O Partido Trabalhista do Reino Unido, maior partido de esquerda da Grã Bretanha e com 118 anos de tradição, acaba de nomear Lula como presidente honorário de sua seção de jovens, o Young Labour. O gesto simbólico é um reconhecimento da importância de Lula para os trabalhadores de todo o mundo e um protesto contra o julgamento midiático que impediu o candidato preferido do povo brasileiro de disputar as eleições deste ano.
Segundo a nota oficial do partido, Lula é fonte de inspiração para os trabalhistas britânicos e “foi preso porque simboliza dignidade e progresso para os trabalhadores, camponeses e expropriados do Brasil”. A nota ainda diz que “Nossa luta por um mundo socialista nunca é apenas sobre grandes homens ou indivíduos inspiradores. Mas seja Marcos Ana na Espanha fascista, Nelson Mandela no apartheid da África do Sul ou Lula no Brasil do século XXI, nossa luta pela dignidade humana pode ser refletida neles”.
Tradução livre da nota oficial do Partido Trabalhista britânico:
“Eles podem matar uma, duas ou três rosas, mas jamais conseguirão deter a chegada da primavera.”
Desde o início de abril, Luiz Inácio Lula da Silva, ex-presidente do Brasil, cumpre uma condenação de 12 anos em confinamento solitário com acesso limitado ao mundo exterior. Ao longo do período que antecedeu sua prisão, ele enfrentou – e continua a enfrentar – um julgamento midiático, como parte de uma campanha de difamação organizada pelas elites dominantes do Brasil, que buscam alcançar ainda mais privilégios, contra o movimento trabalhista de Lula.
A sentença de Lula é extremamente desproporcional às frágeis acusações que lhe foram feitas. A principal acusação, baseada em delações premiadas de empresários acusados de corrupção, é que lhe foi oferecido um apartamento (no qual ele nunca passou um dia). A verdadeira razão para punir Lula é que, nos próximos dias, o Brasil terá uma eleição de profunda importância para o futuro do país.
Nesta eleição, o candidato preferido dos reacionários brasileiros é Jair Bolsonaro, um candidato de extrema-direita, que se apresenta como “anti-establishment”. Bolsonaro, que admite abertamente simpatizar com a antiga ditadura militar do Brasil, promete continuar as políticas neoliberais do presidente Michel Temer, que esteve envolvido no “golpe suave” contra a presidente Dilma Rousseff, em 2016.
Depois de atropelar a vontade democrática de 54 milhões de brasileiros removendo Rousseff, Temer colocou em prática sua política de austeridade: impôs um congelamento de 20 anos nos gastos públicos e declarou claramente sua intenção de privatizar a empresa petrolífera brasileira, a Petrobras. Paulo Guedes, o economista-guru de Bolsonaro, treinado em Chicago, pretende continuar essa trajetória e sua solução declarada para o “caos” predominante na economia brasileira é “privatizar tudo”.
Todas as pesquisas de opinião mostravam que Lula era de longe o mais popular candidato em qualquer cenário. Como ex-trabalhador não-universitário, militante sindical e importante figura política no país, Lula teria representado a resistência do povo brasileiro ao horrível futuro oferecido pelo establishment político. Lula foi preso porque simboliza dignidade e progresso para os trabalhadores, camponeses e expropriados do Brasil.
É por isso que estamos fazendo dele o presidente honorário do Young Labour [a seção jovem do maior partido de esquerda no Reino Unido]. Aqui na Grã-Bretanha, o movimento trabalhista não ficará calado. Praticamente todos os nossos principais sindicatos se posicionaram firmemente em defesa de Lula e de nossas irmãs e irmãos no Partido dos Trabalhadores (PT).
O Young Labour espera que este pequeno ato simbólico de solidariedade se somará à onda de apoio que o PT já conquistou em todo o movimento global de trabalhadores. Também esperamos que isso ajude a aumentar a pressão internacional sobre o governo brasileiro para libertar Lula. Nós estendemos nossa amizade a todas as forças progressistas no Brasil, e desejamos boa sorte a Fernando Haddad, que todos nós estamos firmemente esperando que conquiste a vitória nas eleições e comece a reverter o ataque neoliberal que o Brasil está enfrentando.
Nossa luta por um mundo socialista nunca é apenas sobre grandes homens ou indivíduos inspiradores. Mas seja Marcos Ana na Espanha fascista, Nelson Mandela no apartheid da África do Sul ou Lula no Brasil do século XXI, nossa luta pela dignidade humana pode ser refletida neles. Lula é uma figura imponente do movimento trabalhador mundial e um ataque a ele é um ataque a todos os socialistas e democratas em todo o planeta. Ele deve ser libertado.
Venceremos! Lula Livre!
Por Marcus Barnett, em nome do Comitê Nacional Young Labour e do Escritório de Assuntos Internacionais Young Labour.
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