Em ato pela democracia no Vale do Anhangabaú neste sábado (20/08), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que ele e o ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, farão o Brasil voltar a ser um país justo. “Esse país vai voltar a ser justo. Vai voltar a sorrir. As pessoas vão voltar a ter três refeições por dia, vão voltar a ter emprego, e esse emprego será melhor remunerado. O salário mínimo aumentará acima da inflação todo ano, a empregada doméstica terá direitos trabalhistas, férias, décimo terceiro e carteira assinada”, afirmou o ex-presidente.
Lula lembrou que o país já foi um lugar em que as famílias se reuniam nos finais de semana, em contraste com a fome atual. “Hoje era dia da família se reunir para comer uma feijoada. Quem já não ficou dentro da cozinha lavando feijão, tirando sal da carne, a mãe preparando e juntava todos filhos para comer feijoada, tomar caipirinha? Isso tá acabando porque tem 33 milhões de pessoas que não têm o que comer, 105 milhões de pessoas que estão com insegurança alimentar”, lamentou. “Governar é cuidar das pessoas, sobretudo as mais necessitadas. Esse é o papel do governo”, discursou.
O ex-presidente defendeu o legado em educação e os avanços alcançados na gestão de Fernando Haddad como ministro da Educação. “Foi com o Haddad na Educação que a gente saiu de três milhões e meio de alunos nas universidades para oito milhões. Foi com Haddad que a gente criou o Prouni e colocou dois milhões de jovens, que criou o Fies e o Estado foi o avalista dos estudantes, e colocamos mais dois milhões”, relatou.
“Foi com o Haddad que nós fizemos o governo que mais investiu na educação, que mais fez universidades neste país, que fez mais escolas técnicas nesse país. Para nós, educação não era gasto. É investimento, é coisa importante. E hoje tem ministros que dizem que universidade não é para todo mundo. A universidade é para poucos”, citou ele, lembrando que a primeira universidade foi criada no país 420 anos após o descobrimento do Brasil. “A elite daquela época, herdeira da coroa, os grandes proprietários, não queria que pobre aprendesse nada, que virasse doutor”, disse.
Pandemia
O ex-presidente relatou o período difícil enfrentado pelos brasileiros durante a pandemia do novo coronavírus e a indiferença de Bolsonaro. “Você (Bolsonaro) não chorou uma lágrima por mais de 680 mil pessoas que morreram de covid. Você nunca se importou com quantas crianças ficaram órfãs de pai e mãe”, disse.
Lula enfatizou o desprezo de Bolsonaro pela vida dos brasileiros. “Você nunca se importou com as pessoas que morreram em Petrópolis, com as pessoas que morreram em Recife por conta da cheia. Porque pra você a morte é normal. Todo mundo vai ter que morrer. Mas para nós a morte tem que ser evitada ao máximo possível porque o maior bem que Deus nos deu foi a vida, e a gente gosta da vida, a gente quer ser feliz”, completou. “É importante você começar a aprender a virar mais humano, a respeitar mais os outros.”
Luta pela democracia
Movimentos sociais organizados e lideranças nacionais dos partidos que compõem a Coligação Brasil da Esperança também marcaram presença. Entre os representantes estavam Randolfe Rodrigues (Rede), Luciana Santos (PCdoB), Juliano Medeiros (PSOL), André Janones (Avante), Gleisi Hoffmann e a ex-presidenta Dilma Rousseff.
O ex-governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, relembrou que o Anhangabaú, local do ato, foi no passado o cenário de uma luta pela democracia, que uniu a dupla que hoje disputa o cargo mais importante do país. “Há 40 anos estivemos nesse mesmo vale do Anhangabaú, o presidente Lula e eu. Estávamos em partidos diferentes, ele constituindo o PT, eu na bancada estadual do partido que propôs as diretas. As diretas não passaram, mas ali começou a morrer a ditadura. Hoje, quase 40 anos depois, presidente Lula, voltamos aqui porque o Brasil precisa, a democracia está em risco. Nós precisamos fortalecer o processo democrático”, contou.
Em seu discurso, o ex-governador Márcio França observou que São Paulo pode ter pela primeira vez uma mulher no Palácio dos Bandeirantes. A candidata à vice-governadora de Haddad é a professora Lúcia (PSB). “Eu vim do litoral, eu sou caiçara e sei ver como estão as ondas, e a onda está positiva. Vamos ajustar essa eleição, vencer no primeiro turno. Seria super importante o Brasil dizer ‘não’ para um governo que fez tudo que poderia para ser errado. Ele ficou bravo essa semana porque foi chamado de ‘tchutchuca’ do centrão, mas ele é o ‘tchutchuca’ da braveza, das armas e das coisas infelizes e opções equivocadas. É importante eleger o presidente Lula, mas também é importante ter o estado de São Paulo sintonizado com o governo federal”, disse.
O ex-ministro e ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, por sua vez, relembrou a última eleição presidencial, quando Lula foi impedido de disputar a eleição mesmo liderando todas as pesquisas. “Nossos adversários não queriam sofrer a quinta derrota consecutiva. Mas, com tudo que fizeram contra nós, contra a Dilma e contra o Lula, nós demos uma canseira na elite e fizemos 45% dos votos”.
“Agora, pela primeira vez na história o campo progressista tem um candidato liderando a eleição presidencial e outro liderando a corrida pelo estado de São Paulo. E a convocação que eu faço é de não sairmos das ruas. Dessa vez temos seis semanas e não três, e vamos virar voto como nós fizemos em 2018. Imaginem o que vai ser São Paulo e o Brasil remando juntos para o lado certo, abrindo as universidades para o povo, colocar mulheres e negros nas chefias do governo, valorizando o trabalhador, o salário mínimo, os idosos, a tolerância religiosa. Nós precisamos voltar a sonhar e acordar desse pesadelo de uma vez por todas”, completou Haddad.