Lula defende soberania nacional e uma nova política industrial para o Brasil

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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou hoje (26) que o Brasil precisa de uma retomada da soberania nacional, que inclui uma defesa de seus recursos, patrimônio e uma nova política de desenvolvimento. Lula discursou no Festival Vermelho, evento em homenagem aos 100 anos do PC do B, em Niterói, no Rio.

O ex-presidente defendeu que soberania nacional é um dos pilares para recuperar o país da destruição.  “Nós vamos ter que reconstruir uma coisa chamada soberania nacional. Significa que precisamos de democracia, mas nós precisamos ser donos do nosso nariz, nós temos que tomar conta do nosso espaço aéreo, da nossa fronteira marítima, da nossa fronteira seca. Nós temos que tomar conta da nossa floresta, da nossa água, da nossa fauna, da nossa biodiversidade, que tem uma riqueza incomensurável que nós ainda não aprendemos a explorar cientificamente, também significa a gente tomar conta das nossas riquezas minerais, no solo e no subsolo”, afirmou. 

Segundo o ex-presidente, essa soberania também inclui que as empresas estatais e estratégicas voltem a trabalhar a favor do país e não de alguns acionistas. “Significa que a Petrobras vai ter que voltar a ser do povo brasileiro outra vez. Significa que nós vamos ter coragem de não deixar privatizar os Correios, não deixar privatizar o Banco do Brasil, a Caixa Econômica Federal, que o BNDES vai ter que voltar a ser um banco do desenvolvimento industrial deste país. Significa que a gente vai ter que ter uma nova política industrial, discutir que nicho de indústria nós vamos querer neste país, porque apenas quebrar os direitos dos trabalhadores dizendo que vai melhorar a vida do Brasil, que o Brasil vai ser mais competitivo, é mentira”, criticou.

Lula disse que a reconstrução do país também passa por abandonar a atual política de preços da Petrobras, que atrela o preço dos combustíveis e outros derivados do petróleo ao preço internacional do barril e fez com que os aumentos consecutivos passassem a fazer parte cada vez maior da vida dos brasileiros nos últimos anos.

“Em 2008, com a crise econômica, o barril de petróleo chegou a 147 dólares e o preço da gasolina no meu governo era apenas R$ 2,60. Agora, joga a culpa na Ucrânia, pelo aumento do preço dos combustíveis, e joga nas costas do povo brasileiro. O trabalhador ganha em real, as peças nossas são compradas em real, as nossas sondas a gente fazia em real, porque tomamos uma decisão de que todos os navios, todas as plataformas deveriam ter 70% de componente nacional, para desenvolver a engenharia, a tecnologia e a indústria brasileira e eles acabaram com isso. Hoje tem 392 empresas importando gasolina dos Estados Unidos, pagando em dólar e fazendo com que o pobre aqui compre o feijão pagando o preço que a gasolina coloca na comida quando transporta em dólar. É por isso que eu tenho dito, se preparem, porque nós vamos abrasileirar o preço do combustível, do óleo diesel e do gás de cozinha neste país”, ressaltou Lula.

O ex-presidente também lamentou o fato de muitas fábricas que estavam em construção, para aumentar a produção nacional e a soberania, foram paralisadas após a saída do PT do governo. “O Brasil não produz quase nada. Porque a elite brasileira não quer. Eu estava fazendo a fábrica de ureia, que estava 85% pronta no Mato Grosso do Sul, e eles pararam. A gente estava fazendo uma fábrica de amônia, em Uberaba, eles pararam. Eles fecharam três fábricas de fertilizante no Paraná, duas em Sergipe. Agora, estão se ressentindo porque não tem. Quando eu falo em soberania, é porque este país não precisa ter gasolina, nem gás nem diesel em dólar, este país não precisava estar importando fertilizantes, este país não precisava ter jovens fugindo do país para ter emprego lá fora. No meu governo, o pessoal vinha de fora para trabalhar aqui dentro”.