O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou para Curitiba neste sábado (17/09) depois de passar 580 dias preso ilegalmente entre 2018 e 2019, desta vez para capitanear o ato Todos Juntos Pelo Paraná, onde discursou para milhares de pessoas na Avenida Luiz Xavier, região popularmente conhecida como Boca Maldita.
Candidato à Presidência da República, Lula apontou os incontáveis retrocessos que o Brasil sofreu desde o golpe contra Dilma Rousseff e se mostrou indignado com o país ter retornado ao Mapa da Fome das Nações Unidas (ONU), com o desemprego recorde, salário mínimo desvalorizado e com o descaso do atual governo com a educação.
O ex-presidente contou que conversou com Gleisi Hoffmann – liderança paranaense, candidata a deputada federal e presidenta do Partido dos Trabalhadores –, e fez questão de estar em Curitiba para fazer um contraponto à fama de bolsonarista da cidade.
“Eu queria dizer para vocês da alegria de estar aqui. Tem gente que pensa que eu fiquei com ódio de Curitiba porque eu fiquei preso aqui. Se vocês soubessem, a cadeia me fez aprender a amar Curitiba porque foi aqui que eu conheci a Janja, e foi aqui que nós decidimos nos casar. Eu também tenho gratidão e respeito por Curitiba, tenho muito carinho pelos homens e mulheres dessa cidade e desse estado que não mediram esforços para ficar 580 dias pedindo pela minha liberdade”, disse, em discurso na Boca Maldita.
Lula relembrou ainda que saiu da presidência com 87% de aprovação, a maior de todos os tempos, e que poderia ficar colhendo os louros deste recorde. Contudo, disse ter como missão de vida lutar pelo povo brasileiro e por isso quer recuperar o país, pois sabe na pele o que é sentir fome.
“Foi no governo da presidenta Dilma que a ONU anunciou: o Brasil saiu do Mapa da Fome. Ou seja, o Brasil estava virando um país extraordinário. Não tem explicação, não tem explicação para a nossa pobreza. Esse país é o terceiro produtor de alimento do mundo, é o primeiro produtor de proteína animal do mundo. Então, eu quero voltar para dizer para eles que, outra vez, o PT e um metalúrgico, junto com o povo, vão consertar esse país”, afirmou.
“Ontem eu vi a publicação do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica. Meu Deus do céu! As crianças estão menos sabidas do que estavam ontem, as crianças não estão aprendendo mais. Então nós vamos ter a responsabilidade de recuperar este país porque todo mundo sabe que esse tal de Bolsonaro não entende nada de educação, de emprego, de sindicato, de enfermagem, não entende absolutamente nada a não ser de ‘fake news’ e mentir para sociedade brasileira, como ele faz todo santo dia”, completou.
Candidato ao governo do Paraná, o experiente político Roberto Requião disse que voltou para as trincheiras da luta pela democracia porque a operação Lava-Jato e parte da imprensa iludiu os bolsonaristas ao tentar criminalizar injustamente Lula, “um patriota brasileiro”. Por isso, argumentou, a volta do ex-presidente ao Palácio do Planalto é fundamental.
“Lula é indispensável e eu estou aqui pelo mesmo motivo que vocês. Vim para este palanque como candidato a governador do estado, mas como o principal cabo eleitoral de Lula no Paraná. Nós precisamos de um presidente da República com identidade com o povo e capaz de solidariedade”, disse.
Também participaram do comício a ex-presidenta Dilma Rousseff, Jorge Semak, que concorre ao cargo de vice-governador paranaense, Rosane Ferreira, que disputa uma vaga no Senado, Manuela D’ávila representando o PCdoB, Randolfe Rodrigues pelo partido Rede, Elton Barz, Karime Fayad, Zeca Dirceu, além de lideranças dos movimentos sociais organizados.
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