Lula manda dizer aos golpistas que só não será candidato se lhe tirarem a vida, diz Vagner Freitas

Compartilhar:

O ex-presidente Lula mandou um recado aos golpistas do Brasil e do mundo. Ele é candidato à Presidência da República do Brasil e só não será, se lhe tirarem a vida ou rasgarem a Constituição. 

O recado foi levado pelo presidente da CUT, Vagner Freitas, que falou no painel sobre Democracia no 5º Congresso UNI Union Global, que congrega sindicatos de serviços do mundo inteiro, realizado em Liverpool, Inglaterra. No congresso discursaram, também, a ex-presidenta Dilma Rousseff e a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf – CUT), Juvandia Moreira, que falaram sobre os retrocessos no país depois do golpe.

Em seu discurso, Vagner disse que o movimento Lula Livre não é apenas dos brasileiros, mas sim, a luta em defesa da democracia que está sendo golpeada e colocada em risco no mundo inteiro.

“No Brasil cresce o fascismo, a intolerância, a possibilidade de intervenção militar. O movimento Lula Livre mais do que falar para os brasileiros, é um grito de alerta aos trabalhadores e aos democratas do mundo inteiro para que não tenhamos retrocesso no processo de construção que estamos fazendo”.

Vagner ainda defendeu a democracia, que segundo ele é o único regime em  que os trabalhadores e trabalhadoras podem crescer.

“Somos contra o fascismo, a homofobia, o machismo e a ditadura e queremos  Lula Livre”, encerrou o dirigente.

Lula candidato

A abertura do painel da Democracia foi feita pela ex-presidenta Dilma Rousseff, que foi aplaudida de pé pelos representantes dos 900 sindicatos de serviços, em 140 países de todo o mundo, que compõem a UNI Global.

Os sindicalistas apoiaram o movimento Lula Livre e, com placas nas mãos onde estava escrita a hashtag #LulaLivre, eles disseram palavras de ordem pela liberdade do ex-presidente.

Para Dilma, não há outro candidato do PT à presidência que não seja Lula. Segundo ela, querem impor a narrativa de que ele não poderá ser candidato e que o PT precisa ter um plano B.

“A troco de quê vamos tirar Lula das eleições?”, pergunta a ex-presidenta.

A ex-presidenta diz ainda que a direita quer fazer com Lula o mesmo que fez com ela no golpe de 2016. “A imprensa fazia campanha para eu renunciar – eles queriam que houvesse a hipótese de não chamarem de golpe. Hoje, querem que retiremos Lula das eleições porque sua candidatura cria um problema no Brasil. Os candidatos golpistas não chegam a 10% nas intenções de votos e Lula está sempre à frente, entre 32 e 40% dos votos.”

“Nossa missão em outubro de 2018 é eleger Lula. Ele representa a esperança do Brasil, para podermos unir o país de novo”.

Lula e Dilma são homenageados por sindicatos de todo o mundo

Dilma recebeu um prêmio por sua luta pela Democracia e pela defesa dos direitos dos trabalhadores e trabalhadoras.

Outro prêmio de igual importância, foi entregue a ela para seja levado ao ex-presidente Lula, mantido como preso político desde o dia 7 de abril deste ano na sede da Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, Paraná.

Em sua fala, Dilma agradeceu ainda a solidariedade internacional, em especial dos sindicatos, e discorreu sobre o golpe de 2016, seus efeitos na economia e os impactos na vida de trabalhadores e trabalhadoras, especialmente os mais pobres e excluídos do país.

Ela criticou ainda a reforma trabalhista, o trabalho intermitente, a terceirização generalizada e o fim do financiamento sindical, que impede a compensação da relação entre trabalhadores e patrões.

“Usaram artifícios legais para encobrir um golpe de Estado, um golpe contra a democracia e o estado democrático de direito porque combatemos a desigualdade introduzindo os pobres, que são mais da metade da população, no Orçamento da União”, disse.

Para a presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf – CUT), Juvandia Moreira, que também discursou no Congresso, o golpe foi responsável pelo retrocesso de 20 anos, em dois.

“Só no ano passado, 1,5 milhão voltaram para a miséria. Mais de 400 mil pessoas voltaram para a pobreza no Brasil. É uma tristeza ver as pessoas morando nas ruas em todas as cidades brasileiras”, lamentou a dirigente.

Para ela, as mudanças nas leis trabalhistas para retirar direitos, aprovadas por determinação dos empresários que financiaram o golpe, destroem o país.

“Estão vendendo nossas empresas para as multinacionais. E para completar o golpe, querem tirar o Lula das eleições de 2018. Por isso prenderam o ex-presidente Lula porque ele lidera em todas as pesquisas”, finalizou.

O golpe continua

Já a ex-presidenta Dilma alertou que o golpe não terminou, pois a democracia está sendo corroída com a perda de direitos trabalhistas, previdenciários e a criação de um estado de exceção.

Para ela, o golpe é, sobretudo, contra a luta de combate à desigualdade dos governos do PT.

“As pessoas excluídas, a maioria da população, não têm reconhecidos seus diretos. Retiramos mais de 36 milhões de pessoas da extrema miséria, mudamos a face das universidades e pela primeira vez se duplicou o número de pessoas com acesso ao ensino superior e, nesse processo, estavam os negros, indígenas e os mais pobres”.

A ex-presidenta disse ainda que o golpe é também um golpe contra a soberania nacional, já que Temer tenta vender a Embraer, a Petrobras e outras estatais, além de tentar impor uma agenda neoliberal internacional para entregar as nossas riquezas.

‘”Os golpistas perceberam que sempre conseguiríamos através de processos eleitorais livres e justos, ganhar com a agenda de reformas que fizemos em 13 anos de governo do PT. Ainda temos uma enorme trajetória para incorporar a população do país aos benefícios econômicos”.

Para Dilma, o impeachment foi o enquadramento do Brasil numa política econômica, social e geopolítica de interesse do grande capital econômico mundial, já que Lula teve a ousadia de levar o país a ser respeitado em todo o mundo, seja pela criação do G20 e dos Brincs.

“Queriam nos destruir porque éramos uma peça problemática para enquadrar o Brasil no neoliberalismo”.

 “Os golpistas sabiam que seria politicamente impossível, por meio de eleições livres, impor um programa neoliberal e, assim eles construíram o impeachment”.

Dilma criticou ainda a perseguição da mídia golpista e a parcialidade da Justiça.

“Não temos direito de defesa. No Brasil, o mesmo juiz que preside um inquérito é o mesmo que julga, diferente do que ocorre na Europa e Estados Unidos. O juiz nos condena, não com provas, mas por convicção”.

UNI Union Global

A entidade com sede em Nyon, na Suíça, representa 20 milhões de trabalhadores de 900 sindicatos de serviços, em 140 países de todo o mundo, a qual é filiada a Contraf-CUT.

O 5º Congresso UNI Union Global foi realizado de 18 a 20 deste mês, em Liverpool ,Inglaterra, com o lema ‘Tornar Possível!’.

Mais de 2.500 sindicalistas de 110 países participam do encontro, que contou com a participação de oradores como Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista Britânico e da ex-presidenta Dilma Rousseff.

Da CUT