Lula fala dos três eixos da política externa de seu governo em conferência na UFABC

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“Gostaria de falar de três pontos que acho que merecem destaque na nossa política externa”, começou Lula em palestra nesta quinta-feira (18) na Universidade Federal do ABC. Ele falou da importância de ter colocado a fome como tema central em todos os fóruns mundiais, da aproximação com os países da América Latina e da África e dos esforços para mudar as instituições multilaterais e a governança global.

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Lula palestrou na Conferência Nacional “2003-2013: uma nova política externa”. O encontro aconteceu na Universidade Federal do ABC (UFABC) entre os dias 15 e 18 deste mês e contou também com a participação dos ministros Antonio Patriota (Relações Exteriores), Celso Amorim (Defesa), Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) e Maria do Rosário (Direitos Humanos) além de importantes intelectuais e lideranças sindicais.

O tema da conferência de Lula foi “Brasil no mundo: mudanças e transformações” e ele começou falando da escolha de colocar a fome como tema crucial em todos os fóruns internacionais. “Uma das coisas que me orgulho na nossa política externa é ter conseguido colocar a questão da fome como central”, contou Lula lembrando diversos momentos em que fez questão de debater esse tema. “Eles queriam falar de comércio internacional e eu querendo debater a questão da fome”, contou. O ex-presidente também lembrou que essa luta ainda continua e que recentemente o Instituto Lula, junto com a FAO e a União Africana, realizaram um encontro na Etiópia para discutir a questão.

Ouça o discurso de Lula no evento:

O segundo eixo destacado por Lula foi a aproximação do Brasil com a América Latina e os países africanos. “Queremos ter relação com os Estados Unidos, o que não podemos é nos tornar dependentes. Por isso nos voltamos para a América Latina”, disse Lula lembrando que o número de empresas brasileiras nos países latino-americanos aumentou enormemente a partir de seu governo. Em relação à África, Lula falou da dificuldade que enfrentou, inclusive dentro da diplomacia, de convencer as pessoas de que aumentar as relações com os países africanos era importante. “Nós não podemos pagar nossa dívida com a África em dinheiro, mas podemos pagar com solidariedade”, destacou. Ele lembrou que como resultado foram criadas 19 novas embaixadas brasileiras na África e o comércio do Brasil com os países africanos saltou de 5 para 26 bilhões de dólares.

A luta por uma mudança nos organismos multilaterais e pela construção de uma governança global foram o último ponto abordado pelo ex-presidente. Ele falou da importância de ter uma governança global eficiente nos atuais tempos de crise e questionou “Quem vai ajudar a regular o sistema financeiro hoje?”. Lula ressaltou que a ONU hoje não tem força e não representa a atual correlação de forças mundiais. A luta pela entrada do Brasil e de outros países no Conselho de Segurança da ONU também foi lembrada.

Lula terminou destacando que hoje se comemora o aniversário de 95 anos de Nelson Mandela. Ao final, Lula respondeu perguntas da plateia.