O ex-presidente Luiz Inácio da Silva Lula defendeu que o Brasil volte a ter participação mais forte nas discussões sobre o papel das Organizações das Nações Unidas (ONU) na questão ambiental. A fala aconteceu durante entrevista coletiva nesta quarta-feira (31/08), no Museu do Amazonas, em Manaus (AM), após reunião com lideranças indígenas.
“Nós defendemos uma ONU fortalecida, com a participação de outros países e com poder de decisão, sobretudo na questão climática, senão a gente vai ficar fazendo discurso e não vai cumprir”, disse.
“Se não houver uma governança mundial que decida o cumprimento de um acordo internacional, se cada governo não levar para dentro do seu Estado, a gente nunca vai cumprir decisões. O Protocolo de Kyoto até hoje não foi assinado. O acordo de Paris até hoje não foi cumprido por muita gente”, listou. “É preciso que haja responsabilidade e aí tem que ter governança mundial mais forte”, comentou.
Desenvolvimento sustentável
O ex-presidente também defendeu um pacto entre os países que estão na Floresta Amazônica para que a região se desenvolva de maneira sustentável, gerando emprego, renda e melhor qualidade de vida para a população.
“Nosso povo está passando fome, necessidade, precisamos permitir que as pessoas vivam dignamente. Estou convencido de que nenhum de nós quer transformar a Amazônia num santuário da humanidade. O que nós queremos é tirar proveito da biodiversidade para gerar melhores condições de vida por povos que moram na floresta, e não apenas na Amazônia brasileira, mas na venezuelana, colombiana, equatoriana… Enfim, é preciso se colocar de acordo com outros governos da América do Sul para que a gente trate, sem abrir mão da nossa soberania, de como convidar cientistas do mundo inteiro para participar da exploração de um mundo mega-diverso”, disse.
Lula afirmou ainda que já passou o tempo onde as pessoas achavam que o aquecimento global era assunto apenas para intelectuais, acadêmicos e jovens universitários. “Antigamente parecia piada quando escutávamos o Evo Morales dizer ‘vamos cuidar da ‘madre’ terra, vamos cuidar da ‘madre’ terra’. Hoje todo mundo tem responsabilidade de que é muito importante cuidar da nossa floresta, da nossa água”, declarou.
Ele voltou aproveitou a ocasião para defender a criação do Ministério dos Povos Originários, onde indígenas poderiam colaborar ainda mais na preservação da floresta e “decidirem sobre suas próprias vidas”.
“Eu tenho dito que não haverá mais garimpo ilegal nesse país. Não é possível! Eu conheço os tapajós, o Rio Tapajós, e ver ele banhado de mercúrio… a gente não pode acreditar que o ser humano seja insensível de não perceber o mal que ele está causando para o futuro do planeta”, completou.