Lula: é preciso colocar dinheiro na mão do povo para economia crescer

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Em entrevista nesta quinta-feira para rádio Jovem Pan FM de Sorocaba, o ex-presidente Luiz Inácio da Silva explicou como o país pode sair da situação de crise econômica e social que se encontra: com oferta de crédito, investimentos e distribuição de renda. Lula disse que é preciso oferecer crédito para dinamizar a economia, fazendo o dinheiro chegar nas mãos do micro empreendedor, dos empresários, do pequeno e grande agricultor e do trabalhador. Ele disse ter conseguido fazer a economia funcionar em seu governo com a participação de mais de 20 milhões pessoas, que conquistaram emprego com carteira assinada.

Para Lula, não bastar dar crédito, é preciso agir em várias frentes. “É importante a sociedade perceber que, primeiro, tem uma expansão de crédito concomitante com uma expansão do crescimento econômico, geração de emprego e distribuição de renda”, disse. Ele destacou que sua estratégia foi expandir o crédito, mas junto com a expansão do emprego, do salário e com investimentos em programas sociais, como o Minha Casa Minha Vida e o Bolsa Família. Lula lembrou que, em 2003, todo dinheiro disponibilizado no Brasil para crédito chegava R$ 380 bilhões. Já quando deixou o governo, o valor estava em R$ 2,7 trilhões. 

“Nós expandimos muito crédito, mas expandimos também a oferta de emprego; expandimos também o salário, o salário mínimo aumentou quase 74%; nós financiamos muito a agricultura familiar; nós criamos programas de inclusão social, com o Bolsa Família; fizemos um programa habitacional que foi o mais inovador da história desse país, que foi o Minha Casa, Minha Vida. E nós legalizamos  6 milhões de micro e pequenos empreendedores”, detalhou.

De acordo com Lula, esse movimento faz o dinheiro chegar nas mãos das pessoas para a economia girar e gerar riqueza. “Você tem que fazer o crédito chegar na mão das pessoas para poderem consumir, e as pessoas consumindo, gerar mais emprego, mais postos de trabalho…gera mais salários e gera mais consumo. E a roda gigante da economia começa a funcionar de forma saudável”, disse, lamentando a situação atual de desemprego, fome e dívidas.

Ao contrário do prega Lula, o governo Bolsonaro usa uma receita de escassez e retração da economia, sem investimentos, venda do patrimônio público, alto desemprego e inflação recorde. Nessa quarta-feira (27), o Banco Central do Brasil aumentou mais uma vez a taxa básica de juros (Selic), para 7,75% ao ano, o que deve refletir em menos crédito para população e mais endividamento. O Brasil é agora o país com a maior taxa mundial de juros reais. Mas mesmo antes desse aumento, os juros médios para o consumidor brasileiro estavam em mais de 40% ao ano e a maior parte das famílias brasileiras está endividada com os bancos, segundos dados do BC.

“Hoje você tem muito desemprego, muita gente passando fome e as pessoas vão se endividando no cartão de crédito e não conseguem pagar. Essa não é uma vida saudável e não é um crédito saudável”, disse Lula, explicando como fazer a conta e manter a economia saudável: “O importante é que a sociedade pense o seguinte: eu ganho tanto, eu posso gastar tanto e eu tenho uma capacidade de endividamento de tanto. Até quanto eu posso me endividar? Todos nós temos que fazer essa conta, porque se a gente não fizer a conta da nossa capacidade de endividamento, a gente estoura, se a pessoa for no cartão de crédito, fazendo muita despesa sem olhar, no final do mês ou no final do ano, a gente quebra. E por isso que a sociedade está muito endividada hoje.”

O ex-presidente defendeu o aumento do  crédito para todos os segmentos. “Tem que ter crédito para o empresário, crédito para o micro e pequeno empreendedor, crédito para o pequeno produtor rural, crédito para o grande produtor rural… É preciso que a economia funcione e que o dinheiro chegue nas mãos das pessoas porque é isso que faz a economia crescer”.

Ele lembrou que, antes do seu governo, o pobre era um problema. Depois, o pobre se tornou a solução do problema. “Nós fizemos a economia funcionar com a participação de muita gente: foram 20 milhões de empregos com carteira assinada que nós criamos, quando a Europa e os EUA desempregaram 100 milhões”.

Acompanhe aqui a íntegra da entrevista