Minha querida companheira Marcia Tiburi.
Talvez você nem imagine o quanto é bom ouvir alguém juntar numa mesma frase duas palavras que à primeira vista parecem inconciliáveis no Brasil de hoje: “Alegria” e “Política”.
Por muito tempo neste país a política tem sido conjugada com o ódio. Ódio ao PT, a Dilma, ao Lula, aos movimentos sociais, à classe trabalhadora. Ódio aos pobres, ao povo negro. Ódio em especial às mulheres que ousam ocupar espaços outrora reservados aos homens e lutar pela igualdade de direitos.
E em meio a tanto ódio uma mulher, filósofa e escritora consagrada, decide entrar para a política partidária, se apresenta candidata ao governo do Rio de Janeiro num momento especialmente triste para o estado e para o país, e diz: “É preciso recuperar nossa alegria política”.
Nós provamos que é possível governar com alegria e para todos, melhorando a vida das pessoas, sorrindo quando elas sorriem. Nossos adversários, ao contrário, consumidos pelo ódio e pela ganância, se dedicam a deixar um rastro de tristeza por onde passam.
Estão revogando os direitos trabalhistas, trouxeram de volta o desemprego, a fome e a mortalidade infantil.
Estão entregando as riquezas nacionais. Destruíram as indústrias naval e petroquímica, polos de geração de emprego n o Rio de Janeiro, ferindo de morte a economia do estado.
Fizeram a intervenção militar que não resolveu a segurança. Aumentaram os índices de criminalidade, espalharam o medo, morrem crianças ao caminho da escola. Mais de 130 dias se passaram, e não foram capazes de dizer quem mandou matar Marielle Franco, assassinando também o motorista Anderson Gomes.
O Rio de Janeiro e o Brasil não merecem isso. Chega de guerra. Chega de desprezo pela saúde, pela educação, pela segurança. Chega de ódio.
Mais de 50 anos de luta me ensinaram que política não se faz com o fígado. Se faz com o coração. Se faz com alegria. E você, Marcia, parece que já chegou na política sabendo disso.
Tenho certeza que você saberá governar para todo o Rio de Janeiro, cuidando com especial carinho de quem mais precisa: o povo trabalhador das comunidades, as mulheres, a juventude negra.
Quero aproveitar essa carta para mandar um abraço ao companheiro Lindbergh Farias.
Nesses últimos 20 anos, não houve neste país uma única luta contra a injustiça em que sua voz não se fizesse ouvir. Seja nas ruas, seja na tribuna do Senado, você esteve e estará sempre do lado certo da história, com seu eterno coração de estudante.
E é por isso que é tão importante para a recuperação do Rio de Janeiro trabalharmos para ter você, caro Lindbergh, e você, querida Marcia, no senado e no governo do Estado, para ajudar a fazer o Brasil e o Rio de Janeiro felizes de novo.
Um forte abraço,
Luiz Inácio Lula da Silva
