Uma das características do carnaval de 2019 é a politização. Seja nos sambódromos ou nas ruas, os foliões aproveitaram a festa para expressar a indignação em relação ao governo de extrema direita Jair Bolsonaro (PSL), ao mesmo tempo em que foram realizadas diversas ações de solidariedade ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a vereadora Marielle Franco (PSOL – RJ), assassinada a tiros em 14 de março do ano passado.
No desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro, Lula foi homenageado pela Paraíso da Tuiuti, no samba enredo “O Salvador da Pátria”, que fazia alusão ao ex-presidente. No final do desfile, um coro ecoou na arquibancada: “Lula Livre”.
Marielle Franco foi homenageada pela Mangueira, com o samba enredo “Histórias para Ninar gente grande”, que conta a trajetória de heróis negros e índios esquecidos dos livros e não mencionados na história oficial do Brasil.
No Carnaval de São Paulo, a Vai-Vai, que levou para a avenida o enredo “Quilombo do Futuro”, contou a história dos povos negros e homenageou também Marielle. A irmã de Marielle, Anielle, e a filha dela, Luyara Santos, foram destaques da escola, que mostrou um mosaico com uma foto da vereadora, juntamente com as palavras “Marielle, presente”.
Nos blocos e cordões de carnaval, Lula também foi exaltado. O bloco do Hercu, na capital de São Paulo, desfilou com a temática “Lula Livre”. Lula Livre também foi destaque na concentração de outro bloco paulista, o Jegue Elétrico.
“Olê olê olê olá Lula, Lula” foi o grito dos blocos Ladeira Abaixo e Tchanzinho, em Belo Horizonte. Em Pernambuco, o ex-presidente foi homenageado da mesma maneira por Lúcio Maia, da banda Nação Zumbi. Maia solou “Olê, olê, olê, olá, Lula, Lula” na guitarra enquanto o público cantou a marchinha. Já em Olinda, também em Pernambuco, o Bloco Sapo Barbudo também aclamou o ex-presidente.
Carnaval anti-Bolsonaro e crítica a laranjas
Já o presidente Jair Bolsonaro foi alvo de escrachos de norte a sul do país. Em São Paulo, o tradicional MinhoQueens, voltado ao público LGBT, entoou o coro “Ele Não”, usado durante a campanha eleitoral de 2018 contra o atual presidente. Os foliões também gritaram “Ei, Bolsonaro, vai tomar no c…”.
Na capital de Minas Gerais, Belo Horizonte, 400 mil pessoas do bloco “Então Brilha” também entoaram o mesmo bordão, que aliás, tem tudo para se tornar o hino do carnaval 2019. “Ei Bolsonaro…” foi ouvido em Salvador, Rio de Janeiro, Recife, Olinda e em diversas outras capitais do país.
Já o boneco gigante de Bolsonaro, que puxou o cortejo de outros 100 bonecos gigantes nas ruas de Olinda, estreou sob vaias e o coro “ai, ai,ai, Bolsonaro é o carai”. O boneco foi atingido por latas de cerveja e gelo. Por várias vezes, o desfile precisou ser interrompido para “limpar’ o boneco e acalmar os ânimos.
“Cadê Queiroz” e as “laranjas” também foram cobranças do povo que foi às ruas neste carnaval. As fantasias do Cordão do Boi Tolo, no Rio de Janeiro, eram, em sua maioria, da cor laranja, em referência ao laranjal do PSL. Foliões do bloco Tarado Ni Você também se vestiram de laranja em alusão a Fabrício Queiroz e Flávio Bolsonaro.
E a marchinha “Doutor/ eu não me engano/ o Bolsonaro é miliciano!” embalou, entre outros, o bloco paulista bloco 77- Originais do Punk.
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