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Lula: Nossa tarefa é mobilizar a sociedade para acabarmos com a fome de conhecimento

Discurso do ex-presidente Lula durante o Ato do PT pela Educação, realizado em Brasília em 14 de agosto.

Eu queria dizer pra vocês, que eu vim de São Paulo pra cá com uma camisa preta e que eu resolvi, nesse ato, fazer uma homenagem ao Partido dos Trabalhadores, pra pessoas perceberem que nós nunca vamos ter vergonha de ser do Partido dos Trabalhadores.

Eu queria cumprimentar o nosso querido companheiro ministro da Educação Renato Janine Ribeiro; a nossa querida ministra da Secretaria da Igualdade Racial, a companheira Nilma Lino Gomes; o companheiro  Ricardo Benzoini,  ministro da Comunicação; o companheiro Gabas, ministro da Previdência; o nosso querido companheiro Tião Viana, governador do Estado do Acre; o companheiro Wellington Dias, vulgo Índio, governador do Estado do Piauí, que trouxe a maior comitiva de todos os governadores aqui; o companheiro Rui Falcão, presidente do PT; companheiro Humberto Costa, líder do PT no Senado, e Fátima Bezerra, em nome de quem cumprimenta todos os senadores aqui presentes; companheiro José Guimarães, líder do Governo na Câmara dos Deputados; Sibá Machado,  líder do PT na Câmara , em nome de quem cumprimento todos os deputados presentes; o companheiro Fernando Haddad, prefeito de São Paulo e ex-ministro da Educação, em nome de quem quero cumprimentar a todos os prefeitos, de coração, muito obrigado a todos os prefeitos e prefeitas que saíram das suas cidades e vieram para atender essa convocação do nosso partido. Eu sei que vocês têm agenda da cidade de vocês. Eu sei que todo mundo está enfrentando uma série de dificuldades, ou às vezes por falta de recursos, ou às vezes por conclusão de folha, ou às vezes por exigências da própria cidade, eu quero de coração, agradecer a vocês, porque essa convocatória foi feita em pouco tempo e eu tinha dúvidas se viria tantos prefeitos aqui. Então eu quero, do fundo do coração, agradecer a presença de todos vocês.

Quero agradecer aos companheiros secretários e secretarias de Educação dos estados e municípios que estão aqui presentes. Essa abertura  é apenas a ameixa, uma framboesa do bolo. Na verdade vocês vão discutir educação mesmo é a partir de amanha e domingo, me parece que vai ser uma coisa muito importante. Quero cumprimentar a companheira Selma Rocha, coordenadora da Setorial de Educação do PT, uma das responsáveis por esse evento. Quero cumprimentar o companheiro HelenoAraújo, coordenador do Fórum Nacional de Educação que fez uso da palavra aqui; Maria Lúcia Neder, presidenta da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições do Ensino Superior; Muara Correa, vice-presidente da UNE; Danilo Lopes, vice-presidente da UBES; Roberto Leão, Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação; companheiro Mário Sérgio Cortella, filósofo e educador; Tamires Sampaio, coordenadora nacional de Entidades Negras; Pablo Gentili, secretário-executivo da Clacso; Adércia Bezerra, coordenadora dos Assuntos Educacionais da CONTEE, Confederação Nacional dos Trabalhadores de Estabelecimentos de Ensino; Rafael Pereira, diretor da FASUBRA; Roberto Policarpo, presidente do PT de Brasília; o companheiro e vice-presidente do PT de São Paulo, que está aqui na frente. Quero cumprimentar o companheiro Vanhoni, que tá ali, o ex-deputado Vanhoni, do Estado do Paraná, que foi relator duas vezes do projeto na Câmara dos Deputados. E quero cumprimentar os companheiros e companheiras militantes do nosso partido que vieram me receber… Querida companheira Ideli, nem sei onde estás, querida… olha lá… quem é vivo sempre aparece.

Queridos companheiros e companheiras, um aviso, antes de terminar aqui, é o seguinte: se vocês tiverem, na cidade de vocês, ou no estado, ou, como diz o Tião, na tribo em que vocês residem, sabe, se vocês tiverem uma experiência bem sucedida de uma escola, eu queria pedir pra vocês o seguinte, uma coisa que seja… uma coisa que você tenha orgulho, “aquela escola é o máximo, aquilo tá funcionando bem”, porque na Globo só aparece Criança Esperança. Vamo Tentar ver. Eu queria que vocês… Eu queria que vocês ligassem para o PT, para a companheira Selma, ou a coordenação, ou ligassem pra Clara, do Instituto, que a gente precisa fazer uma lista das boas experiências, pra a gente visitar, pra a gente poder dar destaque, pra a gente poder incentivar, porque muitas vezes a falta de discussão faz com que as pessoas não se interessem em mudar de comportamento. Às vezes você vai numa cidade, no mesmo bairro tem duas escolas, uma tem educação de boa qualidade e na outra não tem. Então o que justifica, se o salário é o mesmo, se as crianças são da mesma cidade, se a idade é a mesma? Por que que uma funciona e outra não funciona? Será que os alunos de uma são mais espertos os outros não? Será que os professores são mais competentes em umas e em outras não? Então é importante a gente ver essas experiências para a gente discutir e a gente tentando ir nivelando por cima e não nivelando por baixo. É importante que a gente vá divulgando aqueles centros de excelência que nós temos no Brasil, para que a gente possa mostrar que este país não nasceu pra ser um país atrasado na educação. Atrasado neste país foi a elite que governou este país até um dia, que não se preocupava em  garantir escola de qualidade para todos. Aliás, eles pensavam apenas em escola para apenas um terço da população e o restante eles já davam de barato. Primeiro, filho de pobre não tem nem que ter ensino fundamental, filho de pobre tem que se preparar pra ser pedreiro, pra ser cortador de cana, pra ser trabalhador rural, pra ser lixeiro, porque quem vai pra Sourbone são eles. E nós resolvemos dizer, não temos nada contra eles, mas nós também queremos ir pra Sourbone, nós queremos ir para Havard, nós queremos ir (inaudível 8:00). Então é importante a gente começar a levantar essas coisas no Brasil. Às vezes, não existe explicação, do por que um estado como o Piauí muitas vezes se apresenta com escolas de extraordinária qualidade em lugares muito pobre, e o estado rico como São Paulo, não aparece? Então é preciso que a gente vá a fundo, companheiro Wellington, pra gente descobrir essas coisas.

Antes de eu ler o meu discurso, esse encontro aqui, na verdade, não é mais um encontro do PT, esse encontro aqui é um encontro do compromisso nosso com uma coisa. Eu queria lembrar a vocês que, quando eu ganhei as eleições de 2002, eu dizia que a gente ia começar a fazer o possível, que a gente ia começar a fazendo o necessário, depois a gente ia fazer o possível, e quando menos esperássemos, a gente estaria fazendo o impossível. E vocês vejam que não fui muito pomposo nos meus sonhos. Eu disse que, ao terminar o meu mandado, se a gente tivesse garantido o café da manhã, o almoço e uma janta para todos os brasileiros, eu já tinha cumprido a missão da minha vida.

Eu quero começar a utilizar as mesmas palavras, pra questão da educação, por uma coisa muito simples: a educação é a única coisa que garante efetivamente igualdade e chance de oportunidade entre homens e mulheres, entre pobres e ricos, entre negros e brancos. Não existe nada mais sagrado para uma mãe e um pai que deixar pro filho uma boa formação educacional. Se tiver um diploma universitário, então é o máximo.

Eu digo isso porque o sonho que nós temos, e toda vez que eu vejo alguém dizer “o Brasil precisa ter mais competividade, o Brasil precisa ter mais produtividade, o Brasil precisa ter mais isso mais aquilo”, eu fico pensando: ô, gente, por que esses cidadãos não fizeram isso o tempo inteiro, desde que Cabral chegou aqui? Por que que os países de língua espanhola tiveram universidades no Século 16 e a gente só teve universidade agora? É porque, na verdade, eles não tinham a preocupação com a educação do chamado povo brasileiro.

Talvez pela nossa origem indígena, pela nossa tradição de milhões de negros que vieram pra cá, negro não precisava estudar, índio não precisava estudar. Os portugueses que vieram para cá, só um poucos tinha diploma de Coimbra, o resto não precisava estudar, então vamos deixar esse povo assim mesmo. É uma vergonha. A Bolívia que é um país pequenininho teve a primeira universidade em 1640 e a nossa somente em 1922. É uma vergonha! Então essa gente nunca quis que o povo estudasse.

Então eu acho que nós estamos aqui pra assumir um compromisso. Um compromisso de que é possível a gente fazer a revolução na educação. A revolução que tanto nós sonhamos. E eu vou ler algumas coisinhas pra vocês e depois vou dizer algumas coisas que nós temos que fazer, porque isso aqui significa trabalho, isso aqui significa parar de dizer eu acho, eu penso, eu acredito, eu quero e num sei das quantas, e a gente colocar a mão na massa. A gente começar a assumir a responsabilidade. Entendendo a real situação do país, a situação econômica, tudo isso nós temos que entender. Mas nós temos que entender que se a gente ficar prostrado numa cadeira, dizendo “eu não posso fazer isso, eu não posso fazer aquilo, eu não tenho dinheiro praquilo, tudo isso é caro”, nós estamos ferrados. Aqui, quem trabalhou comigo no primeiro governo, o Haddad se lembra de uma reunião, a gente proibiu, Humberto Costa tava lá, utilizar a palavra gasto quando se tratava de educação. A gente precisava tratar de investimento, para que as pessoas compreendessem a necessidade de acreditar que era possível mudar a educação.

Então eu vou ler algumas coisinhas pra vocês, depois a gente volta a falar aqui, algumas orientações de que a gente deve fazer daqui pra frente. Certo?

Na verdade, o PT está sendo convocado mais uma vez para fazer a história do nosso país. Estamos sendo convocados a levantar bem alto a bandeira da educação de qualidade para todos os brasileiros. Nós sempre lutamos para construir um país melhor e mais justo. Uma sociedade com oportunidades iguais e isso só vai ser possível quando todos os brasileiros, absolutamente todos, tiverem acesso igual à educação de qualidade.

O PT tem uma responsabilidade histórica com esse objetivo que não é só nosso, mas da sociedade brasileira. Na história recente deste país, o PT foi protagonista de todos os processos de transformação do Brasil.

Nossa voz somou-se à de amplos setores da sociedade na maior mobilização de massa da história do Brasil, que foi a extraordinária campanha das Diretas Já.

   A mobilização do PT foi fundamental na Assembleia Constituinte, para garantir a liberdade de organização e expressão, para conquistar direitos sociais e abrir espaços de participação popular.

  Levantamos as forças democráticas e populares deste país nas memoráveis eleições presidenciais de 89. Nas campanhas seguintes, preparamos o terreno para a grande vitória em 2002.

  Voltamos a mobilizar o país, em torno do combate à fome e à pobreza. Aquela foi uma causa que uniu a sociedade brasileira, porque era necessária, porque era urgente e porque era justa.

  Mostramos que era possível, sim,acabar com a fome neste país, combinando desenvolvimento com inclusão social, com políticas públicas como o Bolsa Família e a valorização permanente do salário mínimo.

  Ter tirado o Brasil do vergonhoso Mapa da Fome da ONU é uma conquista civilizatória que vai marcar o nosso tempo. Uma conquista da qual devemos nos orgulhar e que ninguém, por mais que nos odeie, conseguirá apagar da história do nosso partido.

  E ninguém poderá apagar também que, nestes 13 anos de governo do PT e dos partidos aliados, o Brasil viveu o maior período de ascensão social da população e de redução das desigualdades da sua história.

  Ninguém, mesmo aqueles que não nos suportam; ninguém, mesmo aqueles que não gostam de nós; ninguém, mesmo aqueles que nos odeiam, poderá apagar que neste período tiramos 36 milhões de pessoas da linha de pobreza, criamos mais de 22 milhões de empregos e levamos mais de 40 milhões à classe média e destinamos mais de 50 milhões de hectares de terras para a reforma agrária. Aqui gente, uma coisa importante: nós conseguimos colocar à disposição da reforma agrária nesse país quase que 53% de tudo que foi disponibilizado de terra para a reforma agrária em 500 anos de história nesse país.  

  E o mais importante é que conquistamos tudo isso em diálogo permanente com a sociedade, definindo políticas públicas em conferências nacionais, conselhos, mesas de diálogo, aprofundando a democracia em nosso país. Esse plano de metas que nós estamos aqui discutindo é  resultado de quatro conferências nacionais. E que a gente nunca se preocupou de ficar sentado em uma mesa ouvindo os educadores desse país, os sindicalistas desse país falarem, reivindicarem, cobrarem e reclamarem do governo. O resultado é que nós não conseguimos fazer, quem sabe, a coisa perfeita que nós queríamos. Mas fizemos o mais avançado que a nossa inteligência permitiu fazer naquele momento histórico e que construímos a proposta para levar ao Congresso Nacional e depois, orgulhosamente, assistimos a presidenta Dilma, sancionar sem fazer nenhum veto.  

  A grande transformação do Brasil é uma conquista do povo brasileiro, que pela primeira vez esteve no centro de todas as políticas e ações do governo. 

  Este é o patrimônio de um partido que nasceu para mudar. E que, de fato, mudou e vai continuar mudando a história do nosso querido Brasil.

Companheiras e companheiros, hoje somos convocados a dar um grande passo adiante: garantir educação de qualidade para todos. Este passo é fundamental para continuarmos avançando, para que as grandes conquistas não se desfaçam com o tempo.

  Eu tenho certeza, amigo Falcão, que o PT dará uma resposta à altura desse novo desafio, porque nenhum governo fez tanto pela educação como fizemos nesses quase 13 anos de governo do PT.

  Nós temos de lembrar que as elites dirigentes deste país nunca se preocuparam em democratizar o acesso à educação. Enquanto os países da América espanhola tiveram suas primeiras universidades ainda no Século 16, aqui no Brasil, como eu disse, somente em 1930. Pasmem, na República Dominicana, Colombo chegou em 1492 e, em 1507, já tinha a primeira universidade, nos moldes do que era universidade naquele tempo. O Peru teve em 1550 e nós, somente em 1922. É por isso que eu não tenho diploma universitário, porque não me deram chance.

  Pois bem, o acesso… Se eu pudesse fazer universidade, Wagner, — pra você e pro Janine — eu seria ou filósofo ou economista. Ou filósofo ou economista. Economista acho mais importante porque economista sabe demais. Nunca vi gente esperta como economista, sobretudo quando está na oposição. Mas, de qualquer forma, eu acho interessante. O acesso ao ensino no Brasil, historicamente, foi um privilégio de alguns e não um direito de todos. Essa foi uma das formas mais perversas de perpetuar a desigualdade entre os brasileiros.

  O saudoso companheiro Paulo Freire dizia que a educação é um instrumento de libertação do oprimido. É disso que estamos tratando: libertar o Brasil de um histórico de desigualdade, garantindo a todos, sem exceção, o acesso ao ensino de qualidade.

   É a educação que pode nos transformar em sujeitos conscientes, críticos, participativos, em verdadeiros cidadãos. Esta é a dimensão libertadora e democrática de que falava o nosso querido Paulo Freire.

  Somente quando todos tiverem acesso à educação de qualidade o Brasil será uma sociedade plenamente democrática, da maneira como o PT sempre sonhou, Rui Falcão.

Queridas companheiras e queridos companheiros: nós começamos a mudar o quadro da educação no Brasil desde o primeiro dia do nosso governo. Eu tenho muito orgulho, e Janine, pode ter certeza de que eu me orgulho profundamente, de ter sido o presidente da República que mais criou universidade neste país. Desde 2003, no Governo Lula e Dilma, foram 18 novas universidades federais novas criadas e 173 campi em todas as regiões do país.

Assim, abrimos oportunidades para jovens que antes tinham que sair da sua terra, precisavam deixar o seu interior, a sua família para ir para as capitais tentar uma chance no vestibular, que, se eles tivessem estudado em escolas públicas municipal dificilmente teria chance de passar no vestibular. Porque esse era o protagonismo brasileiro: os mais ricos, no ensino fundamental, estudavam em escolas particulares, nas melhores; os pobres estudavam na escola pública. Quando tinham que ir pra universidade, quem ia para universidades públicas eram os mais ricos e os mais pobres tinham que ir pra privada.

Acontece que, quando o pobre passava no vestibular que ia pra uma universidade privada, ele se deparava com a realidade, ele constatava no mês de fevereiro que ele não conseguia pagar a mensalidade. E aí o jovem, um menino ou uma menina, caía no desespero e perdia praticamente o sonho de estudar neste país.

Nós, companheiro Haddad, tivemos a ousadia de começar a mudar isso. Primeiro, quando a gente resolveu criar o REUNI, que não era nada mais do que tentar recuperar nossas universidades. Algumas, Marinho, os reitores não tinham dinheiro pra cortar a grama na porta da entrada da diretoria. Alguns não tinham. Nós tínhamos escolas do REUNI que previa a gente aumentar de 12 para 18 alunos por classe, por professor, e tinha gente que se rebelou. Sobretudo gente da alta, da fina flor da elite que frequentava a universidade, que achava que nós estávamos inchando as universidades e que ia ter muita gente na sala de aula e que ia cair a qualidade do ensino.  Aí você sabe que quebraram reitoria, invadiram prédio, tentaram bater em reitores pra que a gente não aprovasse essa emenda. E graças a Deus foi aprovada. E no primeiro ano, a gente saiu dos 113 mil, como disse o Haddad, para 227 mil, ou seja, dobramos o número de matrículas novas nas universidades federais.

Depois, outra ideia genial, foi o REUNI… o PROUNI. Eu sempre agradeço à UNE, porque a UNE sempre esteve ajudando a gente a construir, que um monte de gente dizia que a gente ia facilitar a vida dessas universidades privadas, quando, na verdade, o que nós fizemos, com uma sacada inteligente, não sei se do Fernando Haddad ou da mulher dele, o dado concreto é que chegou a mim por ele, é que era possível a gente trocar as dívidas que as universidades tinham com imposto por vagas pra pobre na universidade. E, aí sim, nós começamos a fazer uma verdadeira revolução neste país. E que, pela primeira vez, os pobres das periferias, os filhos de empregada doméstica, os filhos de ajudante de pedreiro, os filhos de limpador de cemitério, sabe, lá de São Paulo, as pessoas mais humildes tiveram oportunidade de entrar numa universidade com uma bolsa do PROUNI. E a gente hoje vê, pobres estudando Medicina, estudando Engenharia, estudando Filosofia, estudando Psicologia. Já são mais de 1 milhão e meio de jovens e eu acho que ainda é pouco, em função da dívida que nós temos com a sociedade brasileira.

Da mesma forma, o Fernando Haddad sabe quantos anos nós brigamos pra tentar resolver o problema do crédito educativo. Eu cheguei a pensar, gente, eu cheguei a pensar em conversar com o Conselho Curador do Fundo de Garantia pra saber se a gente podia pegar um pouco de dinheiro do Fundo de Garantia pra educar o filho do trabalhador que era dono do Fundo de Garantia. Chegamos a pensar isso. Você não sabe quantas pessoas nós tentamos ponderar para que a gente criasse condições de financiar, porque o coitado do estudante não tinha credibilidade pra fazer o financiamento. Coitado do moleque. Nem o pai dele confia nele pra ser avalista dele. Então ele não conseguia estudar. Ele ia na Caixa pegar o empréstimo. “Quem vai pagar?” “Não sei.” “Então não vai…”

Então, a ideia genial, que, numa discussão feia que nós tivemos no começo do partido, partiu do Haddad, de Dilma e de tantas outras pessoas, nós chegamos à conclusão de que o Estado brasileiro tinha obrigação, da mesma forma que ele confia no empresário pra investir 5 bilhões, ele tinha que confiar na juventude brasileira e financiar a sua educação. E é por isso que nós conseguimos colocar, em menos de 13 anos, Haddad, mais estudantes na universidade do que a elite brasileira colocou em um século.

É por isso, eu digo que aí está um pouco da explicação, um pouco das coisas que eles têm contra nós. Da mesma forma que todas as escolas técnicas… O Haddad se lembra, em 98 eles tinham feito uma lei, Guimarães, tinham aprovado no Congresso Nacional uma lei dizendo que o Estado não iria mais assumir a responsabilidade pelo ensino técnico. E inventaram que ia ser criada a OSCIPs pra poder cuidar do ensino técnico. Acontece que quase ninguém quis criar a escola técnica. Quando nós entramos, nós revogamos a lei. Fizemos outra lei. E nós, vejam: a primeira escola técnica tinha sido feita em 1909, na cidade de Campos dos Goytacazes, no Rio de Janeiro, pelo presidente Nilo Peçanha.  De lá até nós chegarmos à Presidência, eles fizeram 140. Em quase cem anos fizeram 140. Nós, em apenas três anos, já fizemos 422 escolas técnicas, o triplo do que eles fizeram em cem anos. E ainda, logo depois da posse da presidenta Dilma, ela lança, ainda o Haddad era ministro, quando lança o Pronatec. E o Pronatec, o ano passado, formou quase 8 milhões de jovens, dando a eles a iniciativa profissional.

Certamente uma pessoa mais estudada, que tem mais possibilidade, não saiba o significado de um curso profissional por mais elementar que seja. Eu conto pra incentivar as pessoas. Eu tenho oito irmãos. Eu fui o primeiro a ter uma profissão. Eu fui o primeiro a ter um diploma primário, eu fui o primeiro a ter um diploma. Por conta disso, eu fui o primeiro a ter uma casa, a ter uma geladeira, a ter um carro. Fui o primeiro a virar presidente de sindicato e primeiro a virar presidente da República. Tá certo que eu não tenho mais irmão pra ser. Mas quem sabe vocês possam ter? E aí, ó, quem não se formou ainda e tá no curso do PRONATEC, aguenta, meu filho. O mundo não perdoa quem não vai à luta, meu filho.

Aí o Haddad veio com a ideia de criar a universidade aberta, para que a gente pudesse formar professores nesse país e qualificar os professores. Porque aqui, eu quero dizer uma coisa: quando a gente fala em melhorar a educação é preciso que nenhum secretário da Educação, nenhum prefeito, nenhum presidente da República, nenhum ministro da Educação, nenhum governador ache que os professores brasileiros ganham salário suficiente em função da qualidade do trabalho deles. Ou seja, muitas vezes a gente cria um filho dentro de casa acha que ele dá trabalho. E as professoras, muitas vezes, criam 40 filhos dos outros dentro de uma sala de aula, com todo tipo de problema. E acabou o tempo em que tinha música homenageando o professorzinho, acabou o tempo. Hoje, quem dá aula na periferia desse país sabe que a luta é brava, sabe que é um esforço. Professor que apanha, professor que é agredido, escola que é depredada.

E aí o “Pátria Educadora” ensina as pessoas que não pode quebrar a escola, não pode fazer coco na caixa d’água, não pode quebrar a tampa da caixa d’água, não pode quebrar os vidros nas férias. Tudo isso faz parte do processo de educação nesse país, que eu acho que a Dilma acertou, quando ela colocou como slogan, no seu segundo mandato, a questão do “Pátria Educadora”.

Também criamos o FUNDEB, uma coisa que nós descobrimos. Houve a universalização do Ensino Fundamental no Governo passado, é verdade. Só que eles esqueceram que, quando a criança termina o Ensino Fundamental, a criança quer fazer o segundo grau. E nós tínhamos nove estados do Nordeste que tinha falta de escolas do ensino técnico. Por isso nós criamos o FUNDEB para promover o equilíbrio e tentar garantir que os estados mais pobres desse país pudessem ter acesso a recursos pra poder recuperar o atraso.

A questão do salário… do orçamento do MEC. Nós triplicamos o orçamento do MEC. Saímos de 30 bilhões pra cento e não sei quantos bilhões agora. Tá certo que agora na crise deve ter tido um tiquinho de nada, mas vai sair. Isso é que nem ovo de galinha: vai cacarejar, vai devagarinho, mas vai sair dinheiro. Pode estar certo que vai sair dinheiro pra Educação. Vai haver muita coisa pra sair dinheiro. Pois bem, além disso, eu acho que nós fizemos uma coisa muito importante.

Quando eu digo nós, não é apenas o Lula com a presidenta Dilma, que era ministra, não. O Haddad que era… Acho que todos nós tivemos responsabilidade em garantir que o Pré-Sal é um passaporte para o futuro deste país e que a gente deve garantir 75dos royalties para a Educação e 50% do Fundo do Pré-Sal. Eu acho que isso é muito importante, porque é a chance que a gente tem de, no Século 21, a gente recuperar o atraso que nós submetemos o povo brasileiro nos séculos anteriores. Portanto, eu estou convencido que nós estamos com uma tarefa boa.

O resultado… Veja que interessante, veja que interessante. Eu vou contar só um caso pra vocês. Em 2004, eu, o Haddad e o Tarso Genro, acho que ele tava ainda no Governo, não sei se ele tava, fomos conversar com uma moça chamada Suely Druck, que era… A Sueli era uma companheira que era do Instituto de Matemática Aplicada, era isso? E era responsável pela Olimpíada da Matemática. E ela pediu pra Clara pra ela vir conversar comigo, que ela queria me apresentar o que era a Olimpíada da Matemática.

Naquele tempo, a Olimpíada da Matemática era só em escolas privadas. E o estado do Piauí era um estado que tinha muitos alunos e muitas medalhas de ouro. E o estado do Ceará. E aí na conversa que ela me apresentou, trouxe aluno, nós resolvemos discutir com ela a tentativa de levar a Olimpíada da Matemática pra escola pública. Sabe o que que falavam, Paulo? Sabe o que que falavam, Pimenta? Não, não dá certo… não dá certo. A escola pública ninguém vai querer fazer, ninguém vai querer fazer. Fizemos. Acho que, no primeiro ano, se inscreveram acho que nove milhões, no segundo 14, no terceiro 16, depois 17, depois chegou a 20. Agora tá 18. Agora tá 18 a Olimpíada da Matemática.

E veja o que acontece, veja o que acontece com a Olimpíada da Matemática: já tem 47 mil escolas inscritas; dos 5.570 municípios, apenas 32 não se inscreveram nessas Olimpíadas. E a Dilma foi, não sei se vocês já foram entregar medalha de ouro, você vai ficar emocionado de você ver que a molecada, que a gente pensa que não gosta de matemática, ela quer ter aula de domingo nas escolas pra aprender matemática. A de Português tá mixuruca, viu?

Mas a primeira que nós fizemos, em convênio com o Itaú, que era quem tinha experiência, chegou a seis milhões. Estaria 60 e nós não sabemos, Janine, por que que não andou a Olimpíada de Português e porque que não andou a Olimpíada de Ciências. Elas têm que andar, porque em todo curso, todo mundo fala: não, porque a criança está na escola, porque não aprende a ler, porque a criança não porque não sabe interpretar uma redação, não sabe interpretar, porque não sabe escrever. A gente criou a Olimpíada pra motivar e no primeiro ano foram 6 milhões de pessoas. Então agora fiquei sabendo que tá bem murchinha. Ô, Janine , dá uma olhada nisso? Porque esse negócio, eu não sei se é porque (inaudível 35:42)  mas eu acho que eles tiveram uma boa participação conosco, eu acho que era importante você procurar pra saber o que que tá acontecendo na Olimpíada de Português. 

  Bem, nós fizemos tudo isso e muito mais para mudar o quadro do ensino público no Brasil, mas creio que o mais importante, para o futuro do país, foi termos aprovado no Congresso o Plano Nacional de Educação. E este é o plano que nos levará a fazer muito mais.

  Quando a companheira Dilma adotou o lema “Pátria Educadora”, ela, no fundo, no fundo, estava dando o sinal para uma nova mobilização de toda a sociedade brasileira. 

Cabe ao nosso partido, e vou reiterar aqui, cabe ao PT levantar bem alto essa bandeira, porque nós somos o partido da mudança. Cada um de nós tem de se tornar um militante dessa causa, olhando para o futuro, como sempre fizemos ao longo de nossa trajetória. 

  O principal instrumento dessa luta é o Plano Nacional de Educação, que institui o Sistema Nacional de Educação. É o caminho para articular, de forma coerente e democrática, as diversas iniciativas voltadas para a educação em todos os níveis: União, estados e municípios. 

   Trata-se de promover um grande pacto federativo em torno da educação, envolvendo todos os aspectos: do financiamento até a divisão de responsabilidades, da definição de currículos até a formação e qualificação de professores, da gestão democrática à formação da cidadania. 

  O Plano Nacional de Educação sempre foi um anseio da sociedade brasileira que nós, depois de intensos debates, encaminhamos ao Congresso Nacional em 2010. Durante quatro anos… quando eu era mais novo, Haddad, eu tomava um conhaque, a minha garganta sarava; agora, já vi que água não é pra isso.  Durante quatro anos, o plano foi discutido, aperfeiçoado e finalmente aprovado em julho do ano passado, quando a nossa querida presidenta Dilma o sancionou.

  O Plano, na verdade se transformou numa lei que aponta objetivos, metas e prazos para serem cumpridos. Uma das metas mais importantes é universalizar o acesso ao ensino dos 4 aos 16 anos de idade, e ela deve ser cumprida até o próximo ano, Janine. Essa é uma meta que a gente já sabe que a cobra vai pegar. É um objetivo que exige diálogo construtivo do governo federal com os governos estaduais e municipais.

Eu sei que o Bin tá aqui. O Bin é um dos coordenadores dessa área que vai ter que trabalhar muito baixinho, muito, muito. O Brasil é maior do que o Acre, tem mais professor do que o Acre. Então vamos ter que começar pelos governos estaduais e municipais para encontrar os recursos e aplicá-los da melhor maneira possível. Bin, essa é uma tarefa que, se a gente aceitar a ideia de, cada um que a gente vai conversar, dizer que não tem dinheiro e a gente falar “então não dá”, a gente tá machucado. Ou seja, ao invés da gente discutir que não tem dinheiro, é discutir como encontrar o dinheiro pra gente cumprir o plano de metas.

  A escola pública que nós queremos tem que ser a melhor escola, ou não estaremos garantindo oportunidades iguais para todos. Tem de ser tão boa que os prefeitos e os governadores têm que matricular seus filhos e netos na escola pública.

Essa é uma brincadeira que eu faço, gente. Você chega numa cidade aí você fala com o prefeito: “Como é que tá a escola da tua cidade?” “Fantástica!” “É boa?” “É boa.” “Extraordinária?” “Extraordinária.” Aí você pergunta: “Teu filho, aonde estuda?” “Ah, ele tá numa particular.” Eu… Nós vamos começar a testar daqui pra frente. Quando chegar numa cidade, a primeira coisa que eu vou perguntar é se o filho do prefeito tá na escola pública. Se o filho do secretário da educação está na escola pública. Porque se ela é boa e é de qualidade e o filho do prefeito não tá, do vereador não tá, algo tá errado. Alguém não tá contando a verdade pra mim.

Então, essa é mais uma tarefa que nós vamos ter daqui pra frente. Pode se preparar, Índio, pode se preparar. Se eu chegar lá e perguntar: “Ô, Wellington, como é que tá?” “Tá maravilhosa, tá extraordinária!” Eu vou perguntar “onde é que cê tá estudando?” pro teu neto.

Bem, eu acho, eu acho que nós temos que fazer isso. Nós já tivemos e ainda temos muitos exemplos de escola pública de qualidade no Brasil, mas isso sempre foi para poucos. Eu lembro que, no Brasil – Janine, você muito mais do que eu, o Cortella também – os grandes intelectuais brasileiros são todos oriundos de escola pública no Ensino Fundamental, os grandes intelectuais. Sabe, porque era de qualidade. Tinha escola em São Paulo que era fantástica, tinha no Rio de Janeiro que era extraordinária, parecia universidade, melhor do que as francesas, inglesas. Mas era pra 5% da população, 3%. Não era pra todo mundo. Então, nós, hoje universalizamos o acesso à escola, mas nós sabemos que falta universalizar a qualidade da educação, né, Haddad, fazer as coisas avançarem muito e muito mais.

  O governo do PT deve dar exemplo e se empenhar ao máximo pelas metas do PNE. E deve engajar a sociedade, identificando os problemas, debatendo as soluções e buscando os recursos. 

  E sendo ou não sendo governo, temos de engajar os nossos deputados e vereadores, convocar os outros partidos, trabalhar com os sindicatos, os movimentos sociais, as igrejas, os meios de comunicação, para cobrar e contribuir com o cumprimento das metas.

  Numa sociedade democrática, a escola é um espaço de todos, não apenas de alunos e professores. Muitas vezes as escolas, as pessoas… Certamente o Paulo reclama da escola de Alagoas: “Ah, não é bom o Ensino Fundamental, a escola é ruim”. Nunca foi lá. Nunca foi visitar a escola.

A verdade é essa. Quantos de nós, quantos de nós já foi visitar uma escola no bairro, pra ver como é que é a escola, pra ver a qualidade dos professores e dos diretores? Pra ver a qualidade? Não. A verdade é que nós não frequentamos as escolas. Quantos sabem exatamente o que acontece? Quais são as dificuldades, quais são as novas ideias, como está o ânimo dos professores e o desempenho dos alunos? Quantos conhecem o currículo, o que está sendo ensinado?

Parece que não é da nossa conta. A escola do seu bairro parece que não é da sua conta. A do meu bairro parece… Eu morava no Jardim Lavínia, encostado a uma escola, encostado. O cara que me vendeu a casa pra mim, vendeu porque os alunos da escola quebravam os vidros da casa dele. Ou seja, todos os meus filhos estudaram naquela escola do Jardim Lavínia: Rua Maria Azevedo, 273, Jardim Lavínia, São Bernardo do Campo, Marisa conhece bem. Eu nunca fui na escola. Como é que eu posso cobrar de alguém, se eu nunca fui na escola? Então, eu tô querendo me redimir da minha falha pra pedir pra vocês: não façam como eu. Façam muito melhor e vão visitar a escola do bairro de vocês. 

  A escola é, na verdade… O que nós queremos com esse programa, é transformar a escola num espaço da sociedade. O primeiro de todos. E o militante do PT tem de participar desse espaço, como participa de outros movimentos. É assim que atua o verdadeiro militante, que diz que é revolucionário, que quer construir uma sociedade mais justa, mais igualitária, uma sociedade socialista e por aí afora. Discurso é o que não falta.

Bem, queridos companheiros e companheiras, nenhum país do mundo tornou-se um melhor sem ter elevado o acesso e a qualidade do ensino para seu povo. Nenhuma grande economia pode abrir mão de fortes investimentos em tecnologia, ciência e inovação. E o Brasil não pode ficar para trás nessa corrida.

  Ao defender o PNE e o “Pátria Educadora”, estamos levantando a bandeira do futuro e garantindo as grandes conquistas que alcançamos com o povo brasileiro. Esta é a bandeira capaz de unir a sociedade brasileira, mais uma vez, em torno de uma causa necessária, urgente e justa. Foi assim na luta pela democracia, e foi assim na luta para acabar com a fome. Espero que o dia de hoje seja o ponto de partida de uma série de mobilizações em torno dessa grande causa.

  O PT, como já disse, tem uma responsabilidade histórica. Nosso partido lutou ao lado do povo quando tínhamos fome de liberdade e democracia. Mobilizou-se, ao lado deste país, para acabarmos com fome de alimentos. Nossa tarefa, de hoje em diante, é mobilizar a sociedade para acabarmos com a fome de conhecimento e dar mais um passo na construção de um país melhor, mais igual e mais justo. Essa é a nossa tarefa.

O Haddad lembrou uma coisa… Na primeira reunião que nós fizemos, o Haddad lembrou uma coisa que era o seguinte: quando foi pensado as 20 metas, foi pensado de uma forma, que aquelas 20 metas pudesse ser feito um cartaz, e esse cartaz ser colocado em todos os ônibus, para que qualquer passageiro entre no ônibus e veja lá que ele tem direito à educação, que tem um plano de metas, e que, portanto, ele pode cobrar do seu prefeito; pra ser colocado na igreja, pra ser colocado em cada banco, em cada loja, em cada espaço dentro de uma fábrica. É pro sindicato assumir essa bandeira, porque o sindicato não briga apenas por aumento de salário. O sindicato também briga por melhor educação, porque o melhor emprego que ele deseja, o maior salário que ele deseja, o Brasil ser mais competitivo, depende de mais educação para garantir igualdade aos nossos jovens que querem estudar.

E por isso, queridos companheiros, quero dedicar esse meu discurso ao companheiro Vagner, da CUT, que ontem, que ontem, que ontem cometeu uma frase que certamente ele não queria cometer. Sabe, eu queria dizer pro Vagner: Vagner, esse plano de meta, esse Plano Nacional de Educação é a grande arma que a CUT tem que usar pra mudar a história desse país.

Não existe nada mais importante do que a educação pra fazer a revolução que nós tanto sonhamos nesse país. Por isso, queridos companheiros e companheiras, é uma tarefa do nosso partido, é uma tarefa. Em cada cidade desse país, aonde somos governo, colocar em prática, Haddad, aonde somos oposição, exigir que os que estão governando coloquem em prática. Em cada lugar que a gente mora, começar a consultar como é que estão as escolas, pra saber como estão os nossos filhos, como estão os nossos netos. Porque eu penso que, se a gente criar uma consciência nacional, a gente vai trazer de volta, para a escola pública… A gente vai trazer de volta, para a escola pública, a classe média brasileira. E eu estou convencido que, quando a classe média brasileira perceber que a escola pública do seu bairro tá oferecendo uma escola de qualidade, ela voltará a se interessar a ter espaço na escola pública para o seu filho. E aí, quem sabe, teremos resolvido o nosso problema.

Eu não tenho nada contra as escolas particulares, nada. Mas o que eu quero é que o Estado assuma a sua responsabilidade de cuidar da educação do seu povo.

Um abraço, gente, e vamos à luta!

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