pelo país e fizeram a Universidade do Brasil. Quanto custou a esse país esse retrocesso, esse atraso?”, questionou o ex-presidente.
Investimentos na educação
Em seu discurso, o ex-ministro da Ciência e Tecnologia e da Educação, Aloísio Mercadante, também falou sobre o atraso de séculos no setor, que fez com que o Brasil não pudesse chegar até onde poderia em termos de desenvolvimento.
“Na América Latina, se a gente olhar, no século 16, seis países já tinham universidades. No século 19, já eram 31 universidades, e o Brasil foi um dos poucos países que só foi ter no início do século 20. Isso fazia parte da estratégia de dominação da metrópole portuguesa, eles dificultavam o acesso à educação. É parte do atraso histórico explica a desigualdade, seja na economia, na inovação, na ciência”, afirmou ele, que defendeu a visão sistêmica da educação, com o governo investindo desde a creche até a pós-graduação.
Falando em seguida, o ex-ministro da Educação e ex-governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, contou o episódio em que ele e o então secretário-executivo do ministério da Educação, Fernando Haddad, apresentaram a Lula a proposta de criação do Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação), quando o ex-presidente soltou uma frase que usa até hoje.
“Estávamos cumprindo uma missão dada pelo presidente Lula, apresentar as propostas que estavam no programa de governo. O Ministério da Fazenda tinha uma outra visão. Quando chegou o dia de apresentar a proposta, tinha a minha e a da Fazenda na mesa dele. Naquele dia, eu ouvi pela primeira vez do presidente Lula a frase que marca até hoje: ‘isso não é gasto, é investimento’. Ali se estrutura a visão sistêmica da Educação”, recordou.
A ex-presidenta Dilma Rousseff, que continuou os investimentos federais na área após assumir o cargo em 2011 e até o golpe de 2016, reforçou o discurso em Porto Alegre, falando da importância de encarar as verbas investidas como uma forma de enfrentar os atrasos históricos e a desigualdade.
“Essa frase de que gasto em educação não existia, era investimento, foi talvez uma definição que ele (Lula) nunca abandonou, acho que o que conquistamos nessa área se deve muito a essa compreensão. Educação para retirar este país da miséria, da pobreza, porque dá ganhos reais e absolutamente não reversíveis. Forma uma geração de brasileiros que enfrentaram a grande questão da desigualdade”, declarou.
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