Lula lembra investimentos na Petrobras e volta a criticar política de preços: ‘A gente vendia o litro a R$ 2,60’

Durante seu discurso em ato na Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro (RJ), na noite de hoje, 7, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a política de investimentos que foi adotada pela Petrobras durante os governos do PT, que possibilitaram a descoberta do pré-sal. Lula também voltou a criticar a política de preços da empresa, que faz o povo brasileiro pagar um valor alto, dolarizado, e lembrou que em seu governo o litro da gasolina custava R$ 2,60.

O ex-presidente recordou que em seu governo o preço internacional do petróleo chegou a ficar mais caro do que o atual e nem por isso o combustível ficou mais caro nos postos brasileiros. “Quando eu era presidente, na crise de 2008, o barril do petróleo chegou a 147 dólares e sabe a quando a gente vendia o litro de gasolina? R$ 2,60”, ressaltou, criticando quem só pensa no povo às vésperas da eleição.  

“Na hora da campanha, todo mundo fala do pobre e o Bolsonaro enganou muita gente. Ele não derrubou uma lágrima pelas 700 mil vítimas da covid-19”, destacou. “Nós precisamos voltar a humanizar esse país. Gostar de livros e não de armas, de amor e não de ódio, de emprego, de salário, que é isso que a gente vai fazer”. 

Petrobras, o desenvolvimento do país e a farsa da Lava Jato

Ao falar sobre a importância da Petrobras para o Rio de Janeiro e Brasil, Lula destacou que a descoberta do pré-sal deveria significar a autossuficiência do Brasil em termos energéticos, mas o processo foi interrompido por causa da farsa da Lava Jato.

“Não pensem que a Petrobras descobriu o pré-sal só porque alguém quis, foi muito investimento, a gente saiu de US$ 3 bilhões para quase US$ 30 bilhões de investimento para a gente descobrir a mais importante jazida de petróleo do século 21 até então. E nós fizemos uma lei específica para que o povo voltasse a ser dono do petróleo, para que 75% dos royalties fossem para a educação, ciência e tecnologia para criar um fundo para o povo brasileiro”, explicou ele. 

Para Lula, o processo criado pelo Ministério Público atingiu em cheio a indústria petrolífera do Brasil, fazendo com que milhões de empregos fossem perdidos, assim como bilhões em investimentos e arrecadação.

“Vocês sabem que eles criaram a Lava Jato e, se tivesse corrupção na Petrobras, é simples: você prende quem está fazendo corrupção. O que não pode é o que eles fizeram no Brasil. Eles puniram o povo trabalhador que teve 4,4 milhões postos de trabalhos fechados nesse país, R$ 170 bilhões que deixaram de ser investidos e outros R$ 58 bilhões que deixaram de ser arrecadados”, criticou.

Segundo o ex-presidente, a privatização da BR, a empresa ligada à Petrobras que fazia a distribuição de combustíveis no país, foi criada sob o falso pretexto de que a concorrência ajudaria a baixar o preço da gasolina e do óleo diesel. Na prática, o que aconteceu foi exatamente o contrário.

“Vocês estão lembrados do discurso sobre a BR. ‘Ah, a BR tem monopólio, se vender vão entrar empresas e vai criar concorrência e vai abaixar o preço’. Muita gente acreditou e venderam a BR. Agora tem 392 empresas importando gasolina dos EUA pagando a preço de dólar e nós que ganhamos em real, nós que trabalhamos em real temos que pagar a gasolina em preço internacional porque a Petrobras está pensando nos acionistas de Nova York e não no povo”, declarou. 

Indústria naval e tecnologia

Para o ex-presidente, recuperar investimentos em tecnologia é primordial para gerar empregos de qualidade, reindustrializar e fazer o país se desenvolver. Um dos exemplos disso pôde ser sentido no Rio de Janeiro e nos estados que fizeram parte da revitalização da indústria naval entre 2003 e 2016.

“Nós temos tecnologia para fazer as coisas acontecerem. Como se explica neste país você ter 8 mil quilômetros de costa marítimas, um país que pode ter uma baita marinha mercante, uma indústria naval, importar navios da China, da Coreia, de Singapura? Agora mesmo, eles estão importando plataforma da China. Esses empregos que estão sendo exportados para lá podiam ser gerados aqui, seriam milhares, de qualidade, formando as pessoas. E nós provamos isso quando recuperamos a indústria naval, foram 82 mil empregos, estaleiros abertos aqui (RJ), no Rio Grande do Sul, na Bahia e em Pernambuco”, afirmou.