Uma fala do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva feita em Madri no último dia 11 foi mal-interpretada pela imprensa portuguesa e chegou distorcida à brasileira. Ao apontar que a primeira universidade brasileira só foi criada em 1922, Lula não quis colocar a culpa do atraso da educação brasileira sobre o povo português, mas sim sobre as elites políticas que nos governaram desde a época colonial até tempos recentes.
Ao longo de quase toda a história de nosso país, de 1500 até 2002, a educação não era acessível à maioria do povo. É uma fato histórico que outros países da América do Sul e da América Latina, como República Dominicana, Peru e Bolívia, tiveram universidades criadas séculos antes que o Brasil. Foi durante os governos do PT que se acelerou a ampliação e democratização do acesso ao ensino superior. Lula hoje é o presidente que mais criou universidades públicas no país (14 só ele, mais 4 da presidente Dilma). Durante os governo Lula e Dilma, o orçamento da educação foi de R$ 18 bilhões em 2002 para R$ 115,7 bilhões em 2014. Entre 2002 e 2014 o número de universitários no Brasil mais que dobrou: de 3,5 milhões para 7,2 milhões. Foram inauguradas 422 escolas técnicas (três vezes mais do que fizeram todos os governos anteriores em mais de um século de história), 18 universidades federais e 173 novos campi. Graças ao ProUni, 1,4 milhão de jovens carentes conquistaram bolsas em instituições particulares de ensino superior e estão se tornando médicos, engenheiros, advogados.
São números proporcionalmente modestos ainda, se comparados aos de países que partem de patamares (históricos) superiores. No Chile, por exemplo, 24% da população possui diploma universitário; no Brasil, apenas 11%. Ainda assim, são avanços inegáveis para um país que, no discurso, sempre considerou a educação um elemento importante para o avanço, mas que durante séculos pouco fez na prática para oferecer ensino para a população.
A visão de Lula sobre este processo histórico – isenta de malícia e de mal entendidos – está clara neste trecho do discurso que fez na Plenária de Mobilização do PT para o Plano Nacional de Educação, em Brasília, 14 de agosto de 2015:
“Nós temos de lembrar que as elites dirigentes deste País nunca se preocuparam em democratizar o acesso à Educação. Enquanto os países da América espanhola tiveram suas primeiras universidades ainda no século XVI, aqui no Brasil a primeira universidade foi criada há menos de 100 anos. O acesso ao ensino no Brasil, historicamente, foi um privilégio de alguns e não um direito de todos. Essa foi uma das formas mais perversas de perpetuar a desigualdade entre os brasileiros. Eu tenho muito orgulho de ter sido o presidente que mais criou universidades nesse país.”
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