Lula explica contrapartidas do Bolsa Família e reforça continuidade do auxílio por R$ 600

Ex-presidente diz que, diferente do Auxílio Emergencial, o Bolsa Família exigia que as crianças frequentassem a escola, fossem vacinadas e que as gestantes fizessem pré-natal

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Durante entrevista na manhã desta quarta-feira (31/08), para a Rádio Clube do Pará, de Belém, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reforçou a importância de se discutir uma renda básica e explicou a diferença e importância do programa Bolsa Família, que exigia uma série de condicionantes para beneficiar famílias de baixa renda.

“É importante lembrar que o Bolsa Família não era uma ajuda como o auxílio emergencial. Ele era um programa que tinha condicionantes, como a mãe ter obrigação de manter as crianças na escola, vacinar todos os filhos. Se ela não apresentasse o cartão de vacina, não recebia o dinheiro. E se essa mulher estivesse gestante, ela tinha que fazer todos os exames”, explicou.

“Hoje não existe condicionante. O governo nem sabe para quem está dando esse dinheiro. O que que eu tenho dito? ‘Se cair dinheiro na sua conta, pegue, gaste, compra o que comer, o que vestir, porque se você não pegar o Guedes vai tomar de você’”, declarou. 

Para o ex-presidente, o povo precisa ser ajudado e esse é o papel do Estado. “Nós estamos discutindo a questão da renda básica universal. Todos os países do mundo vão ter que adotar essa medida, e eu acho que o papel do estado é dar ajuda para as pessoas mais necessitadas mesmo”, comentou.

Auxílio em 2023

Na entrevista, Lula garantiu a continuidade do pagamento de R$ 600 em 2023. “Eu posso dizer que nós vamos bancar R$ 600 de auxílio. E o Bolsonaro está mentindo outra vez. Ele acabou de mandar a Lei de Diretrizes Orçamentárias para o Congresso e nesse projeto não está a continuidade do Auxílio Emergencial. É importante lembrar que o presidente queria R$ 200, a oposição conseguiu 600, ele reduziu para 400, e agora que faltam 30 dias para as eleições ele resolveu aumentar para 600 na expectativa de ganhar voto”, declarou.

Lula criticou a jogada eleitoreira de Bolsonaro, tanto no que diz respeito aos R$ 600 apenas em época de eleição, como na manutenção para 2023 do orçamento secreto – que é o pagamento de emendas parlamentares para deputados federais, apontada por especialistas como ferramenta que institucionalizou o desvio de dinheiro. 

“Eu tenho dito que, desde a Proclamação da República não existiu na história do Brasil um presidente que esteja gastando tanto quanto o atual presidente para tentar se reeleger. Chega a ser uma vergonha o orçamento secreto. Se fosse uma coisa boa, porque seria secreto?”, questionou.

E prosseguiu, sem pausa. “Então, veja, eles estão gastando o que têm e o que não têm. Tem deputado liberando dinheiro, o presidente da Câmara libera dinheiro, é a farra do boi. Isso não vai existir no meu governo, não haverá orçamento secreto. Vamos acertar com a Câmara uma coisa mais séria, mais decente, mais digna. E o auxílio emergencial só pode ser cortado quando você criarmos condições para a economia voltar a crescer”, explicou.

Lula criticou a falta de diálogo entre Jair Bolsonaro e os movimentos sociais organizados, e lamentou o desmonte das políticas públicas que enfrentavam os problemas de desigualdade.

“É preciso que tenha um conjunto de medidas e políticas públicas para que o país dê certo e, esse cidadão que governa o Brasil, na verdade não sabe de nada. Nunca conversou com sindicalistas, professores, reitores de universidades. E ainda deu risada que tinha enganado os empresários com o discurso dele. Esse cidadão não é capaz de sentar com a sociedade para discutir os problemas do país”, completou.

Lula estará em Belém nos próximos dias. No dia 1º de setembro ele participa, às 10h, do Ato da Cultura com Lula, no Teatro da Paz. Pela noite, às 18h, ele discursará no grande ato ‘Todos Juntos pelo Pará’, que acontece no Espaço Náutico Marine Clube. Já no o dia 2, às 9h, o ex-presidente promove um encontro com os povos da floresta e das águas, no Parque dos Igarapés.