O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou, na manhã desta sexta-feira (20), da reunião da diretoria plena do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em que os diretores de base apresentaram as avaliações que têm recolhido junto aos trabalhadores sobre o atual momento político e econômico do Brasil. Ao lado do presidente da entidade, Rafael Marques, do vice Aroaldo Oliveira da Silva, e da diretora Ana Nice, Lula ouviu os relatos de 20 diretores por cerca de 1h30, tomou nota e realizou uma fala curta sobre os próximos passos da luta pela garantia de conquistas e direitos.
Os trabalhadores falaram sobre a decisão da CUT de não participar da primeira reunião convocada pelo governo interino de Michel temer (PMDB), as formas de manter a atuação classista e reforçar a luta política que está sendo liderada, neste momento, pelos coletivos de mulheres, e saídas para a crise econômica e para o impasse político — como a proposta de novas eleições gerais.
Lula iniciou sua fala com uma autocrítica sobre a preferência do PT e dos governos petistas em atingir resultados econômicos em detrimento da formação política dos trabalhadores. “Quando a gente só pensa no resultado, e não na política, você não faz muita diferença entre os candidatos, os governos. A extrema esquerda e a extrema direita podem levantar um monte de viadutos, do mesmo jeito. O que faz diferença são as relações que você estabelece com a sociedade organizada do país, e disso tenho muito orgulho. Fizemos 74 conferências nacionais, que começavam elegendo delegado em conferência municipal, depois na estadual, e depois para a conferência nacional, das quais eu participei de pelo menos 70. É uma relação de confiança. Não fui eleito para fazer o que eu queria, mas o que quem me elegeu queria”, afirmou.
Lula criticou ainda a mudança radical no rumo da gestão pública com a gestão interina de Temer. “O maior golpe que este governo deu foi contra o Senado. Não foi isso que o Senado decidiu, não foi o impeachment, eles não podem dar de barato que já venceram. Porque é como se a Dilma estivesse viajando, ela está afastada, mas é a presidenta. Bastam seis senadores para que o impeachment não passe. E se a Dilma volta daqui um mês, vai ter de desfazer tudo que eles fizeram?”, ponderou.
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